Tecer é um dos ritmos elementares da natureza como também o andar, nadar, respirar, amar. A internet com a sua rede web é fascinante, mas é só uma parte do universo do grande tecelão que inclui o mundo orgânico e inorgânico com os seus átomos. Os mitos dos povos antigos e atuais alcançam este mundo mais profundo, mais elementar. Na Índia, a aranha é associada a MAIA, a tecedora do véu das ilusões e a aranha em sua teia é um símbolo do centro do mundo, símbolo do equilíbrio da vida no universo, destruindo e construindo sem cessar. Na Idade Média havia lendas que falam como uma aranha salvou dos seus inimigos, por exemplo, Jesus e Maomé.
Uma vez um homem foi perseguido por assassinos. Fugindo deles entrou num atalho dentro da mata. Desesperado pediu a Deus que mandasse dois anjos para protegê-lo tapando o caminho. Mas ele viu só uma pequena aranha tecendo uma teia na entrada do atalho. Os assassinos se aproximaram, já perto do atalho. Ele ficou bravo com Deus. “Eu pedi dois anjos para tapar o caminho, pedi que fizesse um muro de proteção, mas você mandou uma pequena aranha.” Quando os assassinos queriam pegar o caminho do atalho um deles falou: “O homem que queremos matar não andou por aqui.
Não estão vendo a teia da aranha na entrada do atalho?” E foram embora.
A natureza pode nós ensinar muito. Os povos indígenas sabem disso muito bem. Eles sabem do tecido universal, da inter-relação de tudo e de todos. Eles respeitam e celebram nos seus ritos o Grande Tecelão para que todos, os seres humanos, os animais e a natureza em geral, possam viver. Não somos tecelões do universo, somos apenas fios da teia da vida. Ted Perry tem razão: “O homem não teceu a teia da vida, ele é apenas um fio dela. Tudo que ele faz à teia, ele faz a si mesmo.”
Walter Sass, Carauari-AM