Dias atrás, na época do Natal, procurei destacar o compromisso civil de José e Maria que, mesmo grávidos, viajaram de Nazaré a Belém para cumprir suas obrigações com o censo. Por isso, Jesus nasceu numa estrebaria, pois não havia lugar nas hospedarias. Hoje destaco o compromisso religioso após o nascimento do primogênito. De repente, pode parecer estranho ouvir isso: O casal sagrado não era “cristão”. Sim, eles geraram o Filho de Deus, que deu origem à fé cristã. Contudo, como família, eles seguiam a fé judaica. Então, segundo a tradição, ao 8º dia, o menino foi circuncidado numa cerimônia religiosa na sinagoga de Belém. Com cantos e orações, o “moshel” (pessoa preparada à cirurgia) cortou o prepúcio como ordenado pelo Senhor a Abraão (Gênesis 17). Neste ato litúrgico, o menino recebeu o nome de Jesus, que significa “o Senhor salva”. Segundo a lei, a partir deste momento, Jesus foi incluído na aliança de Deus. Como cristãos, hoje celebramos o Batismo, onde a criança passa a integrar a Igreja, corpo de Cristo. Em seguida, outra tradição foi observada por José e Maria. Porém, agora ocorreu no templo de Jerusalém, sob as barbas do cruel Herodes, que vivia no palácio. Após os 40 dias da purificação do parto, o casal apresentou uma oferta de “resgate” pelo primogênito. A tradição remota à libertação da escravidão no Egito, onde o anjo da morte levou o primogênito de cada casa. Escaparam da morte, as famílias onde o sangue do cordeiro foi aspergido à porta. Agora, segundo a tradição, as famílias ofereciam um sacrifício de sangue pelo nascimento do primeiro filho. José e Maria, que eram pobres, fizeram a menor oferta: Dois pombinhos. A partir deste fato, denota-se que a visita dos magos orientais e a perseguição de Herodes aos meninos aconteceu após a circuncisão e a apresentação no templo.
Com Aleixo Mendes, “Herança”...