Trabalho de mulheres na IECLB - o leque se abre cada vez mais
Ingelore S. Koch
Até alguns anos atrás — 10, 15 anos, quem sabe... — havia, na IECLB, um único grupo de mulheres organizadas, trabalhando com abnegação e grande amor pela Igreja: a OASE (Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas). Com seus 100 anos comemorados em agosto de 1999, em Rio Claro (SP), onde surgiu o primeiro grupo em 1899, a OASE se constitui no maior grupo de mulheres luteranas na América Latina, com mais de 38 mil filiadas. A OASE é uma oferta de auxílio mútuo para a participação ativa de mulheres na vida da comunidade dentro de seu lema comunhão, testemunho e serviço.
As mudanças ocorridas na sociedade brasileira nas últimas décadas, porém, levaram grandes contingentes de mulheres a trabalharem fora de casa — na indústria, no comércio e como profissionais liberais. Por um lado, pela necessidade de contribuir financeiramente para o orçamento familiar, mas também em razão do próprio desejo da mulher, o de seguir a sua vocação profissional. Em decorrência, muitíssimas mulheres já não conseguem participar de um trabalho com reuniões semanais, em horário de trabalho.
No contexto, o leque foi abrindo. Novos grupos foram surgindo, grupos peque-nos, é bem verdade, mas como uma forma de congregar mulheres com necessidades bem específicas. Entre eles estão o das Mulheres Singulares, que congrega solteiras, separadas, divorciadas, viúvas — nas comunidades da IECLB da Grande Porto Alegre, por exemplo, há vários destes grupos e alguns são ecumênicos; das Profissionais Cristãs — um dos mais antigos surgiu na Comunidade Evangélica de Joinville (SC), a partir da participação num encontro ecumênico de adultos solteiros em 1983; o das Mulheres Atingidas pelas Barragens; das Mulheres Agricultoras; das Mulheres da Pastoral Popular Luterana (PPL), das Obreiras (pastoras, catequistas, obreiras diaconais...), Farmácia Caseira, Alimentação Alternativa... Em grande parte por iniciativa da OASE, surgiram muitos grupos de 3ª. Idade e de Dança Sênior, muitos deles mistos.
Incentivo da FLM
Em 1990, por ocasião da 8ª. Assembleia da Federação Luterana Mundial (FLM), em Curitiba, houve uma preocupação especial com os assuntos relacionados à mulher. Para auxiliar nesta reflexão, foi criado um espaço especial denominado de Recanto, onde mulheres de muitas nacionalidades, raças e culturas discutiam e planejavam. Nesta mesma Assembleia, a FLM propôs que, a partir de então, as igrejas indicassem no mínimo 40% de mulheres para os cargos decisórios. Ainda em maio de 1990, realizou-se a primeira reunião com representantes dos diversos segmentos femininos da IECLB. Reuniões se sucederam e lentamente caminhou-se em direção à discussão sobre o papel da mulher. O objetivo foi congregá-la, oferecendo-lhe um espaço para o diálogo; oferecer oportunidade para a troca de experiências e informações; oportunizar uma maior atuação na IECLB; conscientizar a mulher da sua importância na participação na Igreja, na família e na sociedade.
Fórum da Mulher
Esta proposta de congregação desembocou no Fórum de Reflexão da Mulher Luterana, que já realizou cinco fóruns nacionais. O primeiro se reuniu em 1995, em Porto Alegre; o segundo, em 1996, em Curitiba; o terceiro, em 1997, em Joinville (SC); o quarto, em 1998, em Campinas, e o quinto, em São Leopoldo (RS), em março de 2000. Foi no encontro de Campinas que se tomou a decisão de formar núcleos sinodais do Fórum.
Ainda em 98 a ideia dos núcleos se tornou concreta na Grande Porto Alegre, no Sínodo Rio dos Sinos. O núcleo passou a ter reuniões mensais em Porto Alegre, na sede da IECLB, onde há também uma sala à disposição do Fórum. As reuniões do núcleo acontecem na manhã de cada segunda segunda-feira do mês, sempre com palestra e reflexão sobre um tema sugerido pelo grupo. Há, inclusive, plantão nas quartas-feiras à tarde na sala do Fórum.
No 5° Fórum, realizado sob o tema Água — até quando?, as participantes, que representaram 16 sínodos dos 18 sínodos da IECLB, receberam a incumbência de organizar fóruns sinodais sob o mesmo tema ao longo de 2001.
Com participação decisiva das mulheres da IECLB, ocorrem outros dois importantes trabalhos ecumênicos, de abrangência mundial, no Brasil: o Dia Mundial da Oração (DMO), celebrado sempre na primeira sexta-feira do mês de março, e a Década Ecumênica de Solidariedade das Igrejas com as Mulheres. A Década foi instituída pelo Conselho Mundial de Igrejas em 1988 e encerrada em 1998. Para dar continuidade à proposta, está em andamento o trabalho da Nova Década.
Não há dúvidas: grande número de mulheres já achou o seu espaço na IECLB e realiza um trabalho imensurável. Mas também é verdade que ainda são muitas as que ainda não foram cativadas. É, pois, preciso achar formas de engajá-las.
A autora é jornalista e reside em São Leopoldo, RS
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