No dia 10 de junho, quando da abertura da Copa do Mundo, as apresentações musicais foram especiais. Os protagonistas colocaram imagens de contrastes, além de sons e textos do continente africano, marcado por uma história de fome, doenças e de colonialismo opressor. Emocionante foi a saudação e curiosos os gestos alegres e originais do bispo anglicano Desmond Tutu, o prêmio Nobel da Paz em 1984. Lembrou a luta do líder negro Nelson Mandela contra a segregação racial na África do Sul. Nas entrelinhas do grande evento esportivo, transpareceu forte o clamor, em favor da cultura da paz, assim como o apelo pelo gol da vitória contra o analfabetismo e a torcida em favor da vida digna do povo africano. Um grande evento esportivo é capaz de mexer com nações inteiras, inspirando transformação social e promovendo novas consciências. As razões podem ser diferentes, porém, o testemunho dos líderes, de atores e atrizes no palco, de esportistas no campo, diante de milhões de espectadores, harmoniza com o testemunho que nasce da fé em Jesus Cristo. Atitudes solidárias e o respeito mútuo, somados ao espírito fraterno, desembocam em rios de felicidade e de vida abundante e digna para todos.
Grandes eventos podem emitir belos sinais de esperança, em meio a um mundo contaminado por conflitos e crises de valores e de convicções. Bato palmas diante da possibilidade de investirmos juntos, em comunhão de fé reconciliada, em busca da Igreja da Esperança. Não deixa de ser um belo testemunho ecumênico! A esperança na família cristã, fruto da Páscoa, não é algo produzido, tampouco objeto de consumo nem mercadoria para negociar. Somente se pode viver em esperança e agir de acordo com a verdade e a liberdade, que dela emana.
Caminhar torcendo por unidade é o propósito da Igreja cristã, que não ignora as suas particularidades. O cristianismo é posto à prova e o seu rosto é inequívoco quando se trata da escolha entre paz e guerra ou quando o jogo dos poderosos contradiz com a solidariedade e com a justiça. Enquanto a ética cristã firma a paz e a comunhão, o fracionamento de povos e de confissões religiosas produz egoísmo, promove desconfiança e concorrência.
O Deus da família cristã faz do espírito da boa vontade e da convivência pacífica a determinar, por exemplo, uma Copa da Fifa, um belo exemplo que torce por unidade e aproxima irmãos e irmãs diferentes.
P. Sinodal Manfredo Siegle
Publicado em A Notícia - edição de 7/7/2010