Testemunho

02/08/2007

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Querida e querido internauta.

Hoje quero iniciar esta meditação citando uma pequena história que encontramos num livrinho chamado Conta Outra - histórias para sermões e estudos criativos, de autoria do pastor batista João Soares da Fonseca.

 


Livre sem saber

George Sweeting, em seu livro Guia para testemunhar sem culpa, conta de um homem chamado John Currier, que em 1949 foi condenado por assassinato à prisão perpétua. Algum tempo depois Currier obtinha os favores da prisão condicional, passando a trabalhar numa fazenda perto de Nashville, no Tennessee.

Em 1968 a prisão de Currier foi suspensa, e uma carta lhe foi enviada comunicando as boas notícias. Ocorre que Currier nunca recebeu essa carta; nada lhe foi dito sobre o assunto. A vida na fazenda era difícil e sem promessa de futuro. O prisioneiro, entretanto, continuava trabalhando, mesmo depois da morte do dono da fazenda.

Dez anos se passaram. Um dia, um oficial de justiça soube do caso de Currier e foi procurá-lo. Contou que sua sentença fora suspensa. Ele agora era um homem livre.

Sweeting conclui a história perguntando: Você se importaria se alguém lhe mandasse uma mensagem tão importante - a mais importante de sua vida - e anos após anos a urgente mensagem nunca lhe fosse entregue?

Nós, que já ouvimos as boas novas e experimentamos a liberdade que há em Cristo, somos responsáveis por proclamá-las aos outros que ainda estão escravizados pelo pecado. Estamos fazendo tudo que podemos para que as pessoas recebam esse comunicado?

 

Talvez esta história não se encaixe exatamente o nosso linguajar luterano, mas, no mínimo, ela questiona a nós, luteranas e luteranos, em relação à frieza de nosso testemunho. Certos pecados precisam ser reconhecidos e após isto, confessados. E, como bons luteranos, afirmamos que um pecado confessado a partir de um reconhecimento sincero e puro nos faz experimentar a graça do perdão. Isto certamente é verdade!

Já muitas vezes entrei lá no fundo do meu íntimo e conversando com meus botões, perguntava-me por que nós, povo luterano, temos tanta dificuldade em testemunhar abertamente que Jesus Cristo é o nosso Senhor e Salvador, e mais, que esta vida levada junto a Cristo é maravilhosa.

Aos poucos meus botões iam sugerindo algumas respostas. Talvez seja porque, lá no início, nas primeiras migrações de luteranas e luteranos que vieram da Alemanha, este povo luterano trancafiou-se (ou foi trancafiado!) em guetos. E como tinham pouco ou nenhum contato com o povo nativo, por que testemunhar aos quatro ventos que Jesus é o nosso Senhor e Salvador, se todos do gueto o sabiam?

Mais tarde, este povo luterano foi sendo dispersado e obrigado a ir viver em outras bandas. Lá encontravam cristãos e cristãs que de forma exagerada gritavam expondo a todas pessoas sua fé. E como não concordavam com tamanho exagero e com tamanha gritaria, preferiram optar pela forma oposta ao que viam e ouviam: discrição absoluta e silêncio fúnebre.

Infelizmente hoje pagamos por esta atitude que reconhecemos como errada. Quando chegamos a uma cidade, a procura da nossa Igreja e perguntamos a alguém na rua: por favor, o sr. sabe me dizer onde é a Igreja Luterana? infelizmente teremos que muitas vezes escutar a seguinte resposta: Igreja o que? Igreja Luterana?!? Sei não, moço, mas ali, na próxima esquina tem uma igreja. É a igreja dos alemães (ou, dos gaúchos)!. E agradecemos e vamos adiante sem informar a ele que sim, essa ali é a minha Igreja Luterana!.

Como escrevi acima, após experimentarmos o perdão cabe a nós uma nova postura e uma nova atitude. Já chegou o tempo de darmos testemunho da nossa fé, de forma pública e corajosa. É com as pessoas com as quais trabalhamos, com as quais estudamos, com as quais passamos nossos momentos de lazer. Testemunhar Cristo é parte inerente da nossa fé.

Testemunhemos com alegria e convicção, sem exageros, pois, quem sabe, alguém que escute nosso testemunho encontre a alegria de viver em Cristo assim como nós experimentamos essa alegria hoje.

Triste será se, no futuro, alguém nos acusar de sermos responsáveis por nunca termos falado a ele das Boas Novas do Evangelho. Creio que aí vai pesar sobre nós.

Por outro lado, a alegria irá reinar quando, lá no futuro, alguém disser: foi graças a ele que experimentei uma vida boa e nova em Jesus Cristo. Creio que aí haverá festa no céu!


Um grande abraço,
Klaus Dieter Wirth, pastor.


Autor(a): Paróquia de Uberlândia
Âmbito: IECLB / Sinodo: Brasil Central / Paróquia: Uberlândia (MG)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7357
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