Estamos na semana em que se comemora o dia do trabalhador. Trabalhar quase todos nós sabemos, no entanto fazer de nosso emprego um lugar para servir a Deus nem sempre acontece. Quantas vezes usa-se a oportunidade de emprego para transgredir leis, tirar, proveitos próprios, desviar verbas e outras tantas coisas ilícitas.
Na atualidade se fazem muitos protestos, até que ponto são justos? Pensando em tudo isso escrevi esta pequena meditação sobre tentações, as quais surgem por toda parte. Convido a iniciarmos lendo o texto:
Leitura de Mateus 4. 1-10
Na Bíblia várias vezes aparecem tentações. O ser humano é tentado em Adão e Eva. Jó e tentado muitas vezes, e agora Jesus nos aparece sendo tentado. Nem mesmo Ele que foi sem pecado, ficou fora disso. Aliás ele tinha acabado de ser batizado, onde foi aclamado como Filho de Deus, por uma voz que vem dos céus, e então ele se dirige ao deserto, e então o Diabo vem e o tenta. Entre Jesus (o novo ser humano) e Adão (o velho ser humano), existe uma grande diferença. Um não resistiu a tentação, o outro sim. Um queria poder, ser igual a Deus, queria o bem próprio, foi egoísta. O outro foi obediente ao seu Pai. E na sua obediência ensina que ceder a tentação não é o melhor caminho. Se tivesse cedido, seria apenas mais um, mas como não cedeu, como não teve pecados, caminhou para a cruz, para lá pregar todas as tentações e assim nos ofertar o perdão dos pecados.
Jesus obedeceu a Deus, o Deus do primeiro mandamento.
Mas como vencer a tentação? O próprio Jesus nos ensina, quando ele no monte das Oliveiras, pede aos seus discípulos para vigiarem e orarem (Mc 14. 38). Lutero sugere ainda, a oração e a invocação do amparo de Deus, como ensina Jesus no Pai nosso, onde ensina pedir “Não nos deixes cair em tentação”.
Jesus empregou a frase “Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra de Deus”, quando estava só, como arma de defesa contra o Diabo. Jamais empregou-a como arma de ataque contra os pobres. Quando ele esteve com os famintos, não os consolou, mas lhes deu pão. Assumiu privação forçada. Assim, só tem direito a empregar hoje essa palavra quem estiver disposto a demonstrar em si mesmo que a palavra de Deus lhe é mais importante do que o pão, isto é, quem estiver disposto a partilhar do seu próprio pão e lutar pelo pão dos que não o têm.
A nós, as tentações estão em todas as partes, seja no dinheiro que passa em nossas mãos, seja na vontade de cumprir somente o que é meu interesse, seja na cobiça de bens alheios, etc...
(Silêncio para refletir; quais são as tentações que nos são apresentadas no dia-a-dia.)
A tentação é uma mentira bem contada que parece ser verdade. É como uma propaganda enganosa. Há tentações que são facilmente percebidas, como trapacear, roubar, adulterar, falar mal da vida alheia, poluir, invejar, corromper, fofocar. Há tentações das quais nem sempre nos damos conta. Em Tiago 4. 17 lemos: “Portanto, quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado”. Esta é a maior tentação: a omissão. Quantas vezes digo: Isto não é comigo, não vou me meter; não tenho nada a ver com isso, não tenho tempo para tanto...
Lutero sugeriu que sempre estamos Atolados na tentação; ele diz: “Isso não se modificará: temos de suportar tentações e até estar atolados nelas. Mas o que pedimos é que não caiamos e não nos afoguemos nelas. Sentir tentação, por conseguinte, é coisa bem diversa de consentir nela ou dar-lhe o nosso sim”. (Martim Lutero)
Jesus mostrou a Satanás que por mais que ele estivesse com fome naquele momento, ter um monte de pão não era a melhor solução. O tentador usou palavras de Deus para convencer, e Jesus replicou com palavras Divinas. Isso nos ensina que a tentação pode até ter cheiro agradável, mas pode ter gosto de angu, portanto, na obediência a Deus inspirados por sua força é necessário suportá-la, mas não ceder.
Que possamos nós fazer isto com a ajuda de Deus, baseados no exemplo de Jesus Cristo.
“Então o diabo foi embora, e vieram anjos e cuidaram de Jesus”. Mateus 4. 11. Amém.
P. Jonas Ronei Gunsch