Subsídio para a Mensagem
23 de agosto
Romanos 12.1-8
- Para informações sobre o texto bíblico sugerimos a leitura do PL 11 e 24.
- Algumas reflexões:
O texto bíblico de Romanos começa rogando pela misericórdia de Deus e pedindo que nos apresentemos como culto racional a Ele. Nosso corpo será apresentado como culto racional, coração e mente organizados sabendo e entendendo o que Deus quer e espera de nós.
O século, o mundo no qual estamos vivendo, não importa a quantidade de anos, cem ou mil anos, não deve ser para acomodação ou tempo de pensar e aceitar que a vida é assim mesmo. A nossa vida deve ser um culto racional. Vivamos cada dia como sendo o último e sempre como culto agradável e perfeito a vontade de Deus. Transforme o mundo a começar pelo seu coração e mente.
Independentemente do século ou período deste século, a palavra de Deus nos traz, faz brotar em nós a fé, mas antes nos transforma distribuindo dons a cada um e cada uma de nós. Dons diferentes para cada pessoa. O dom que nos permite desenvolver nossa identidade, quem somos, de quem somos e o que podemos oferecer.
Na Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, torna-se necessário ampliar os meios de comunicação e de recepção desta palavra de Deus que transformará a vida de cada pessoa. Num só corpo temos muitos membros. São diferentes, mas cada um com a sua função e especificidade. Qual a sua função e qual o seu dom específico? Pergunte a Deus.
Na fé também temos diferentes dons seja quando falamos ou agimos. Somos lidos, aprovados ou rejeitados por tantas pessoas. Temos a certeza é de que na fé, mesmo com nossas diferenças, fazemos parte do mesmo corpo. Não são as deficiências, as limitações que vão nos excluir, mas estas podem nos unir e nos aproximar como corpo de Cristo.
As diferenças, sejam elas físicas, sensoriais, intelectuais ou neurológicas, podem nos aproximar da graça e do amor de Deus. Amor que não define modelo ou padrão de corpo, mente ou espírito, mas pela palavra nos torna seus filhos e suas filhas, pessoas acolhidas por Deus. A diferença faz parte da criação de Deus. Quando Deus olhou para tudo o que criou ele verificou que tudo ficou bom. O seu fazer e agir ficou maravilhoso. Não cabe a nós julgar o fazer d’Ele.
Cada pessoa com seus dons pode contribuir para o corpo de Cristo: um sorriso, um abraço, um gesto, uma lágrima, um choro, um grito, um silêncio ou um ah! Nosso jeito de ser e forma de se comunicar oferece sacrifício vivo a Deus. Deus nos aceita e recebe como cada um, cada uma de nós é. Ora como templo, ora como palavra ou como algo em silêncio. Somos o templo vivo onde Deus se revela pela ação do seu Espírito Santo. Seja nas nossas alegrias ou dores, somos a expressão do seu amor. O que para muitos é uma incapacidade, Deus transforma numa oportunidade.
Como viver estas adversidades em tempos de pandemia? Como ser palavra de Deus neste distanciamento? Como fazer uso destes dons que Deus nos dá para os colocarmos a serviço do corpo de Cristo (a comunidade)?
Deus deixou claro que a obediência de coração é muito boa e saudável. Ele deseja que nos ofereçamos de coração como um sacrifício vivo. Mesmo em distanciamento social, podemos experimentar o amor e o carinho. Mensagens, língua de sinais, abraços virtuais, sinais do amor de Deus.
Somos sacerdotes e sacerdotisas em gratidão pelo perdão oferecido. Perdão pelo que não deveríamos ter feito, pensado ou falado, mas o fizemos. O apóstolo Paulo sabia dos riscos que enfrentaríamos e deixou o recado para os tempos de pandemia: Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente.
Ser palavra de Deus neste distanciamento requer, em primeiro lugar, renovar a mente. Ver e sentir aquilo que muitas outras pessoas nas suas mínimas condições veem e sentem. Perceber que, apesar da dificuldade que a outra pessoa parece enfrentar, ela poderá sempre contar com o seu dom, exclusividade sua.
O apóstolo Paulo usa o corpo humano sabendo das diferenças, impossibilidades para mostrar como podemos desenvolver mais os nossos dons mesmo em distanciamento. Deixe-se transformar por Deus em uma nova pessoa a partir da mente e do coração.
O evangelho nos orienta que precisamos nos conhecer para oferecer aquilo que em nós é possível, nos conhecer para entender o que são as necessidades da outra pessoa. Você não sente a dor da outra pessoa, mas pode ter empatia pelo que ela sente. A dor não pode ser medida ou transferida. Aprendemos a lidar com as limitações a cada dia.
Reconhecer a dor, orar pelas dores deste mundo também é um dom, o dom da oração. Cada pessoa recebeu o dom de algo ou para algo. Não pela fé, mas pela sabedoria e bondade de Deus. Os dons diferem pela natureza, poder e eficiência. São diferentes, mas todos preservam nossa identidade.
Use e abuse do WhatsApp, Facebook, aplicativos e abrace as pessoas com mensagens e imagens animadas. Chegue até a família, as pessoas cuidadoras. Se estas forem tocadas e animadas, você estará exercitando o seu dom de motivar pessoas para o melhor da criação: Cuidado!
O seu dom está em chegar com a preciosidade de Deus, a sua palavra quando declara que somos o seu filho amado, a sua filha amada. Todas as pessoas são amadas do jeito que são e todas são criaturas de Deus. Todas as pessoas têm limitações e elas servem para mostrar que vivemos numa interdependência, onde às vezes precisamos de ajuda e outras vezes podemos ajudar.
Neste tempo em que a comunicação é importante para que as pessoas não se sintam sozinhas, lembremos que há diferentes formas de nos comunicarmos e que todas as pessoas são dignas de serem alcançadas com a palavra de Deus. Que Deus dê sabedoria e conhecimentos para aperfeiçoar a comunicação da sua palavra para que ela seja acessível para todas as pessoas. Que nossos dons, a diversidade de dons do corpo de Cristo, estejam a serviço da proclamação do Evangelho que quer bem-estar para toda a sua criação.
Amém.
P. Erivelton Demari
Paróquia de Dourados
