Somos todos cidadãos
Uma nação se levanta quando seus habitantes confiam nela. Para essa confiança ser uma realidade concreta, é importante a consciência de igualdade fundamental entre as pessoas. Ora, o neoliberalismo tem tido uma força destruidora em relação a tal consciência, pela simples razão de que é excludente. Ele exclui da realidade atual mais totalizante que é o mercado. Além do mais, ele vem sobrepor-se a uma cultura ancestral em nosso país de que existem dois tipos de brasileiros: os superiores e os inferiores. Um fato horrendo — que visibilizou tal consciência —, foi o assassínio do índio Galdino por alguns jovens ricos de Brasília. Eles eram os superiores que podiam fazer a horrorosa brincadeira de queimar um mendigo, ele sim, inferior. Essa é nossa experiência diária em todos os setores. Nós mesmos, ora somos situados entre os superiores, ora entre os inferiores, conforme o caso. Nunca, porém, em nível de igualdade fundamental, de respeito à pessoa por ser pessoa, independente de título, raça, sexo, escolaridade, religião, etc. Só uma sociedade em que nos sentimos todos iguais coloca-se com seriedade a questão do emprego. Emprego é direito de todos, e não simplesmente dos polivalentes, dos mais competentes, dos mais letrados, dos privilegiados.
João Batista Libâneo (Extraído da Revista Vida Pastoral, Paulus, 01/02/ de 1999)
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