Ezequiel tinha uma vida relativamente tranquila. Assim como seu pai e avô, ele também era sacerdote, servindo a Deus em Jerusalém. Porém, veio a guerra. A terra foi invadida. Ele perdeu a esposa e foi levado cativo para a Babilônia. Por força dos acontecimentos, ele poderia estar aborrecido com tudo, abandonando inclusive a fé e sua vocação. Contudo, junto às margens do rio Quedar, aos 32 anos, Deus o chamou para uma missão especial: Ser profeta! Não deveria desistir de sua vocação. Igualmente, não bastaria mais acompanhar o povo somente em seus ritos. Era necessário converter, consolar e trazer uma nova proposta de vida.
Na verdade, tanto no coração de Ezequiel, quanto entre o povo levado cativo, havia uma pergunta no ar: Será que Deus não nos abandonou? Jerusalém e o santuário foram destruídos. Como Deus permitiu? Quem sabe devemos deixar no passado a nossa fé, adotando os costumes e a religião da Babilônia? Daniel e seus companheiros também enfrentaram o mesmo dilema. Havia a possibilidade de se misturar com o povo local, assimilar a sua cultura e progredir. Não! Muito pelo contrário, Ezequiel insiste: Deus é fiel. Ele espera a fidelidade e o compromisso do seu povo.
Por isso, como sacerdote e profeta, Ezequiel chama o povo à CONVERSÃO, ou seja, uma mudança de vida. Ao invés de afastar-se de Deus, caminhem novamente em sua direção e, principalmente, ao seu lado. Parece que essa temática do Antigo Testamento continua bastante atual, onde os sacerdotes – que deveria cumprir o seu chamado - se vendem aos costumes e à política local. Ao invés de ser sal e luz (Mateus 5.13-16), perdem o sabor do Evangelho e deixam-se dominar pelas trevas. Infelizmente, a lei máxima que rege o mundo há muito tempo é o culto ao poder e ao dinheiro. Então, sacerdotes tramam a morte familiares pelo poder. Sacerdotes desviam dinheiro de obras sociais para comprar casa na praia ou fazendas. Sacerdotes usam sua igreja para lavar dinheiro do tráfico. Sacerdotes não prestam contas de suas atitudes, seque da oferta dos seus fiéis. A corrupção do mundo adentra às portas dos templos.
Não se enganem. Não é possível apenas jogar a culpa sobre o outro, dizendo que são falsos servos de Deus. O mundo religioso de hoje - com seus líderes - reflete exatamente o que está no coração do povo como um todo. Em tal situação, Deus chama homens e mulheres, instituições e comunidades para servirem como ATALAIAS. O que faz uma atalaia? É aquele/a que alerta a cidade dos perigos eminentes. Ouça o chamado de Deus ao profeta: “Estou pondo você como vigia de toda a nação de Israel. Você dará a eles os avisos que eu lhe der. Se eu disser que um homem mau vai morrer, mas você não o avisar para que mude o seu modo de agir e assim salve a sua vida, aí ele morrerá, sendo ainda pecador. Nesse caso, eu considerarei você responsável pela morte dele. Porém, se você avisar o homem mau e ele não parar de pecar, morrerá como pecador. Mas, você viverá. O Senhor me disse o seguinte: Então, repita aos israelitas o que eles mesmos andam dizendo: Os nossos pecados e maldades são um peso para nós. Estamos nos acabando. Como podemos viver? Diga-lhes que o Senhor não se alegra com a morte do pecador. Ele quer que vocês parem de fazer o mal e vivam. Ou seja: Povo de Israel! Pare de fazer o mal. Parece até que vocês estão querendo morrer” (Ezequiel 33.7-11).
Certo é que o relaxamento traz fraqueza e morte, tanto no trabalho, quanto na fé. Certo é que o afastamento da Bíblia nos torna propensos a seguir as leis do mundo, onde Deus é deixado de lado e esquecido. O resultado não pode ser outro senão a MORTE, tanto física, quanto espiritual. É urgente! Precisamos escolher: Viver ou morrer? Ao mesmo tempo, além da decisão pessoal, Deus nos chama à missão de vigiar e alertar. Se a atalaia se cala, a cidade cai. Se um pai ou mãe não falam, a família se acaba. Se um pastor ou missionário não alerta, as pessoas se afundam no pecado. Isso tudo desagrada a Deus, pois seu maior desejo é a nossa salvação.
Ezequiel alertou o povo a manter-se fiel ao Senhor. A obediência traz segurança e progresso. Como cristãos, apontamos ao Salvador Jesus. Ele é a nossa esperança e orientação. A conversão que precisamos executar é a renovação do nosso compromisso com Cristo, colocando nossa vida aos seus pés. Não se enganem. Muitos dizem: Eu sou convertido! Mas, de fato vivem de uma recordação no passado, esquecendo-se de que ã conversão é atitude diária. Mesmo entre os cristãos, o maligno ilude com uma falsa espiritualidade. Ele vai corrompendo aos poucos. Um pequeno desvio no início, com o passar do tempo, traz um largo afastamento do Caminho.
Concluindo, para manter-se junto a Jesus, espiritualmente “vivo”... Para exercer com retidão a função de atalaia, seja em casa, na comunidade e sociedade, é preciso: Primeiro, apesar das dores e crises que enfrentamos, reconhecer que Deus continua no controle. Ele me conhece e tem uma missão especial à minha vida, tal qual Ezequiel. Segundo, é necessário colocar-se constantemente sob a Palavra de Deus. Eu sou apenas um mensageiro. A voz que gera toda mudança em mim e no mundo é do Pai. No mundo prevalece ódio, a descriminação, a corrupção e o deus “dinheiro”. Isso tudo nos afeta profundamente se estamos distantes do exemplo de Cristo e da simplicidade bíblica. Terceiro, é preciso, antes de qualquer outra atitude, um compromisso com o Reino de Deus. Muitos usam o nome de Deus e dão uma aparência espiritual aos seus projetos, mas na verdade estão preocupados com o reino deste mundo. Querem dinheiro e poder. A política é usada para isso. Vivemos um período eletivo. Por isso, cuidado! Prestem muita atenção nos discursos das igrejas e de seus líderes.
Conversão e renovação de pensamento só serão possíveis se o nosso parâmetro for Cristo. Mudança social e justiça só existirão se a nossa inspiração maior vier do amor de Jesus. Lembrem sempre daquilo que o Mestre afirmou: “Eu vim para que vocês tenham vida em abundância” (João 10.10). Ou seja, vida plena, cheia de significado, sem falsas ilusões, só com JESUS. Ainda o apóstolo cita: “Quem tem Jesus, tem a vida. Quem não tem Jesus, não tem a vida” (1ª João 5.12). Jesus é a única esperança ao mundo decaído. Amém!