O inverno prometia ser muito frio. As geadas apareceram cedo. Já em meados de abril, os casacos tiveram que sair do armário para aquecer as pessoas. Além do inverno, apareceram as doenças típicas dessa estação.
Também os animais estavam sofrendo bastante. Alguns já apareceram mortos depois de uma noite muito fria. Morreram indefesos diante dias baixas temperaturas e do alto grau de umidade.
Foi aí que um grande grupo de porcos-espinhos decidiu fazer algo para garantir a sobrevivência. Alguém sugeriu que ficassem juntos e bem perto uns dos outros. O calor de seus corpos poderia aquecer uns aos outros de forma que todos ficassem aquecidos nas noites frias. E assim fizeram.
Passou o tempo e começaram as reclamações. Um reclamava daqui, outro dali, um não queria ficar perto deste, preferia aquele, e assim por diante. A situação foi se agravando. Uns começaram a falar mal dos outros. Quanto mais se tornavam nervosos, os seus espinhos ficavam ouriçados, até que esses espinhos começaram a ferir uns aos outros. Já não podiam ficar juntos por causa dos seus espinhos.
Feridos e magoados uns com os outros resolveram se separar. Não dava mais para continuar juntos. Por isso, foram se afastando uns dos outros até a completa separação.
Mas o inverno continuava. As noites eram muito frias. Alguns porcos-espinhos chegaram a morrer congelados. E a cada noite a situação ficava mais difícil. Logo, resolveram reunir-se outra vez para tratar do problema. Decidiram que, para viver juntos e sobreviver àquele inverno, precisariam tomar algumas precauções. Viveriam unidos, mas conservariam respeito uns para com os outros. Todos deveriam entender que ali uns precisavam dos outros.
Do livro 100 Estórias de Vida e Sabedoria
Osvino Toillier
Editora Sinodal