Sofrimento e afastamento de Deus.

21/07/2023

Isaías 44.6-8
Leitura biblica: Mateus 13.24-30; 36-43

Prezada Comunidade:

As palavras de Deus que encontramos hoje no profeta Isaías foram ditas no ano 540 antes de Cristo, já no final do exilio babilônico. O exilio do povo de Deus na Babilônia durou 50 anos. O povo de Israel levou 50 anos para se dar conta das causas que fez com que eles fossem atacados e invadidos pelo exército babilônico, que destruiu Jerusalém e o templo - e que levou - à força - uma boa parte da população para a Babilônia. Muitas pessoas se perguntaram: Porque Deus permitiu isso?

Inicialmente a resposta era que isso havia acontecido como consequência da luta entre os deuses. O deus Marduque – dos babilônios – lutou contra o Deus de Israel e venceu. E por isso, o povo de Deus estava agora sofrendo.
Outros diziam que tudo isso havia acontecido por castigo de Deus. Não tinha nada que ver com uma luta entre deuses. O sofrimento que o povo estava passando era castigo de Deus. Tanto governantes como o povo de Deus havia se afastado de Deus. Passaram a adorar outros deuses, fizeram imagens de deuses pagãos para adorar. Deus então decide castigar seu povo.

Levou 50 anos para que o povo de Deus entendesse que a sua situação de sofrimento foi consquência de seu afastamento de Deus. Afastar-se de Deus traz sofrimento em nossas vidas. E esse sofrimento não acabava enquanto as pessoas não se deram conta do seu pecado. Mas quando reconheceram seu pecado e arrependidos rogaram pelo perdão de Deus, aí tudo começou a mudar.

Como diz o Salmo 32.3-5: Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro. Dia e noite tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão. Então eu confessei o meu pecado e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados.

Portanto, o sofrimento é consequência do pecado humano. Deus não fica contente em ver o sofrimento. Ele sofre junto, esperando pelo arrependimento da pessoa pecadora. Os profetas nos contam que Deus esteve presente de forma oculta nesses 50 anos de exílio. Em sua presença discreta , Ele esteve esperando que o povo de Israel se desse conta de seus pecados e que se arrependesse.
Quando o povo de Deus reconheceu seus pecados, se arrependeu e procurou pelo perdão de Deus, então Deus se alegra e diz: Assim diz o Senhor, o Rei de Israel, seu Redentor (Is 44.6).

Deus tem prazer em ajudar, em salvar as pessoas – Deus não tem prazer em castigá-las. E quando as pessoas se arrependem dos seus pecados e buscam pelo perdão de Deus, então Deus começa a mover céus e terra para ajudar o seu povo.

O império babilônico, tão forte e poderoso, começou a enfraquecer. O que parecia difícil, torna-se possível. Deus faz surgir o império persa, sob a liderança de um rei pagão chamado Ciro, derrota os babilônios e liberta o povo de Deus do exilio, permitindo que eles voltassem para sua terra.

Deus tem poder sobre todas as coisas, até mesmo sobre os impérios e religioes de outros povos. Ele faz surgir auxílio de onde menos esperamos. Ele é o primeiro e o último, ele está presente em toda a história. Ele esteve na criação do mundo, e quando este mundo acabar, lá estará Deus também. Deus é o horizonte de tudo o que existe, o princípio e o fim, o começo e a estação final.

Palavras semelhantes encontram-se no Novo Testamento. No livro do Apocalipse nós lemos: Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso. No alfabeto grego o alfa é a primeira letra, o ômega a última.

Deus é o criador de todas as coisas, inclusive daquilo que outros povos adoram como deuses, como o sol, a lua, as estrelas, as montanhas… Tudo isso são obras do Deus maior. Esse Deus maior pode utilizar todos os poderes a seu serviço.

Esse Deus maior, é o Redentor, é o libertador de seu povo. Ele somente estava esperando que as pessoas reconhecessem seus pecados, se arrependessem e rogassem pelo perdão de Deus. A partir disso, Deus começa a mover céus e terra para libertar as pessoas de seu sofrimento.

Portanto, as palavras de Deus através do profeta Isaías e da história do povo de Israel querem nos chamar a atenção para a necessidade de confessarmos nossos pecados e arrependidos rogarmos pelo perdão de Deus. Enquanto isso não acontece, parece que nada funciona direito em nossa vida e o sofrimento não acaba.
Assim nos diz também o Novo Testamento e 1João 1:8-9:
⁸ Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. ⁹ Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.

E o apóstolo Paulo em Rm 3.23 diz que “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. O pecado está presente em qualquer ser humano. Nisso somos todos iguais. O que nos torna diferentes uns dos outros é a capacidade de arrependimento. Todos pecaram, mas nem todos conseguem reconhecer e se arrepender dos seus pecados. Somente para os que não confessam seus pecados e não se arrependem, a esses cabe o destino trágico da fornalha de fogo, onde vão chorar e ranger os dentes de desespero. Com isso, Jesus diz que somente no inferno não haverá mais chance de arrependimento e de perdão.
O segundo aspecto importante se refere ao que Deus espera de seu povo para que não volte a cair no mesmo pecado. É disso que nos fala Jesus na parábola do trigo e do joio.

Na parábola do joio e do trigo, Jesus pede que tenhamos abertura de mente e de coração. Nossa missão é confiar em Deus, servir à vontade de Deus, dar um testemunho convincente de que a fé em Jesus Cristo nos faz ser pessoas melhores, que contar com a presença de Jesus Cristo em nossas vidas nos deixa menos ansiosos, pois no tempo de Deus sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28).

Portanto, somos chamados a confiar e a servir a Deus. Não é nossa missão julgar ninguém. Não é nossa missão separar as pessoas entre trigo e joio – entre bons e maus – porque o bem e o mal estão misturados dentro de cada pessoa. Já sabemos que o que nos une é o fato de que todos nós somos pessoas pecadoras.

Mas Deus não quer que vivamos em eterno sofrimento. Jesus também nos mostrou que pela confissao de pecados, pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, nós podemos contar com a benção e a ajuda de Deus em nossa vida. Deus é o inicío e fim, o alfa e o ômega, ele é Todo-Poderoso e Ele é capaz de mover os céus e a terra em favor de uma pessoa pecadora que se arrepende e volta a servi-lo.

A parábola não ignora a presença do mal na plantação. Jesus sabe que o Mal está presente, disperso no meio do trigo. Mas Jesus diz que a atitude de uma pessoa cristã não é dividir a humanidade entre bons e maus. Essa atitude nos torna ainda mais pecadores/as, porque acabamos cometendo enormes injustiças.

Deus não quer condenar ninguém. Ele espera pelo nosso arrependimento. No arrependimento qualquer pessoa encontra o perdão de Deus.

Portanto, dediquemo-nos a dar um testemunho confiável de nossa fé em Jesus Cristo nesse mundo. Para isso, não precisamos atacar ou destruir a fé de ninguém. Lembremos que Deus é capaz de usar qualquer poder nesse mundo, quando Ele quiser.
Aproximemo-nos diariamente de Deus pela prática do amor, da compreensão, da paciência, da tolerância. Graças a Deus, não somos nós que devemos arrancar o joio. Isso será tarefa dos anjos de Deus. Nossa tarefa é dar bom testemunho, com atitudes de perdão, de tolerância, de amor – pois é assim que a mensagem da salvação chegará e convencerá outras pessoas.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo permaneçam em e entre nós. Amém
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Testamento: Antigo / Livro: Isaías / Capitulo: 44 / Versículo Inicial: 6 / Versículo Final: 8
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 70893
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