Ser, participar, testemunhar, - eu vivo comunidade. – este é o tema do ano de nossa Igreja em 2013. Quer nos convidar a edificar a Comunidade de Jesus Cristo a partir da nossa participação nela. Quer nos lembrar que, sem a participação das pessoas, de cada um, de cada uma, não há igreja, não há comunidade, pois, como diz o Credo Apostólico, a santa igreja cristã é a Comunhão do Santos, ou seja, o convívio fraterno, o partilhar a vida entre irmãos e irmãs que creem no mesmo Deus.
Para refletir sobre o tema, escolhi o texto de 1 Coríntios 12.12-22,25-27. Isto porque este texto nos ensina o que significa não ser Comunidade Cristã e nos ensina o que significa ser Comunidade Cristã. Diz o texto:
12.12 Cristo é como um corpo, o qual tem muitas partes. E todas as partes, mesmo sendo muitas, formam um só corpo. 12.13 Assim, também, todos nós, judeus e não judeus, escravos e livres, fomos batizados pelo mesmo Espírito para formar um só corpo. E a todos nós foi dado de beber do mesmo Espírito. 12.14 Pois o corpo não é feito de uma só parte, mas de muitas. 12.15 Se o pé disser: “Já que não sou mão, não sou do corpo”, nem por isso deixa de ser do corpo. 12.16 Se o ouvido disser: “Já que não sou olho, não sou do corpo”, nem por isso deixa de ser do corpo. 12.17 Se o corpo todo fosse olho, como poderíamos ouvir? E, se o corpo todo fosse ouvido, como poderíamos cheirar? 12.18 Assim Deus colocou cada parte diferente do corpo conforme ele quis. 12.19 Se o corpo todo fosse uma parte só, não existiria corpo. 12.20 De fato, existem muitas partes, mas um só corpo. 12.21 Portanto, o olho não pode dizer para a mão: “Eu não preciso de você.” E a cabeça não pode dizer para os pés: “Não preciso de vocês.” 12.22 O fato é que as partes do corpo que parecem ser as mais fracas são as mais necessárias. 12.25 Desse modo não existe divisão no corpo, mas todas as suas partes têm o mesmo interesse umas pelas outras. 12.26 Se uma parte do corpo sofre, todas as outras sofrem com ela. Se uma é elogiada, todas as outras se alegram com ela. 12.27 Pois bem, vocês são o corpo de Cristo, e cada um é uma parte desse corpo.
Para entender estas palavras de Paulo, precisamos olhar para o que está acontecendo na Comunidade de Corinto:
1º - A Comunidade está dividida em vários grupos que brigam entre si, como podemos ler no capítulo 1, versículo 12: “refiro-me ao fato de cada um dizer: eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas e eu, de Cristo.”
2º - Pessoas da Comunidade se acham superiores às outras pelos seus dons espirituais. Há soberba (12.1-11).
3º - a Santa Ceia virou uma bagunça, onde há pessoas comendo demais e outras que ficam com fome e ainda os que bebem tanto que ficam bêbadas (1 Coríntios 11.17-34);
4º - o culto também é confuso, com todos falando ao mesmo tempo (profetizando, falando em línguas), sendo que Paulo precisa escrever para que haja ordem no culto (1 Coríntios 14.26-39).
Olhando para esta Comunidade, qualquer um de nós passaria longe! E isto seria testemunho cristão? Por isso, Paulo precisa escrever duas cartas a essa Comunidade.
Esta situação na Comunidade gera desentendimento, conflito, como bem diz o capítulo 6, versículo 8: “Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isso aos próprios irmãos.”
Para dentro desta Comunidade em conflito, Paulo escreve este texto de 1 Coríntios 12. Usando a figura do corpo, Paulo quer ensinar à Comunidade de Corinto a essência do Evangelho: - amar a Deus acima de todas as coisas e – amar ao próximo como a si mesmo (Mateus 22.34-40). Usando a figura do corpo, Paulo quer ensinar à Comunidade de Corinto que todas as pessoas são importantes e que a Comunidade é um todo onde todos devem ser tratados com respeito e consideração. Todos tem importância no corpo de Cristo, pois todas as pessoas são criaturas feitas por Deus, portanto, não há um com mais valor ou menos valor do que os outros.
Comunidade Cristã que não exercita, que não vive este amor que Deus/Jesus ensina, não pode ser chamada de Comunidade Cristã. Igreja Cristã é a COMUNHÃO DOS SANTOS, dizemos no Credo Apostólico.
E, na comunhão com irmãos e irmãs, PARTILHAMOS A VIDA.
Mas, para que isto seja possível, é preciso VIVER EM COMUNIDADE, PARTICIPAR DA COMUNIDADE. Como diz o lema de nossa Igreja para este ano: “Ser, participar, testemunhar – eu vivo comunidade”. Para que isso seja possível, é preciso estar junto com irmãos e irmãs na fé no dia-a-dia desde o início até o fim da vida.
Por isso, nossa vida cristã começa no Batismo, onde eu, desde bebê, sou incluído no Corpo de Cristo, na comunhão dos santos, na Comunidade.
E nós, como Igreja, nos organizamos de tal forma que cada pessoa possa ter seu espaço e viver em Comunidade por toda a vida: cultos, Culto Infantil, Ensino Confirmatório, juventude, casais, estudo bíblico, OASE, idosos, festas... Também estamos junto aos membros da Comunidade para celebrar os diversos momentos da vida - como Batismo, casamento, aniversários, bodas, sepultamento – todos estes são espaços onde nós cultivamos a amizade, onde nós compartilhamos bons e maus momentos, onde nós celebramos a nossa fé desde o início até o fim da nossa vida.
Numa palavra – igreja cristã é onde nós COMPARTILHAMOS A VIDA, com suas alegrias e tristezas.
E é isto que o apóstolo Paulo quer dizer no versículo 26: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.” E também em Romanos 12.15: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.”
Ser cristão é:
1. SERVIR A DEUS – “Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus.” (Romanos12.1)
2. VIVER EM COMUNIDADE – repartindo as alegrias e as tristezas da vida – chorar com os que choram, alegrar-se com os que se alegram.
Numa palavra de Martin Lutero: “Quem quer achar Jesus Cristo precisa primeiro achar a Igreja. Como se poderia saber onde está Cristo e a fé cristã, senão sabendo onde estão as pessoas que creem nele? E quem quiser saber algo de Jesus não pode confiar em si mesmo nem construir uma ponte própria para o céu por intermédio de sua razão, mas deve ater-se à Igreja, frequentá-la e consultá-la.” (Extraído de “Martin Luther Lebensworte”).
