Há vários casos de fama na internet, de gente conhecida nas redes sociais com milhares de seguidores no Twitter, amigos no Facebook ou inscritos no Youtube. Grande parte destes é desconhecida fora do mundo virtual. Porém, a absoluta maioria de internautas não terá esta fama. Aliás, tem gente que nem procura isso. Mas há quem queira, de alguma forma, ser “alguém” no mundo virtual. Por isso, dá tanta importância, a curtidas, a likes e visualizações. Se isto não alcança o resultado esperado, esta pessoa pode se sentir angustiada, por causa do vazio de não ser “alguém”...
Nós necessitamos nos relacionar. É da essênccia do ser humano. Com a popularização da internet, a maneira de nos relacionarmos tem mudado. Por um lado, e-mail, Facebook, Twitter e WhatsApp facilitam a comunicação. Por outro, tantas pessoas se isolam do mundo real e podem ficar dependentes (viciadas) do que se oferece por meio de celulares e computadores. Precisam ser curtidas, visualizadas, seguidas e respondidas continuamente. Senão, o vazio de não ser “alguém” toma conta.
Este desejo por ser “alguém” só é suprido no relacionamento com o Deus Três em Um. Em Isaías 43.1-7, lemos:
1Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
3Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e a Seba em teu lugar.
4Visto que foste precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te amei, assim dei os homens por ti, e os povos pela tua vida.
5Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente.
6Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra,
7A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória: eu os formei, e também eu os fiz.
Israel é povo exilado na Babilônia. Ninguém o “curte”, o “segue” ou o “visualiza”. O número de “dislikes” supera em muito o de “likes”. Há o vazio coletivo de não ser “alguém”. É apenas povo invadido, dominado e exilado. A situação difícil de exílio, como consequência do pecado, é ilustrada com passar pela “água” e pelo “fogo” (v. 2). No entanto, há três razões que superam toda a angústia por que passa o povo e preenchem o vazio de ser “alguém”...
1ª: “Não tenhas medo, pois eu sou o teu Criador” (v. 1) - Deus criou o povo a partir das famílias de Abraão, Isaque e Jacó. Este último teve seu nome mudado de Jacó (traiçoeiro, enganador) para Israel (aquele que luta com Deus) – Gênesis 32.28. O povo criado é também formado (moldado), sendo transformado de Jacó em Israel. O exílio seria a forma como Deus moldaria o seu povo, o qual Ele chama pelo nome e que lhe pertence. Não precisaria temer as aflições do exílio na Babilônia, pois elas resultariam em bem.
2ª: “Não tenhas medo, pois eu sou o teu Salvador” (v. 3) - Deus não abandona seu povo exilado, que sente o vazio de não ser “alguém”. Era preciso o resgate pago para libertar alguém da escravidão. Simbolicamente, Deus diz que Israel é povo muito precioso e que em troca dá os países ricos da vizinhança (na época, Egito, Etiópia e Sebá, reinos do norte da África). Está sendo dito que haveria libertação do exílio. Um alto preço será pago pela salvação do povo; e Israel vale mais do que muitos outros reinos e Deus o ama muito, apesar de seus pecados.
3ª: “Não tenhas medo, pois eu estou contigo” (v. 5) – Deus acompanha seu povo. Ele está lá junto no exílio (antes, se imaginava que Deus permanecia somente dentro dos limites Israel; a história de Jonas mostra isso). Ao fim de 70 anos, Ele traria de volta o seu povo e o reuniria novamente, como povo com direito à terra, à soberania e ao livre exercício de sua fé. Israel se sentiria de novo como sendo “alguém”, embora, aos olhos de Deus, nunca tenha perdido esta condição; E esta volta do exílio resultaria na glorificação do próprio Deus.
Nós somos descendência espiritual deste Israel. A promessa feita a Abraão (numerosa descendência) se torna realidade quando Deus envia seu Filho ao mundo. Quem crê Nele é tornado filho ou filha. Passa a ser parte do povo de Deus, isto é, as pessoas de qualquer lugar, descendência, raça ou condição social. E o batismo é o acontecimento público que confirma esta condição.
Independente do local, da forma ou da idade, o batismo é sempre realizado em nome do Deus Três em Um (Mateus 28.19). Este sacramento nos coloca debaixo da bênção do Deus que nos cria, nos salva e nos acompanha. Somos a Igreja, o povo de Deus ao redor do mundo. Somos da sua família. Em outras palavras, somos “alguém” E são três as razões que nos garantem isso: 1ª - Deus nos criou. Não estamos neste mundo por acaso ou acidente. Somos frutos de sua vontade e do seu amor. Somos “alguém”, pois o Pai é o nosso Criador. 2ª - Deus nos salva da escravidão do pecado. Para isso, se dispôs a pagar um alto preço, embora não merecêssemos. Ele dá o seu próprio Filho, que se sacrifica em nosso lugar, na cruz. Somos “alguém”, pois Jesus, o Filho de Deus, é o nosso Salvador. 3ª – Deus nos acompanha e vive conosco. O Espírito Santo habita naquele que crê. Aponta os pecados, consola, ajuda a orar, encoraja nas lutas e renova as esperanças nas promessas divinas. Somos “alguém”, pois o ES é quem continuamente nos acompanha.
Embora seja legal ter e-mail ou WhatsApp respondido, postagem no Facebook curtida, vídeo no Youtube visualizado, ou qualquer outro retorno por meio das redes sociais, não é isso que nos faz ser “alguém”. Os relacionamentos do mundo virtual e do mundo real não preencherão o vazio que o ser humano busca em ser “alguém” e de pertencer a algum lugar. É somente no relacionamento com o Deus Três em Um, em nome do qual fomos batizados, que isto vai ocorrer.
Ser “alguém” não depende de mim e dos outros. É como Deus me vê. E, assim, me convida a ver as outras pessoas. Elas também são “alguém” que Deus ama e me convida a amar.
Você tem buscado ser “alguém” no relacionamento com Deus, em nome do qual foi batizado(a)? Ou se ilude por querer ser “alguém”, na internet ou no mundo real, mas isso não lhe satisfaz? E você consegue ver as outras pessoas como “alguém” que Deus ama? Consegue amá-las? Pense nisso...