“As igrejas e o cuidado com a Criação de Deus” foi a temática do 6º Seminário do Galo Verde. O encontro reuniu cerca de 30 ativistas da IECLB e ecumênicos no dia 9 de novembro, no Centro de Eventos Rodeio 12. O físico aposentado e ativista ambiental Johannes Gerlach, coordenador do Programa Ambiental Galo Verde, conduziu o encontro.
Na abertura, o pastor Alan Schulz leu a carta pastoral da Presidência da IECLB para novembro, em que um dos assuntos tratados foi o da invasão de petróleo no litoral brasileiro. “Que atitudes podemos tomar e que ações precisamos desenvolver para defender a criação de Deus? Cada pessoa pode começar com pequenas ações: consumo consciente, diminuir o uso de plásticos, não desperdiçar água, economizar energia”, aconselha o manifesto.
O P. em. Werner Fuchs (Curitiba), ativista histórico e ecumênico de causas sociais e ambientais, falou sobre a situação das lutas socioambientais no Brasil e a contribuição de organizações cristãs. Destacou parcerias com igrejas evangélicas e pleiteou o aprofundamento da Teologia da Criação. Segundo Fuchs, até igrejas de visão mais “apocalíptica” estão largando a atitude fatalista sobre – quanto antes, melhor – para abraçar lutas ambientais.
Na segunda abordagem do dia, o grupo de estudantes “Plantando o Futuro” de Atalanta/SC apresentou suas causas e lutas. Os jovens estudantes despertaram grande entusiasmo entre os participantes do seminário (veja matéria a respeito).
Ainda pela manhã, a irmã franciscana Lucia Gianesini (ICAR), vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário-CIMI, apresentou o Sínodo para a Amazônia. Ocorrido sob a liderança do Papa Francisco em Roma, em outubro, o encontro católico foi apresentado aos ativistas com um relato sobre o seu preparo, as resoluções e os desafios.
O pastor sinodal Guilherme Lieven (Vale do Itajaí) participou do encontro até o almoço e dirigiu uma palavra de encorajamento aos ambientalistas.
Após o almoço, falou o pastor Nilton Giese, de Belo Horizonte. Ele veio especialmente ao seminário para falar dos crimes das mineradoras Samarco em Mariana e Vale em Brumadinho. Giese apresentou um dramático documentário com relatos de vítimas e dos principais dramas que vivem. Também falou dos conflitos sociais na luta contra as mineradoras, que até hoje não indenizaram ninguém em Mariana e estão enfrentando ações coletivas dos sobreviventes de Brumadinho.
Ao final, o pastor Nilton relatou sobre a ação da IECLB em Brumadinho através da comunidade de Belo Horizonte, da emoção das cartas enviadas de todo o país e também de ações pastorais e diaconais. “O que fazer? Também não sabíamos”, confessou. Mas, percebemos que já havia um exagero de galões de água e de cestas básicas. Assim, as cartas foram nossa forma de agir e ter contato com o pessoal no local.
A partir disso, a comunidade organizou-se com parceiros ecumênicos do CONIC-BH para enterrar os mortos, consolar os enlutados e dar apoio aos sobreviventes na luta por justiça e reparação. “Aconselhamos a não negociar sozinho com a Vale e sempre fazer negociações coletivas”. Em Mariana ninguém recebeu nada porque aceitaram acordos individuais, minando a resistência.
Após o seminário, o núcleo do Galo Verde realizou uma reunião para avaliar as ações e planejar passos futuros. Ficou definido que a principal ação será concluir e distribuir uma cartilha para ajudar comunidades interessadas a organizar eventos e festas que cuidem da questão ambiental.
Clovis Horst Lindner, Blumenau
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