Seminário sobre Diversidade Étnica e Cultural em Rondônia

19/08/2009

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O COMIN e a Pastoral Indigenista do CIMI realizaram em Ji-Paraná, nos dias 14 a 16 de agosto, um seminário sobre Diversidade Étnica e Cultural em Rondônia. Participaram 57 pessoas, dos municípios de Ji-Paraná, Seringueiras, Ouro Preto do Oeste, Mirante da Serra, Porto Velho e Guajará Mirim: lideranças indígenas dos povos Arara, Gavião, Cujubim e Canoé, representantes do MST e da Via Campesina, professores e acadêmicos da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Universidade Luterana (ULBRA), Instituto Federal de Educação e estudantes e professores do nível Médio.

O seminário abordou a imensa diversidade étnica e cultural de Rondônia e os grandes projetos de colonização e desenvolvimento da região, que nunca consideraram os inúmeros povos indígenas, verdadeiros donos dessas terras.

Nas terras hoje delimitadas como estado de Rondônia, há um verdadeiro mosaico sociolingüístico e cultural. Rondônia tem cerca de 60 povos indígenas, com 5 contextos lingüísticos diferentes: Tupi, Txapakura, Nambikwara, Pano e línguas isoladas. São verdadeiros sobreviventes de um duro processo de massacre da colonização. Estudos indicam que havia cerca de 80 mil indígenas no século XVIII nestas terras. Hoje, segundo IBGE, temos 10.360. Destes, cerca de 40% moram nas periferias dos centros urbanos.

Ainda há 15 povos em situação de isolamento e risco de extinção pelos impactos de grandes projetos. Há 5 povos que ainda estão em busca de recuperar suas terras tradicionais perdidas: Cojubim, Wajuru, Migueleno, Puruborá e Cassupá.

Os grandes projetos de colonização e de desenvolvimento da região nunca consideraram a realidade e a vida dos povos indígenas. Basta olhar e ver que todos os povos de Rondônia têm populações pequenas. O complexo Madeira – hidrelétricas – ainda hoje, em pleno século XXI, ameaça povos isolados.

É urgente criar políticas de valorização e respeito da diversidade étnica e cultural. É urgente garantir a demarcação dos territórios tradicionais e uma assistência de saúde e educação diferenciada, que considere a cultura de cada povo. A Constituição Federal de 1988 garante o direito à diversidade. Garante o direito às terras tradicionais. Na prática, porém, a implantação dos grandes projetos do Programa de Aceleração do Crescimento geralmente não respeita os direitos dos povos indígenas e de outros grupos, como, por exemplo, ribeirinhos e quilombolas.

A partir dessa discussão sobre a diversidade étnica e cultural, o seminário procurou refletir com os participantes formas de compromisso na divulgação da realidade dos povos indígenas, nas escolas, universidades e em outros grupos de trabalho.

Nelson Deicke
COMIN-RO





 

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