Seminário Sinodal Agricultura Familiar

22/08/2017

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Seminário Agricultura Familiar – CAPA
No dia 22 de agosto na Paróquia de Nova Estrela aconteceu o 7º Seminário sobre Agricultura Familiar com assessoria do CAPA Erechim (Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia) em parceria com o Sínodo Uruguai.
O tema tratado com os participantes foi sobre sementes crioulas: cuidar, multiplicar e partilhar. Os participantes tiveram oportunidade de conhecer a história e a manuseio das sementes. A importância da semente para sobrevivência humana e seu papel fundamental para a continuidade da espécie.
Durante o encontro teve o momento de partilha das sementes e plantas que cada participante trouxe de sua própria colheita. Na qual foram distribuídas e divididas entre eles. Na parte da tarde aconteceu o diálogo nos grupos, na qual os integrantes foram desafiados a relatar os diversos tipos de alimentos existentes na infância (frutas, verduras, sementes, entres outros). Com isso, resultou nos seguintes relatos abaixo:
Como era antigamente: “Para carnear um porco era reunido a vizinhança e demorava dois dias. A carne precisava ser conservada na banha, era comido todo dia, até terminar, porque não tinha geladeira. A carne era defumada e cozido no feijão, comido com pão ou salada.
A caça era livre, caçava tatu, quati, lebre, veado e até lagarto. Na pescaria só usava os peixes grandes, os pequenos jogados de volta no rio.
Quando íamos na escola era de a pé, descalços, a estrada era só de barro. A sala de aula superlotada, quatro classes com uma professora, o exame assustador, a diretora participava. Se respondia 4 matérias que se aprendia todo ano, o primário até 4ª serie era mais aprofundado que hoje a 8ª serie, ou o ginásio, a tabuada era décor e salteado.
Aos domingos se ia brincar com a carroça, cabeçalho dobrado para traz, descendo o morro nos potreiros. Se ia de carroça quilômetros nas festas de Kerb nos parentes. O churrasco era no terreno, no valo de terra, com espeto de vara (rabo de bugio) procurado nas capoeiras, enfiado num tronco de bananeira. A bebida era sprits bier, feita do gengibre. Os bailes com sol a sol se ia descalço, se levava os pés no rio ou perto do salão, só depois calçava o sapato.
No Natal fazíamos o teatro, com anjos, pastores, reis magos, participação até de José e Maria, onde a Maria andava de cavalo guiado por José. Muitos acreditavam em papai noel, cuca ou bolacha só dava em dias de festa, Natal e Páscoa. Risoto só dava aos domingos, massa só feita em casa. O arroz era socado no pilão. As famílias se reuniam e faziam a erva mate, secavam na garija e socavam a mão num coxo feito a machado ou no moinho movido a água.
Luz só era quem tinha eletricidade de uma usina entre vizinhos, ou a luz a bateria e lamparina a gás. De manhã as narinas dos pequenos eram pretas de fumaça que nem chaminé. Feijão era batido de vara num pano, ou pisoteado de cavalo, a mesma coisa o trigo e arroz.
A terra era lavrada com bois ou vacas, plantado a enxada ou máquina de pica-pau. A terra era fértil não se usava veneno. Semente era crioula palha roxa e milho branco. A semente era tudo de casa, guardada até próxima safra. O sabão era feito em casa cozido ou mexido frio. O fermento era de batatinha ou do começo da massa do pão, guardado para próxima vez. Vinagre feito de sabugo, folha de uva e massa do pão. O coalho era feito de moela de galinha para o queijo”.
Estas lembranças surgiram do diálogo entre os grupos na qual, motivaram uma reflexão sobre o jeito de lidar com a terra e o jeito simples de viver a vida, buscando suprir as necessidades com recursos oferecidos pela natureza. Constatando que no tempo dos avós havia um cuidado maior com a alimentação e o manuseio da terra. E hoje o desafio é resgatar as formas menos agressivas de lidar com o meio ambiente e as sementes. Bem como o uso desenfreado de agrotóxicos são assuntos que precisam de profunda reflexão. A vida digna e saudável é assunto relevante que está diretamente ligada as sementes da qual provém o alimento.
 

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