Se teu irmão ou tua irmã - pecar contra ti....

09/09/2023

Mateus 18.15-20
Estimados irmãos e irmãs:

O ser humano é conflitivo por natureza. Faz parte da natureza humana (Gálatas 5.19). Não há uma parte das Sagradas Escrituras onde o conflito não se faça presente. Podemos até dizer que Deus – como se revela nas Escrituras – se coloca como um mediador de conflitos humanos, desde a Criação do mundo, passando pela escravidão e libertação do Egito, passando pela proclamação profética e especialmente em Jesus Cristo, que se encarna na conflitividade humana, tendo como sua maior expressão a morte na cruz.

Por isso, o Evangelho de hoje nos fala de coisas importantes para que a vida familiar e comunitária seja possível.

A primeira coisa que devemos lembrar é que a igreja/comunidade não está constituída de pessoas perfeitas, nossa família não é uma família perfeita, mas constituída de irmãos e irmãs que temos nossas limitações e necessitamos do apoio dos outros para superar nossas falhas.

O texto começa dizendo: Se teu irmão pecar contra você.... Vejam que coisa importante: Jesus não quer que eu esqueça que a pessoa que errou comigo, ainda continua sendo meu irmão e minha irmã.

A correção fraternal não é uma tarefa fácil, porque o ser humano tem a tendência de defender a sua superioridade. Quem erra gosta de justificar sua atitude, não gosta de aceitar que errou. Por isso, a pessoa que erra geralmente diz: Eu fiz isso porque, vc fez aquilo primeiro. E nesse bate boca onde cada lado quer ter razão não se chega a lugar algum.

Para que haja diálogo é preciso recuperar a capacidade de escutar um ao outro. O diálogo entre duas pessoas só é possível pela escuta. A maior parte dos nossos conflitos são oriundos de falhas na comunicação.

E algumas vezes o diálogo entre duas pessoas não é mais possível sem a mediação de alguém. Por isso Jesus recomenda: Se entre dois não dá mais, busquem a ajuda de um terceiro. Se entre três também não dá mais, busquem a ajuda de mais alguém. Antes de desistir é preciso insistir na possibilidade arrependimento, de perdão e de reconciliação.

A pessoa que quer ajudar a resolver o problema precisa ter cuidado para não ofender a quem quer ajudar. Aqui vale lembrar a advertência de Jesus:
Por que é que você vê o cisco no olho do seu irmão r não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? (Mt 7.3). É muito difícil aceitar que me corrija alguém que é tão pecador como eu. Por isso, é melhor que essa terceira pessoa seja alguém de fora do relacionamento diário. Em nossas igrejas, além dos ministros e ministras, temos psicólogos, psicólogas, terapeutas e outros profissionais que podem ajudar.

Certa vez ouvi o relato que dizia que quando ele e seu irmão brigavam, a mãe nem queria saber quem tinha razão. Para que eles se acalmassem, a mãe mandava que eles caminhassem abraçados – lado a lado – por uma quadra – ida e volta. O importante não é quem tinha a razão, mas lembrar que irmãos – apesar de seus erros - precisam caminhar um ao lado do outro.

Portanto, conflitos podem nos ajudar a crescer como seres humanos, se forem devidamente enfrentados. Isso quer dizer que não adianta fugir do conflito, ou deixar de falar sobre ele. A gente só aprende com o conflito se a gente se reconhecer que pisou na bola, que errou, que se arrepende e toma consciência que isso não pode acontecer mais. Por isso, volta e meia eu preciso me perguntar:
Minha família é importante para mim? Meu casamento vale a pena? Meu trabalho vale a pena? A minha igreja vale a pena? A resposta a essas perguntas vai dizer se eu estou disposto a reconhecer meus erros ou não. Assim como se um não quiser, dois não brigam, assim também apenas uma pessoa não conseguirá sustentar uma relação se a outra pessoa não quiser também.

Quando Jesus diz: O que vocês proibirem (atarem) na terra ficará proibido no céu, o que vocês permitirem (desatarem) aqui na terra ficará desatado no céu. Ou seja, as nossas decisões tem consequências, aqui na terra como no céu. Tem decisões na vida que não tem mais volta. E cada decisão tem seus prós e seus contras.

Tem gente que acha que se separando do cônjuge, a vida vai ser uma beleza. Logo ela vai dar-se conta que não é assim. Ficar junto tem consequências difíceis e separar-se também tem consequências difíceis.

Por isso, Jesus é sempre a favor diálogo. E diálogo significa escutar como a outra está se sentindo sobre uma atitude minha. Se eu amo minha esposa, amo minha família, amo minha igreja certamente vai valer muito a pena que eu mude minha atitude em benefício do bem estar comum.

E quando eu mesmo não conseguir fazer isso, Jesus então me mostra mais um recurso: a oração. Todas as vezes que duas pessoas pedirem a mesma coisa em oração, isso será feito pelo meu Pai, que está no céu. Isso significa que nas grandes dificuldades, antes de tomar qualquer decisão – devemos procurar ajuda, devemos pedir a ajuda de Deus em oração e devemos conversar com alguém que pode nos ajudar a entender melhor o que fazer. Não é bom tomar decisões por impulso, afinal, tudo sempre tem consequências.

E no final ainda temos essa promessa de Jesus: onde dois ou três estão juntos em meu nome, eu estou no meio deles. Isso significa que Jesus se identifica conosco e se manifestará quando entre nós houver espírito de Comunidade. A relação de amor é a única condição que Jesus pede para que ele se manifeste.

Por isso, se você estiver no meio de uma discussão e a tensão começar a subir, relaxe, silencie. Não continue argumentando, porque não vai adiantar. Volte ao assunto mais tarde. Às vezes é preciso uma noite de sono para que as coisas estejam mais claras no dia seguinte
Não deixe que seu aborrecimento se agrave com o passar do tempo. Se você estiver se sentindo explorado e achar a situação insustentável, abra-se com alguém. Se ninguém estiver disponível para conversar, ponha seus sentimentos no papel e procure um lugar silencioso para orar. Mas evite ficar remoendo os problemas. Pensamentos negativos podem acabar com sua vida se você deixar.
Portanto, hoje Jesus diz que devemos tratar nossos problemas familiares e comunitários. O objetivo não deve ser humilhar ninguém. A confissão de pecados é a oportunidade que Deus nos dá para mudar o rumo de nossa vida e fortalecer nossa família e nossa comunidade. Quem hoje é ajudado, pode ajudar amanhã dando testemunho de como sua vida melhorou com essa atitude. Pois, Deus diz através do profeta Ezequiel 33.11: Não tenho prazer na morte do perverso, mas que o perverso se converta do seu caminho e vida.


E assim, que a graça de nosso Senhor....
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 18 / Versículo Inicial: 15 / Versículo Final: 20
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 71242
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