Sai da casa de teu pai

Meditação

01/01/2004


Relembrando o ano de 2003. Por causa dos muitos desafios colocados para mim e para vocês, leitores, chegamos a algumas conclusões: trabalhamos juntos e bastante. Não fomos relapsos ou maus administradores do tempo. Juntos lutamos em favor da própria sobrevivência, nos empenhamos pela causa da igreja, das comunidades, nos envolvemos como profissionais, estudamos e aprendemos. Também aconteceram desacertos e decepções. A caminho experimentamos momentos de alegria e de tristeza. Muitas metas propostas foram alcançadas, outras permaneceram sonhos. Criamos laços e outros foram desfeitos. Nos irritamos com quem nos machucou, nos queixamos das injustiças sofridas e da falta de compreensão. Mas em conjunto também festejamos e rimos.

A figura do mosaico da vida nos deixa atentos para com as contradições que podem marcar o nosso jeito de viver e de conviver. Nos habituamos a fazer do nosso lar uma verdadeira fortaleza. É ali dentro que acolhemos e abrigamos a nós mesmos e as nossas famílias, é ali que nos sentimos seguros, amparados. Quem presta atenção na sua vida, observa que desenvolvemos uma porção de hábitos interessantes: fazemos sempre o mesmo trajeto à escola, à fábrica, ao lugar de trabalho, e outros seguem o mesmo caminho à roça ou ao seu local de lazer. Inúmeras vezes, nos acostumamos a ir ao mesmo, tivemos preferências no mesmo shopping e abastecemos o carro quase sempre no mesmo posto. A vida, os relacionamentos com as pessoas queridas e também com gente desconhecida parecem estar sob nosso controle absoluto. Estamos seguros daquilo que fazemos ou devemos realizar. De repente, sobrevem uma vontade forte de largar mão de tudo e de todos, desarmar a barraca que nos acolhe, desmontar o lugar onde a mesmice acontece, abandonar os esquemas de sempre, abrir mão da pátria. É possível que alguém tenha sido confrontado com palavras do Novo Testamento que afirmam: Não temos aqui cidade permanente (Hb. 13.14).

Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Sai da casa dos teus pais (Gn 12.1). Rumar ao deserto, permitir que aconteça o êxodo, viver o desprendimento, dar passos à liberdade, seguir em frente, procurar caminhos alternativos, encarar a novidade de vida, esperar com confiança! Sai da tua fortaleza, abre mão, sê uma bênção! Caminheiros descobrem que a vida humana é realidade provisória, transitória, sempre certeza enquanto esperamos. Seguimos ano novo a dentro na confiança de que o Senhor é o meu pastor. Ele vai comigo, ao seu lado me sinto seguro e sobretudo esperançoso.

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC

O Caminho - 01/2004


Autor(a): Manfredo Siegle
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7785
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