Romanos 8.12-17

03/06/2012

Irmãos e irmãs em Cristo!

A família estava reunida com visitantes em torno da mesa do almoço. Foi quando se percebeu que a jarra de suco fora esquecida na cozinha. O pequeno Francisco, caçula da família, se ofereceu para buscar a mesma. A jarra era muito bonita, uma raridade. Fora presente de casamento dos pais e tinha um valor afetivo muito grande. Só era colocada em uso em ocasiões especiais. De repente, um estrondo na cozinha, som de vidro se quebrando. Em meio ao susto, o pensamento de todos foi um só: “a jarra de suco!?!”.

Interrompemos a história para imaginar a reação dos pais de Francisco. Aliás, pergunto aos irmãos / às irmãs: Quais poderiam ser as possíveis reações dos pais de Francisco? (irritação e castigo / dó e compreensão / indiferença e deboche...). O que cada um de nós imagina sobre o final da história tem a ver com a sua experiência familiar, de como trata ou como foi tratado em situações semelhantes. Tem a ver com a forma de relacionamento entre pais e filhos.

Qual seria o comportamento de Francisco diante da possível reação de seus pais?
. Caso os pais sejam agressivos/violentos, com certeza, Francisco tentará se esquivar. Irá se esconder/fugir. Não é assim que muitos filhos “remontam” o prato quebrado e o colam com cola Tenaz e o colocam de volta no armário, antes que a mãe perceba o estrago?
. Caso os pais de Francisco sejam amorosos/compreensivos, com certeza, Francisco procurará seus pais e admitirá sua falha, pois sabe que pode contar com a compreensão, a orientação e o perdão deles. A palavra-chave é AMOR.

Em Romanos 8.14-15 está escrito: “Pois aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque o Espírito que vocês que vocês receberam de Deus não torna vocês escravos e não faz com que tenham medo. Pelo contrário, o Espírito torna vocês filhos de Deus; e pelo poder do Espírito dizemos com fervor a Deus: ‘Pai, meu Pai’ (Abba Pai)”. Esta é uma imagem muito bonita: Pelo Batismo somos declarados/anunciados filhos queridos de Deus. Descobrimos que temos em Deus um Pai amoroso (Abba). Por isso, podemos dirigir-nos confiantemente (em atitude de oração) a este Pai, que demonstrou mais que suficientemente em Jesus Cristo o quanto nos ama. E isto faz a diferença!

Qual seria a nossa reação se nossa experiência com Deus fosse negativa, se esperássemos de Deus apenas desprezo, castigo e condenação? Não é esta a imagem que muitos de nós temos dele? Com certeza, procuraríamos esconder as nossas fraquezas e falhas, não admitiríamos o nosso pecado, além de vivermos distanciados e escondidos dele. A prática da oração estaria totalmente ausente e não viveríamos uma vida nova refletindo o amor de Deus.

Mas, de acordo com o testemunho do apóstolo Paulo em Romanos 8, a nossa experiência com Deus pode e deve ser outra: Temos em Deus um Pai amoroso a quem podemos nos dirigir como filhos queridos. A consciência disto nos é dada através da ação do Espírito Santo.

Nós vivemos em uma realidade fortemente condicionada pela natureza humana (v.12-13). Isto significa que facilmente nos deixamos seduzir e influenciar por um modo de vida que visa tão somente ao egoísmo, à ganância, à “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Resultado disso é desigualdade social com extrema pobreza para a maioria, prática de injustiça e violência, corrupção, agressão ao meio-ambiente, deterioração da qualidade de vida – cultura de morte! A Bíblia dá a isso o nome de PECADO.

Porém, nós temos a possibilidade de ESCOLHA. Temos OPÇÃO. Através do Espírito Santo, somos despertados para um novo jeito, para uma nova possibilidade de conduzir a nossa vida: FILHOS QUERIDOS DE UM DEUS AMOROSO. Isto faz a diferença! Deus já fez a sua escolha: Ele nos escolheu como seus filhos amados e revelou isto ao enviar ao mundo o seu Filho Jesus Cristo (João 3.16).

Está em nossas mãos a liberdade de podermos escolher vivermos de acordo com a natureza humana ou de acordo com o Espírito de Deus (v.13). A partir da confiança no amor de Deus por nós, na maravilhosa possibilidade de podermos viver em comunhão com Ele (de podermos nos dirigir a Deus em atitude orante), temos a opção de atender ao Grande Mandamento de Jesus Cristo: Amor a Deus e amor ao próximo. A natureza humana conhece apenas o amor a si próprio. A vida sob a condução do Espírito de Deus opta pela solidariedade, pela prática e pelo testemunho do amor de Deus. Isto reflete no nosso jeito de conviver com o próximo, no jeito como vivemos em sociedade, no jeito como cuidamos da Criação, do meio-ambiente.

Vivendo sob a condução do Espírito de Deus, não precisamos mais negar os nossos pecados nem nos esconder de Deus. Pelo contrário, somos animados a reconhecer as nossas fraquezas e nos aninhar confiantemente nos braços amorosos do nosso Abba – Papai querido do céu. Ele nos compreende, ele nos orienta, ele nos mostra o caminho do amor. E é justamente este amor que levamos e oferecemos uns aos outros numa convivência de irmãos e irmãs. Com certeza, ali não haverá mais espaço nem oportunidade para o egoísmo, para a ganância, para a exploração, para a marginalização, para o desprezo, para o ódio, para a violência, para a cultura de morte.

Este jeito novo de viver é possível neste mundo tão conturbado?
Na condição de pessoas batizadas, de filhos amados de Deus, somos convidados a dar testemunho disto, de mostrar que é possível, sim! E convidarmos cada vez mais pessoas a optarem por este jeito de ser e de agir. Para tanto, temos a ajuda do Espírito Santo. Ele quer gravar esta confiança e esta certeza em nossos corações. Quem consegue dizer a Deus: Pai, meu Pai, reconhece-se como filho amado de Deus e consegue dizer ao próximo: meu irmão/minha irmã.

Na nossa história inicial, qual seria a reação dos pais de Francisco diante da jarra quebrada? Qual seria o comportamento de Francisco diante da possível reação de seus pais? E, se na história os pais representarem Deus e Francisco sermos nós? Então saberemos como nos comportar e agir, pois temos um Pai amoroso que nos ampara no nosso “sofrer com Cristo” (testemunho e prática do amor cristão), que conhece as nossas limitações humanas e nos firma com o seu Espírito. Graças a Deus, podemos fazer escolhas. Que escolhamos e acolhamos a amorosa filiação do Abba – Pai, meu Pai! Amém.
 


Autor(a): Geraldo Graf
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 1º Domingo após Pentecostes - Domingo da Trindade
Natureza do Evento: Vivência Comunitária
Perfil do Evento: Culto
Testamento: Novo / Livro: Romanos / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 12 / Versículo Final: 17
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 14819
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