Romanos 13.11-14

Auxílio Homilético

27/11/2016

 

Prédica: Romanos 13.11-14
Leituras: Isaías 2.1-5 e Mateus 24.36-44
Autoria: Odair Braun
Data Litúrgica: 1º. Domingo de Advento
Data da Pregação: 27/11/2016
Proclamar Libertação - Volume: XLI

 Preparados e vigilantes

1. Introdução

No hino 04 do HPD lemos: “O barco vai suave, em meiga e santa luz. Não é igual a outra nave, pois vem trazer Jesus (...)”. Assim somos lembrados desse tempo especial que temos diante de nós: o Advento. Advento vem do latim Adventus e significa chegada. Para a cristandade, é um tempo especial de prepa- ração e alegria pela vinda de Jesus a este mundo.

Advento é um tempo especial. Luzes surgem nas casas e cidades, sobre- pondo-se à noite e à escuridão. Essa luz também se deve colocar em nossa vida, a fim de sobrepor-se às dores e dificuldades, às pedras que encontramos em nosso caminho, à falta de esperança que, às vezes, se abate. Nesse espírito, o Advento traz consigo a expectativa pelo nascimento do menino Jesus, quando, usando as palavras do verso 4 do hino 04 do HPD, “o barco toca a terra – mistério celestial! O santo Deus encerra, que fez-se nosso igual”.

Nesse contexto, o tempo de Advento vem lembrar que devemos estar preparados sempre em busca da paz e da fraternidade. Logo a mensagem desse dia não se pode furtar a refletir sobre a importância de estarmos vigilantes e preparados, assim como fazemos quando esperamos por uma visita à nossa casa. Nessa oportunidade, colocamos as coisas em ordem. Limpamos. Caprichamos. Da mesma forma, precisamos agir neste tempo de Advento, ou seja, revisando a nossa vida, as prioridades, o espaço dado a Deus e à vida em comunidade.

A espiritualidade do tempo de Advento é permeada pela preparação para receber Jesus, assim como é perpassada pela oração e pela avaliação da caminhada, buscando pôr tudo em ordem na vida, nas relações familiares e na vida comunitária. O hino 04 do HPD resume isso no sétimo verso: “Enfrente morte e inferno, firmando-se em Jesus. Receba o dom eterno, herdando vida e luz”. Parece-nos serem esses os objetivos dos textos apontados para este primeiro domingo de Advento. Vale frisar que os mesmos já foram amplamente trabalhados em edições anteriores do Proclamar Libertação, a última vez no PL de 2010 por mim mesmo.

2. Exegese e meditação

As passagens indicadas para as leituras bíblicas deste domingo são de Isa- ías e do Evangelho de Mateus. Em relação a Isaías, observamos que o contexto de surgimento dessa palavra era controverso, incerto e violento. Aqui temos um paralelo com os nossos dias. Em junho de 2016, quando este texto é elaborado, vivemos um tempo de incertezas políticas e escândalos de corrupção. A violência física contra mulheres é assombrosa. Notícias de estupros são vistas todos os dias. Casos de racismo são manifestos nas redes sociais e publicamente. A violência nos centros urbanos parece não ter fim. E com isso fica difícil esperar pelo novo, pela renovação.

O futuro, na época de Isaías, não tinha uma perspectiva muito promissora ou animadora. Para muitos, no Brasil de 2016 não é diferente. A violência e a falta de perspectivas para os menos favorecidos não davam e não dão motivos para esperança. Em meio a esse quadro, o profeta revela a visão de Deus para o futuro. É importante observar que, no versículo 5, há um convite: “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor”. Para andar na luz, que é Jesus, precisamos estar preparados e vigilantes. Nesse sentido, a passagem de Isaías 2.1-5 parece querer projetar, despejar esperança em meio à escuridão na qual o povo de então e também o de hoje se encontram. É importante observar que o profeta fala do monte, lugar elevado, que permite uma visão ampliada e de maior distância. O monte também é espaço que, pelo fato de permitir ver mais longe, permite es- tratégias, facilitando o estar vigilante, atento ao que acontece nas proximidades. Em suma, o profeta Isaías faz uma profecia sobre a restauração da dignidade, do respeito e da integridade das pessoas naquilo que diz respeito à vida, à política, à segurança e ao bem-estar. Essa profecia diz respeito à noite escura que pairava, mas que será, nas palavras de Isaías, suplantada pela boa-nova vinda de Deus e sua misericórdia redentora.

O evangelho deste dia apresenta palavras de Jesus sobre o fim dos tempos, ressaltando a importância de estar devidamente preparado, razão pela qual destaca o evangelho: é preciso “vigiar, porque não sabeis em que dia vem o Senhor”. Assim temos em mãos um texto que se alinha ao espírito do tempo de Advento, pois pede e adverte para estarmos vigilantes e preparados, “sempre alertas”, como diz o slogan dos escoteiros no Brasil.

Mateus fala de algo novo que está brotando. Assim como cuidamos das plantas que germinam, regando, protegendo do sol e de ervas daninhas e insetos, devemos estar e viver em prontidão para a vinda do Filho do Homem. Advento é tempo especial para tal. Ele quer preparar-nos de modo especial para este novo que vem surgindo, sem ao certo saber onde, como e quando. Mas sabemos que provém de Deus, nosso Senhor e Redentor. E se vem algo novo, equivale a dizer que algo de velho será vencido, terá que ser deixado de lado. O novo é a vida sob a luz e a orientação da palavra de Deus. O velho a ser deixado de lado devem ser a nossa autossuficiência e arrogância de achar que sozinhos tudo podemos. O novo é deixar Deus caminhar junto a nós, de tal forma que, quando não somos mais capazes de seguir andando, permitamos que ele então nos carregue e sustente. Advento chama a crer e viver a partir disso.

A pregação deste dia é baseada em Romanos 13.11-14. Também ali a pa- lavra de Deus chega a nós de um modo confiante e proclama: “E vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente... Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”. Importante tam- bém observar que nesse contexto a palavra de Romanos determina enfaticamente: “Já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos” (v. 11).

Na passagem de Romanos, além do chamado para despertar do sono, fa- zem-se paralelos interessantes, como é o caso da menção à alta noite e manhã próxima. Quero crer que essa linguagem é uma menção daquilo que é velho e que não serve mais, que atrapalha e será sobreposto por algo novo que vai chegar. Esse novo provém do nascimento de Jesus, para o qual nos preparamos especial- mente neste Advento. O novo provém da cruz, da ressurreição, que nos enche de esperança, de modo que possamos nos revestir com Cristo para estar firmes e inabaláveis.

Romanos 13.11-14 fala de noite e trevas. Espaço de medo. De pouca se- gurança. De incerteza. Ao acordarmos à noite, tateamos em busca da luz que nos concede segurança e certeza de como nos locomover sem riscos. Neste tempo de Advento, a luz nos é posta diante dos olhos e nos dá a certeza de que não vamos seguir sozinhos pelos caminhos. Dá-nos a certeza de que a palavra de Deus, seu Santo Espírito e sua proteção nos guardam e orientam. Dá-nos a certeza de que em meio às dificuldades podemos contar com a presença de Deus. O despertar do sono, do qual fala Romanos, e o tempo de preparação do Advento desejam orientar e preparar para tal. E isso equivale a deixar para trás as trevas, ousando caminhar pela luz, pelo novo caminho, proposto pela palavra de Deus. Assim sendo, despertar do sono requer ousadia e determinação. Requer disposição para enfrentar e ajustar-se ao novo.

Em razão disso, neste tempo especial que é o Advento, as passagens deste primeiro domingo convidam e desejam despertar e fazer perceber que Deus está à porta, que ele vem nos visitar. Como nos preparamos para tal? Como vamos recebê-lo? Como nos organizamos para uma visita tão especial? Da mesma for- ma, essas passagens nos convocam e convidam a viver nossa fé com coragem e ousadia, com determinação e afinco. Para despertar do sono e vencer a escuridão, faz-se necessária a luz. Com ela as trevas serão vencidas. Usando a linguagem de Romanos, deixar as obras das trevas (v.12) e revestir-se da luz (v.12). A luz é Jesus, sua boa-nova de salvação.

3. Imagens para a prédica

Advento pode ser definido como um tempo alegre e especial que marca a esperança da transformação e a chegada do reino de Deus para vencer as trevas e a escuridão. Para tal, cada um de nós deve estar atento, desperto, vigilante e participativo. Parece-nos que esse deve ser o foco da mensagem do dia. Em razão disso, vislumbramos que a pregação poderia ser desenvolvida em três tópicos:

a) Despertar do sono – Estar preparado requer envolver-se com a palavra de Deus, deixando-a desafiar-nos para seguir por caminhos novos, mesmo que esses possam parecer desconhecidos. Despertar do sono equivale a dar espaço para Deus caminhar conosco por meio da oração, do estudo da Palavra, da vida comunitária. Como se deu isso no ano que finda? Como queremos que seja no novo ano?

b) Estar vigilantes para ter tempo de alegria e salvação – Se dermos espaço a Deus para seguir ao nosso lado, estaremos sendo vigilantes. Isso não significa que estamos livres de dificuldades, de problemas ou mesmo livres de enfermi- dades. Porém equivale a ter mais confiança para enfrentar esses momentos, pois teremos a certeza de que não estamos sozinhos, mas caminhando com Deus ao nosso lado. Dar espaço para Deus (Advento lembra isso) é ter prioridades. É estar preparado. Sempre vigilante. E tudo isso para que a boa-nova da salvação seja a nossa luz orientadora em meio às trevas e à escuridão.

c) Qual o desafio que fica para nós? Fica o desafio de assentar prioridades para a vida. Iniciamos um novo ano eclesiástico. O ano secular vai terminando. Que avaliemos o que foi bom e no que devemos mudar nossa conduta. Que analisemos nosso agir frente à palavra de Deus e à vida comunitária. Como posso ajudar mais? Como posso ajudar a despertar mais pessoas de seu sono? Como posso ajudar a vencer a escuridão?

4. Subsídios litúrgicos

Acolhida

Sejam todos bem-vindos, sejam todas bem-vindas. Este é o primeiro domingo de Advento. Começa o ano litúrgico da igreja. É tempo de preparação para a chegada do Menino Jesus. Sabemos que esperar é difícil, porque vivemos num tempo de satisfação rápida, num tempo de impaciência. Queremos tudo para ontem. Enquanto preparamos a celebração do nascimento de Jesus, esperamos por sua vinda. É um tempo de reavivar a esperança e a vontade de viver e trabalhar por um mundo mais justo e pacífico. É um tempo para estar vigilante e preparado. Quero acolher todos com as palavras do Salmo 85.7: “Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação”. Que Deus nos inspire para a vigília e a espera desse que vem ao nosso encontro neste culto por meio de sua Palavra e da Ceia que iremos receber hoje. Amém.

Invocação trinitária

Celebramos este primeiro culto de Advento em nome de Deus Pai, o cria- dor da vida; em nome de Jesus Cristo, que se encarnou para trazer a salvação a seus seguidores; e em nome do Espírito Santo, que nos fortalece e nos anima neste culto para sempre estar preparados e vigilantes. Amém.

Confissão de pecados

Bondoso Deus, criador da vida. Nestes últimos dias do ano, o nosso tempo parece que passa cada vez mais rapidamente. Temos a sensação de que as ho- ras estão correndo. As tarefas e preocupações aumentam, a demanda do trabalho exige mais tempo, gerando desgaste físico e emocional, afastando-nos da comunhão contigo. Por isso te suplicamos perdão, Senhor. Esquecemos até mesmo de estudar a tua Palavra, a qual aponta para nós o quanto tu nos amas; deixamos de olhar para as pessoas que convivem conosco no dia a dia, causando dor e sofrimento àqueles que querem o nosso bem. Ocupamo-nos extremamente com coisas secundárias e esquecemo-nos de estar vigilantes e preparados para a tua vinda.

Neste tempo de final de ano, muitas vezes, as festas, as comemorações, os presentes e outras demandas existenciais acabam tomando nosso tempo. Muitas vezes, a correria faz com que nos esqueçamos de tudo aquilo que tu fizeste por nós até os dias de hoje. Não damos ouvidos à mensagem que nos convida ao ar- rependimento para preparar o caminho para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Não damos a devida atenção à misericórdia e ao amor para conosco quando vieste até nós na humildade de uma criança nascida em uma estrebaria em meio aos animais. Por isso nos dirigimos a ti, ó Deus misericordioso, para implorar teu perdão.

Anúncio da graça

Deus não rejeita o nosso pedido de perdão. Deus, por sua infinita bondade e misericórdia, aceita e acolhe todos os que verdadeiramente confessam os seus pecados. A palavra de Deus no Evangelho de João 15.16 diz: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros”. Misericordioso Deus, que vieste ao mundo para nos salvar, foi com teu amor mais profundo que libertaste o ser humano. Por isso, como ministro/ministra de Cristo, anuncio-vos o perdão de todos os pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Bênção

Que neste tempo de Advento e em todos os dias de tua vida a bênção de Deus te acompanhe:
Desejo que Deus te abençoe e te mantenha com vida. Que na vida ele te mantenha com fé.
Que na fé Ele te mantenha em Cristo. Que em Cristo Ele te conceda a salvação
Que na salvação a tua vida seja um testemunho. Que o teu testemunho seja uma bênção.
Assim te abençoe o Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.


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Autor(a): Odair Braun
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Área: Governança / Nível: Governança - Rede de Recursos / Subnível: Governança-Rede de Recursos-Auxílios Homiléticos-Proclamar Libertação
Natureza do Domingo: Advento
Perfil do Domingo: 1º Domingo de Advento
Testamento: Novo / Livro: Romanos / Capitulo: 13 / Versículo Inicial: 11 / Versículo Final: 14
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2016 / Volume: 41
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 45357
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Assim, outros carregam o meu fardo, a força deles é a minha. A fé da minha Igreja socorre-me na perturbação. A oração alheia preocupa-se comigo.
Martim Lutero
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