RESSURREIÇÃO
Quando os evangelhos relatam a ressurreição de Jesus, o começo é sempre a descrição de uma situação que todos nós conhecemos bem: alguém morreu — e aqueles que amavam o morto, estão enlutados e sofrem. A Páscoa efetivamente, nos lembra que a morte é a grande inimiga do ser humano: a morte não é apenas o fim natural da vida — é a destruidora da vida.
Evidentemente, os Evangelhos não dizem apenas que Jesus desapareceu e depois surgiu de novo. A morte não é uma brincadeira de esconde-esconde. A morte sempre tem alguma coisa de definitivo. E aquilo que é definitivo, não tem continuação. O que é irreversível, não tem modificação.
Quando falam da ressurreição, os Evangelhos nos contam, em primeiro lugar, a história de uma destruição. Deus destrói aquilo que era definitivo e irreversível. É toda unia realidade que acaba, é um mundo inteiro que termina. Se a morte é destruidora da vida — a ressurreição de Jesus é a destruição da morte.
As consequências dessa destruição da morte não são fáceis. Por quê? Porque nós só conhecemos esta vida que nós levamos. E toda a nossa vida está construída, está organizada na base (Ia morte que um dia vai acontecer. Basta um exemplo: quando duas pessoas casam, no meio de todos os festejos e brindes, eles estão assinando uma porção de papeis que já fazem a previsão de quem vai ficar com que, quando um dos dois morrer. E quase todo mundo acha muito normal acumular um patrimônio que será dividido entre os filhos e outras pessoas — quando a morte vier.
Quer dizer: quando a Páscoa nos fala da destruição da morte, estamos sendo informados da demolição de uma base importante de toda a nossa vida organizada (pessoal, familiar, profissional, política e social).
E em segundo lugar, quando os Evangelhos falam da ressurreição, estão contando a história de uma construção.
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