Relatório Sinodal 2001

25/05/2001

IV ASSEMBLÉIA SINODAL – SÍNODO MATO GROSSO
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Chapada dos Guimarães, MT, 25 a 27 de maio de 2001
RELATÓRIO DO PASTOR SINODAL


1.Introdução

O relatório a seguir deve ser lido e entendido como continuidade da caminhada e das reflexões contidas nos concílios distritais de 1995, 1996, 1997 e nas assembléias sinodais de 1998, 1999 e 2000. Estes relatórios trazem informações importantes sobre a história do testemunho de fé Evangélica Luterana na área do sínodo, da edificação de comunidades, do serviço do amor cristão e dos desafios do planejamento missionário, bem como de muitas coisas que deram certo e de outras que não deram certo. Sugiro sempre dar uma lida, também, nestes relatórios, pessoalmente e em suas reuniões.

O presente relatório traz informações sobre a terra, aldeias, cidades e o povo na área do sínodo. Vejam quanta diversidade há! Vejam quanta possibilidade de testemunho! Vejam quanta oportunidade de servir ao Senhor no serviço de amor ao próximo!

A seguir, temos uma reflexão a partir da realidade de nossa região. É necessário refletir sobre o significado das migrações, vida do povo, da terra, das culturas, da produção , da riqueza, da pobreza, das florestas e das águas para a igreja. Isso se relaciona, de alguma forma, com a missão? No ponto 3 temos algumas idéias sobre a questão.

E as comunidades e seus grupos de convivência e trabalho, como vão? O presente relatório tem referências, nas quais consideramos aspectos da formação para a missão dos grupos. A finalidade é informar e debater a formação e estímulos para a edificação de comunidades que o sínodo oferece.

Viagens do Pastor Sinodal, dados estatísticos das paróquias e reflexões sobre o futuro constam na parte final do relatório.

“Ide e fazei discípulos”... “para que tenham vida abundante” são a ordem e a promessa de Jesus Cristo. Testemunhemos que este desejo de Jesus possa nos sensibilizar e colocar no caminho dos seus seguidores.

2.Considerações gerais sobre Mato Grosso

2.1. Jesus andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus ( Lc 8.1 ), e muitas pessoas iam com ele. Nós estamos sendo convidados, como Igreja de Jesus Cristo, para ir com ele. Conhecer o povo e a sua geografia é um dos aspectos importantes nesta caminhada. Como vive o povo nas aldeias, cidades e campos em nossa região?

2.2. Há 17 paróquias na área do Sínodo Mato Grosso. 82,3% delas estão localizadas no Mato Grosso, 17,7% estão nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará. Em termos de ecossistema e área geográfica, 75% está localizada na floresta amazônica, 23 % no cerrado e 2% no pantanal. É uma região muito rica nesta diversidade do ecossistema e de nascentes de água. Em torno de 52% dos membros vivem na região de cerrado, 5% na região do pantanal e 43% na floresta amazônica.

2.3. Mato Grosso, em 1977, ano da divisão do antigo estado ( hoje Mato Grosso do Sul e Mato Grosso) possuía ao redor de 700 mil habitantes. A densidade demográfica era de 0, 77 habitante por km ². Cuiabá, a capital, não tinha mais de 200mil habitantes. Havia, aqui, apesar disso, muitos conflitos agrários. A terra tinha muito valor. Na década de 1970, os governos Federal e Estadual incentivaram a abertura desta terra e sua colonização. Abriram longas rodovias no meio do mato ( Transamazônica e Cuiabá - Santarém, por exemplos), deram incentivos fiscais etc. Nossa região foi sendo ocupada por gente que vinha de todos os estados do Brasil. Foi uma época de muita migração interna. No início dos anos de 1980, por exemplo, 1/3 ( 40milhões) de brasileiros estão mudando para as novas áreas agrícolas ou para as cidades. O que mais se encontrava nas estradas era gente de mudança. Foi neste contexto em que se ocupou e redefiniu a geografia humana de toda a área do sínodo. Certamente houve conflitos de interesses neste contexto.

2.4. A densidade geográfica do Mato Grosso, hoje, é de 2,6 habitantes por km². Conforme os dados de 1999, 50% da população total, que é de 2,4 milhões de habitantes, nasceram no estado. Os demais povos nasceram em diferentes estados. As demais seis maiores colônias no Mato Grosso são: 160mil paranaenses; 156mil paulistas; 153mil goianos; 70mil sul- mato-grossenses; 60mil riograndenses ( gaúchos); 50mil baianos. Há 58 áreas indígenas, com uma população aproximada de 23mil habitantes distribuídas em 38 povos e notícias de 9 povos sem contato.

2.5. A produção de Mato Grosso está centrada na agroindústria, ou seja, na produção de grãos ( soja, milho, arroz), algodão, madeira e carne. O PIB do estado cresce em torno de 8%, portanto, acima da média nacional. Estão sendo usados modernos meios tecnológicos para a produção. Há poucas fábricas. A produção se destina para a exportação. Muitas riquezas aqui produzidas não são investidas no estado. Além disso, os custos para o meio ambiente são enormes. A destruição da floresta e do cerrado é grande. O uso de produtos químicos na lavoura agride e vai destruindo o ecossistema. Há algumas ações, como a da Associação de Produtores Luteranos de Alta Floresta, na lutam pela agricultura orgânica. São sinais concretos do testemunho cristão.

2.6. Mato Grosso ocupa o 15° lugar no Índice de Desenvolvimento Humano entre os estados do Brasil. Sua nota é de 0, 767 numa escala que varia entre 0 e 1. A nota de Mato Grosso é igual a nota da Rússia. Apesar da abundância de riqueza natural e produzida, nossa região é mais pobre que a média brasileira. Distâncias, desemprego, exclusão e violência ocupam espaço no cenário mato-grossense.


3. E nós com isso: pensando na missão

3.1. Os dados do item 2 são da realidade dos membros da IECLB. Eles nos dizem respeito. Muitas pessoas migraram, especialmente, entre as décadas de 70 e 80. Membros estavam nestas mudanças que foram feitas. Há gente que aqui chegou com o desejo de viver com dignidade, de reconstruir sua vida ou de encontrar um espaço. Há gente que pensa que não chegou lá onde poderia ter chegado. A vida teria mais a oferecer. Acham que perderam ao migrar. Não estão tão felizes como gostariam de estar. São constatações e observações feitas, quando se pergunta sobre dificuldades na comunidade. Certamente não é este o único fator, porque os problemas têm várias causas. Mas é um fator importante a considerar.

3.2. Nossa vida se faz entre perdas e ganhos. Quando pensamos em perdas, logo lembramos da morte de alguma pessoa querida. Mas a perda é bem mais abrangente. Perdemos a infância, a juventude. Os filhos crescem e saem de casa e seguem seu rumo. Nós mesmos mudamos, deixamos coisas para trás e seguimos novos rumos. Notamos que as novas áreas agora já são velhas. Faz trinta anos que começamos construir comunidades nesse novo contexto da migração para Amazônia. Em 2002, faz trinta anos desde o concílio de Panambi, RS, que aprovou o programa de acompanhar os membros que migram, da igreja se ocupar com o ser humano como um todo e de edificar comunidades missionárias. Não é de hoje que falamos nisso. Já é assunto velho e conhecido.

Neste tempo perdemos e ganhamos. Perdemos a ilusão de que as coisas seriam fáceis, quase que automáticas. Seria só falar, fazer um programa e pronto. Não é assim tão fácil. Ou falta-nos criatividade? Por outro lado, também, ganhamos. Ganhamos na visão missionária. Ela não pode ser desconsiderada. Não pode ser jogada fora. A compreensão de fé evangélico luterana ganhou credibilidade nesta vasta região. Duvidar disto seria duvidar da ação do Espírito Santo. Que Deus nos salve disto! O plano de missão considera a história da salvação das Sagradas Escrituras, mas, também, os sinais e maravilhas que o Senhor vai realizando entre nós.

3.3. A perda é uma constante em nossa vida. Não podemos ser superficiais e achar que a perda não nos alcança. Quem não perde não é humano. A palavra perder aparece 36 vezes na Bíblia. São 8 vezes no AT e 29 no NT. Jesus nos alerta, dizendo que quem quer ganhar a sua vida, vai perdê-la. Por outro lado, quem perder a sua vida por causa dele, vai ganhá-la( Lc 17.33). É importante saber que estamos na mãos de Deus, quer na perda ou não.

Entre os achados e perdidos, vivemos na certeza do amor de Deus. Não perdemos a nossa dignidade de filhos e filhas de Deus. Jesus compara o esforço de Deus em achar-nos ao esforço de uma mulher que perdeu a sua pérola. Ela varre a casa, acende todas as luzes, procura por todos o cantos, tira todas as teias de aranha, procura com esperteza e sabedoria. Quando a encontra, transborda de alegria. Convida as amigas e toda vizinhança para se alegrar com ela.

Deus cria a sua Igreja para nos encontrar. Ele nos ama. Perdemos, talvez, ilusões. Mas não perdemos a certeza de que Deus nos ama. Confiantes em Deus que dá vida, já agora, e , depois, na ressurreição. Amados por ele, aprendemos amar uns aos outros. Este é um grande achado. Vamos nos alegrar com ele. Podemos nos alegrar. Uma dificuldade missionária é que não nos alegramos com este presente que ganhamos de Deus. Quem vive escondido nos cantos, entre teias de aranha e no escuro não consegue se alegrar. Quem não é feliz com a fé que Deus provoca nele, não consegue tornar os outros feliz.


4. Caminhos para a missão

A participação da igreja na missão de Deus depende, também, da formação cristã de seus membros, seus colaboradores, suas lideranças e obreiros. A igreja é missionária na medida em que seus membros o forem. Membros devem ser capacitados a articular e testemunhar a sua fé na comunidade, família e na sociedade. Neste sentido, o Sínodo Mato Grosso investe e pretende continuar investindo na formação e capacitação de seus membros no sentido amplo e em vários níveis e nos seus grupos de trabalho, convivência e testemunho missionário.

4.1. Culto infantil ou escola dominical. A semana da criatividade foi realizada em setembro para atender, especialmente, a música e dinâmicas no trabalho com crianças, com base na compreensão do relacionamento e vida cristã: Deus, você, nós e eu. Além do curso a nível sinodal, há encontros de preparação local onde há trabalho comunitário com crianças e o seminário nacional de capacitação.

4.2- Ensino confirmatório. Na semana da criatividade, também, participam lideranças que trabalham com o ensino confirmatório. Há um seminário nacional de capacitação com base no material da IECLB “Passos da Fé”. Há uma equipe de obreiros do sínodo que está coordenando a elaboração ou adaptação do material para nossa realidade, com assuntos que percebemos serem importantes na região.

4.3- Juventude Evangélica. As oficinas de lideranças e os congressos sinodais da JE do sínodo são muito importantes para a formação e organização com vistas a edificação da comunidade e testemunho cristão jovem. Em 2000, foi realizado o congresso sinodal. Acontecem, também, seminários de líderes e encontros setoriais da JE. A busca na qualificação das lideranças de jovens é permanente.

4.4. 0ASE. Encontros setoriais, formação de lideranças, reuniões do conselho e congresso sinodal da OASE foram atividades marcantes, em 2000. O grupo, como acolher, qual a função do grupo e das lideranças nos diferentes aspectos são metas que estão sendo trabalhadas constantemente.

4.5. Presbíteros. Durante o ano 2000 foram preparados e encaminhados os seminários interparoquiais de presbíteros do plano Comunidade Missionária. Estão sendo usados o material da IECLB “Manual para Presbíteros” e o plano de ações do projeto missionário do sínodo. Precisamos atentar para a necessidade da formação permanente de secretários, presidentes, tesoureiros, conselheiros nas comunidades, paróquias e sínodo.

4.6. Obreiros e obreiras. Há os encontros nos setores e Sinodal. Em 2000, realizamos, em parceria com o Sínodo Vale do Itajaí, o CURSO BÁSICO DA FÉ. Ele tem em vista a formação nas comunidades. Além disso, exegeses e temas se destinam para a formação regular e permanente dos obreiros e obreiras.

Durante o ano 2000, assumiram o trabalho pastoral, no sínodo: Pastora Andréa L. Mühlhäusser ( Água Boa), Pastor Oscar E. Jans ( Lucas do Rio Verde), Pastor John Espig e Pastora Marli D. Schmidt ( Parecis) e Pastor Adélcio Kronbauer se transferiu, com homologação da Igreja, de Alta Floresta para Canarana. Dia 06 de abril, nasceu André, filho do Pastor Samuel e Tânia, de Chapadões. Está fazendo o seu PPHP, na paróquia de Lucas do Rio Verde, Leonir Arno Lohmann. Estão fazendo o seu estágio, as estudantes Rodyane ( Cuiabá), Liane ( Leste Mato-grossense), Fernanda ( Tangará da Serra) e Iracéli (Porto dos Gaúchos). Em janeiro de 2001, assumiu o trabalho pastoral na paróquia de Querência o Pastor Roni Roberto Balz. Desejamos a todos e todas a bênção de Deus no ministério e na preparação através do estudo para o mesmo.

4.7 Líderes de Comunicação. Em 2000, foi realizado um seminário sinodal de comunicação. Desta vez, foi dado especial atenção à formação em relação à produção de vídeo, depois de termos estudado a produção de textos, boletins comunitários e jornal sinodal. Em relação ao jornal sinodal, precisamos de mais investimento nesta área. O assunto está na pauta do Conselho Sinodal. A informatização das paróquias é uma possibilidade, pois a IECLB coloca à disposição um fundo de financiamento para tal.

4.8. Líderes de culto. Foi realizado, em julho, mais um curso de teologia prática para líderes de culto, em parceria com o Instituto de Capacitação Teológica Especial, da Escola Superior de Teologia da IECLB. Foi estudada a I Carta aos Tessalonicenses, no contexto da Teologia Paulina. Além disso, uma boa base na formação litúrgica está sendo dada aos líderes na área. Há grande necessidade na formação litúrgica e em equipes de liturgia no sínodo.

4.9. Música. Música é um assunto que deve receber atenção das comunidades. Inclusive na liturgia, ela é um ingrediente importante. A semana da criatividade foi dedicada para a formação musical. Muitos participantes elaboraram hinos que estão sendo ensaiados para, quem sabe, gravar um CD. Há um encontro sinodal de música que pretende reunir as pessoas que sabem e, também, que não sabem música, mas querem se encontrar para entrar na música.

4.10. Diaconia. Em fevereiro de 2000, foi realizado uma planejamento sinodal em diaconia. São vários projetos em andamento nesta área. São de atendimento a pessoas necessitadas, especialmente crianças e famílias carentes; alfabetização de adultos; projetos de produção, renda e autonomia em associações ou pequenas cooperativas; saúde e meio-ambiente. Desde o ano 2000, o sínodo tem uma comissão de Direitos Humanos, composta por Dieter Metzner, Rinaldo Ribeiro Almeida Segundo e Gerda Langmantel Eichholz. Neste curto período, ela já foi acionada 12 vezes por membros de nossa igreja, sendo em 8 casos de homicídios, 1 de perseguição, 1 estupro, 1 estelionato e 1 de prisão arbitrária. Direito humano é assunto que está bem perto de nós. A sua violação nos atinge como membros da igreja, também.

4.11. Lideranças do Plano de Ação. Foram realizados 19 seminários sobre o Plano de Ação, cujo tema é “Educar para a Ação Missionária”. Um foi de nível sinodal e 18 em paróquias e/ou comunidades. Em torno de 900 pessoas participaram destes seminários que tinham em vista crianças, adolescentes e a família. A avaliação mais aprofundada está no formulário específico que segue mais adiante, conforme o anexo, e nos relatórios das paróquias.

4.12. Concílio. Em outubro de 2000, foi realizado, no sínodo, o XXII Concílio da IECLB. Apesar de toda correria e trabalheira que isso nos custou, foi uma grata realização. Muita gente , lideranças preciosas da igreja de Jesus Cristo, viajaram muitos quilômetros por terra ou ar para aqui se encontrarem num grande encontro do povo de Deus. O Concílio é o órgão decisão máxima na IECLB. Seguiram o caminho dos migrantes e de todos nós. O concílio é um referencial na história do sínodo. O Dia Sinodal da Igreja teve expressiva participação. Muitas pessoas daqui, de diversas comunidades, se esforçaram e trabalharam muito para hospedar nossos irmãos e irmãs.

4.13. Homens. Foi realizado, mais um encontro de homens do setor norte. Somos homens evangélicos luteranos, mas que homens somos? Esta é uma pergunta que me acompanha diuturnamente. O encontro teve, realmente, uma participação muita boa. O desafio é criar grupos ou fóruns de homens evangélicos luteranos, em comunidades, paróquias, setores e sínodo.

4.14. Vida Pública. Várias pessoas membros da igreja colocaram seu nome a disposição do povo e concorreram a cargos eletivos. Sendo assim, temos hoje 3 prefeitos, 1 vice – prefeito e 10 vereadores. Além disso, 6 membros são secretários municipais. A responsabilidade de quem é administrador público é grande. A igreja não pode deixá-los isolados e sozinhos nesta missão. Entendemos, como igreja de Jesus Cristo, que membros podem exercer seu sacerdócio, também, na política. Pensamos em realizar um seminário Sinodal sobre fé e política, convidando os membros que atuam na área.

4. 15. Parceria com Hoya. Durante o ano 2000, não foi realizada visita mútua de parceria com Hoya. Tivemos muitas lideranças da igreja da Alemanha que estavam no concílio e, com isso, também nos visitaram. Tivemos, no entanto, trabalho com a preparação da visita que uma delegação do sínodo Mato Grosso está fazendo, neste momento da assembléia, para Hoya. São 7 pessoas, representando setores de trabalho, quais sejam: culto infantil, OASE, presbíteros, líderes de culto, juventude, conselho sinodal e casa de retiros.

4.16. Casa de retiros. “Buscamos a palavra da vida, Senhor”. Este é o lema da casa de retiros. A casa de retiros é do sínodo. Ela não é “deles lá”. Ela é de todas as comunidades. Foi construída para servir. Como tal é considerada. Todas as reformas e acréscimos nas construções foram feitas com recursos próprios, até o momento. As melhorias foram exigências de quem faz o cursos e seminários aqui e paga mais para manter a casa. Ela tem 60 camas, distribuídas em 18 apartamentos. Organizações sociais, estatais e diferentes igrejas fazem aqui o seus seminários. Em média, ela teve 70% de sua capacidade ocupada, em 2000.

4.17. Fé e negritude. “ Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado se não for enfrentado”, diz James Baldwin. O plano de Missão do sínodo conta com a edificação de comunidades em diferentes contextos sociais, culturais e econômicos. Como sínodo, precisamos conversar muito sobre fé e a edificação comunidade entre diferentes povos e diferentes etnias. Na IECLB, foi realizado, recentemente, um seminário sobre este assunto. Tivemos participação do sínodo, também. O hino diz: “branco, negro e o mulato/ todos vão comer do mesmo prato”. Isso tem sentido para a missão.

5. Viagens do pastor Sinodal

As viagens do pastor Sinodal estão registradas no plano de atividades do sínodo. Foram realizadas mais de cem viagens de trabalho, sendo que 94% delas foram para comunidades, paroquiais e setores no próprio sínodo para seminários, cultos, instalações, visitas de aconselhamento e outras questões. As demais foram feitas em serviço da igreja para reuniões em São Leopoldo, RS; Brasília, DF; Rodeio 12, SC; Curitiba, PR.

Há várias atividades na sede sinodal e aqui na casa de retiros. Nada se faz sozinho. Mas sozinhos fazemos muito. Há o trabalho de escritório. As milhares de cartas precisam ser cuidadosamente lidas. Textos para jornais e outro material escrito. Posicionamentos pela imprensa que em todo momento chama. Atividades de solidariedade e cidadania. Encaminhamentos de casos ligados a direitos humanos aos poderes constituídos. Debates em seminários e audiências públicas. Palestras em escolas, universidades e reuniões em conselhos de municípios e do estado. Ocupa tempo de preparo e de participação. Há as idas para a casa de retiros para seminários e cursos e atender às questões de organização. O sínodo, ainda, participou de outros encontros da igreja a nível nacional, através das respectivas representações.

6. Dados estatísticos


SÍNODO MATO GROSSO – IECLB
DADOS ESTATÍSTICOS DAS PARÓQUIAS
Paróquias Mem. Fam. Contr. Batis. Conf. Cas. Transf. + Adm. Fal. Transf.- Desl.
Água Boa 558 202 214 6 7 3 5 2 1 5
Alta Floresta 206 71 29 10 14 2 2 1 6 5
Araguaia 284 85 77 5 11 1 38 3 2 5 11
Canarana 620 5 20 2 28 8 36 20
Chapadões 285 86 75 6 17 3 7 14 4 22
Cuiabá 317 114 85 5 5 1 3 1 5 1
Leste Matogressense 147 44 21 2 1
Lucas do Rio Verde 696 197 132 11 13 3 12 3 2
Matupá 371 109 112 8 11 4 11 1 3
Parecis 416 130 104 10 22 1 31 3 2 4 4
Porto dos Gaúchos 277 97 9 1 7 7 14 7
Querência 325 99 13 2 13
Rondonópolis 450 150 110 5 6 12 10
Rurópolis 288 86 60 14 5 3 1 3 1
Sinop 1168 292 225 18 30 5 8 4 1
Tangara da Serra 281 9 5 2 4 30 2 2 10
Vila Rica 118 2 1 5

TOTAL 6807 1771 1258 110 162 38 193 48 24 99 94
Obs.: Os números acima foram enviados pela comunidades, até 20 de maio de 2001. Em torno de 20% das mesmas ainda não enviaram os seus dados estatísticos.


7. Pensando 2001

O grande desafio é colocar o programa Comunidade Missionária em ação. A ênfase continua formação, como em 2000. Os seminários interparoquiais de presbíteros tem fundamental importância. Se as lideranças assumirem o programa, então ele vai sair do mero plano. Se não, não há muita chance. Mesmo não tendo garantia, ele vai sair do chão se for assumido. Não é fácil trabalhar neste sentido. Mas, certamente, é válido.

O fundo de solidariedade é parte significativamente importante no plano missionário. Precisa ser aberto o espaço para que as lideranças e a comunidade toda possa trabalhar com fôlego na missão de fazer discípulos de Jesus Cristo... para que tenham vida abundante, como dizem o tema e lema da IECLB.

Além dos seminários interparoquiais, o plano prevê formação mensal em todas as paróquias, inclusive com indicação de temas a serem trabalhados. Ano 2001 é tempo de experimentar e adaptar, no sentido do plano de ações. Ide e fazei discípulos é o envio de Jesus Cristo. Oremos para que ele nos envie com criatividade, fôlego, boa vontade, mente arejada, sem desculpas, alegria, fé e confiança. Mas, acima de tudo, confiemos na sua promessa que diz: Eis que estou com vocês. Que sua presença nos faça ver nossas atrapalhadas, mas que ele edifique sua igreja e nos utilize neste seu construir. Apesar de não sermos dignos, que ele nos use como fermento na massa para construir a sua igreja. Que ele nos leve, assim, à presença do Pai e nos deixe entrar no seu Reino, bem grudados nele. Pedimos por esta alegria.

8. Concluindo, em quatro aspectos

8.1. Tenho a preocupação de olhar para a igreja como um todo. Há diferentes dons e serviços, mas o espírito é o mesmo, diz I Coríntios 12. Penso que trabalhamos, ainda, muito separados. A geografia não nos ajuda muito, porque há grandes distâncias. Mas não podemos nos isolar em nossa comunidade, paróquia ou setor. Obreiros e obreiras poderiam se visitar mais, trocar púlpitos, etc. O mesmo se refere aos presbíteros e outras lideranças. O isolamento é por demais cruel com as pessoas. Ao mesmo tempo, não se consegue crescer, quando não se entra na reflexão. O perigo de que cada qual vai fazer seu próprio reinado é real. Neste sentido, preocupa a edificação da comunidade cristã.

8.2. Preocupa, também, a vida do país. O país é rico e injusto. O fato de tantas pessoas terem procurado a comissão de direitos humanos do sínodo é um sintoma. Há pequenas ilhas de abundância, tentação e esbanjamento. Há mares de pessoas empobrecendo. Por outro lado, o consumismo oferece cada vez mais produtos para o consumo. Todos estão sendo envolvidos e, até, absorvidos pela propaganda e pela idolatria do mercado. Não podemos servir a dois senhores. Aqui, também, é atual o alerta de Jesus. O amor cristão não se acomoda, nesta situação.

8.3. O sínodo parece a extensão de minha casa. Em todos os lugares onde chego sou recebido com apreço. Pessoas se dedicam para mostrar o trabalho, para acompanhar as dificuldades, para celebrar, estudar junto, refletir sobre a vida da igreja e a vida da sociedade. Isso é algo impressionante. É uma solidariedade que transforma. A comunidade de Jesus Cristo vive na solidariedade.

8.4. A esperança cristã. Confiamos em Deus que nos transforma sempre
e nos torna sensíveis. Um Deus que não faz isso, é qualquer deus morto. Nosso Deus é Deus vivo, que luta, sofre e trabalha para que todos tenham grande confiança nele. Ser encantado por este Deus e viver, conviver e testemunhar junto a esta igreja. Este é a esperança e o sentido da vida cristã.

Chapada dos Guimarães, 25 a 27 de maio de 2001

Teobaldo Witter, Pastor Sinodal

 

 


 


Autor(a): Sínodo Mato Grosso
Âmbito: IECLB / Sinodo: Mato Grosso
ID: 59025
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