Estamos na época da quaresma, ou seja, o período que se estende da quarta feira de cinza até a semana santa. É um tempo oportuno para meditar e refletir sobre o sentido da vida e a ação de Deus no mundo. Nestes últimos dias muitas pessoas ficaram chocadas em meio a tantas notícias de tragédias, desastres, enchentes. E as perguntas começam a surgir: Porque isto aconteceu? Será que foi vontade de Deus? Imprudência humana?

Podemos ver que o ser humano faz planos, traça o seu caminho, mas a última palavra vem dos lábios do Senhor (conforme Provérbios 16.1). Por isto nem sempre o que se planeja é concretizado, e por vezes, coisas inesperadas acontecem. Lembro especialmente da enxurrada que se abateu há poucos dias atrás sobre a cidade vizinha de São Lourenço. E se torna impressionante ouvir os relatos de pessoas que vivenciaram o drama das águas invadindo casas, derrubando árvores, arrastando pedras e depois deixando um rastro de destruição e lodo. Pessoas que em poucos minutos viram seus pertences serem arrastados pela força da água e suas vidas transformadas. Onde se apegar nestes momentos e onde reencontrar forças para seguir adiante?

Vejo que por mais difícil que tenham sido as perdas é somente em Deus que é possível sentir o amparo e a proteção. Lembro de Jó, personagem bíblico do Antigo Testamento, que mesmo depois de perder todos os seus bens, de perder pessoas queridas da sua família ele não deixou de louvar a Deus e se colocar sob a sua proteção. Jó reconhece que para Deus nada é impossível. “Pois eu sei que o meu defensor vive; no fim, ele virá me defender aqui na terra” (Jó 19.25)

Deus tem compaixão daqueles que enfrentam necessidades, passam por momentos difíceis. Por isto Jesus convida: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas”. Jesus vem em meio à destruição, tumulto ele vem para oferecer descanso, vem para confortar, para consolar... Num dos relatos que ouvi de uma pessoa afetada pela enxurrada ela dizia: “Perdi tudo o que tinha na casa, mas graças a Deus estou vivo”. Estar vivo, achar forças e recomeçar é o que as pessoas estão tentando fazer em meios a destruição.

Deus ao criar o mundo concedeu ao ser humano a tarefa de cuidar e cultivar a sua criação. E por mais que o ser humano tenha estudado ou se aperfeiçoado em cursos, ele não tem o controle do mundo em suas mãos. Mas a última palavra vem dos lábios do Senhor.

Por isto viva cada dia, mas nunca deixe de render graça a Deus e em momentos de dificuldades saiba estender a mão a quem tem necessidade.

Roili Borchardt – pastora vice sinodal