Reconhecer a Jesus é uma coisa, deixar-se transformar por Ele é outra.

23/06/2019

Lucas 8.26-39

Prezada Comunidade e Estimados(as) radio-ouvintes:

A Palavra do Evangelho nos fala que esses momentos de encontro com Jesus devem ser encontros transformadores. Essa história do Evangelho de hoje aconteceu na primeira viagem de Jesus ao exterior. Quando Jesus disse aos seus discípulos que ele gostaria de atravessar o Lago da Galiéia (tb chamado de Genezaré) e conhecer as pessoas que moravam do outro lado – que era um outro país - os discípulos certamente ficaram preocupados. Todo judeu sabia que fora de Israel só havia gente pagã, gente impura, gente ruim e perigosa. Mas Jesus queria conhecer essa gente e os discípulos foram com ele. No meio da viagem, quando eles estavam no barco, longe da costa, surge uma tempestade. Começou a soprar um vento muito forte, e o barco balançando de um lado para o outro foi se enchendo de água. Os discípulos ficaram apavorados e para eles essas tespestade era um sinal claro que fazer aquela viagem era um erro. Mas Jesus acalma o vento e diz aos discípulos: Por acaso vocês não têm fé?

Quando eles chegaram no outro lado do lago, desembarcaram num lugar chamado Gerasa. Assim que Jesus saiu do barco um homem surgiu do nada e veio correndo ao encontro de Jesus e dos discípulos. Foi uma cena assustadora. Aquele homem era grande e muito forte, todo sujo, sem roupas, com um cheiro forte de quem havia saído do cemitério, do meio dos túmulos. Essa pessoa não conseguia se controlar e nem outras pessoas conseguiam controlá-la. Ficava nervoso por qualquer coisa e então tornava-se uma pessoa violenta e avançava sobre as pessoas. Certa vez conseguiram prendê-lo, mas ele chegou a quebrar as correntes que o prendiam. Esse ser assustador veio correndo em direção a Jesus e dos discípulos. Quando Jesus perguntou: Como é que você se chama? O homem respondeu: O meu nome é Multidão. Uma multidão de demônios havia entrado dentro dele. E ai acontece algo estranho. Esses espíritos demoníacos disseram: Jesus, Filho do Deus Altíssimo, O que o senhor quer de mim? Por favor, não me castigue (v.28). Os espíritos demoníacos reconheceram a Jesus e até tiveram medo de Jesus, mas não quiseram largar aquele homem.

Jesus se aproximou desse homem e depois de um breve diálogo com ele, Jesus o libertou dos demônios, que entraram numa manada de porcos e depois se atiraram morro abaixo, para dentro do lago e morreram afogados.

A notícia da cura do homem dominado por muitos demônios se espalhou rapidamente e muitas pessoas saíram da cidade para ver o que tinha acontecido. No entanto, as pessoas da cidade não reconheceram e nem receberam a Jesus. Ao contrário, o rejeitaram. Pediram que Jesus fosse embora dali. Então Jesus subiu no barco e foi embora. Antes, porém, disse ao homem curado. Volte para a sua casa e conte o que Deus fez com você. (v. 39). Jesus havia transformado aquele homem perturbado, assustador e violento num missionário.

Essa história nos quer dizer que Jesus vai longe para se encontrar com pessoas que se sentem excluídas e atormentadas. Jesus reconhece quando dentro da cabeça e do coração das pessoas existem outros poderes, outras vontades, outros espíritos que são contrários ao Espírito de Deus. O encontro com Jesus, no entanto, quer libertar a pessoa de todos esses sentimentos, pensamentos e atitudes contrárias a vontade de Deus. Essa libertação nem sempre é automática. Às vezes isso leva tempo, mas ela acontece sempre que nos colocamos sob senhorio de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Sem essa libertação a vida continuará igual.

Quando não mudamos nossas atitudes, seremos como esse homem endemoniado, dominado por outros poderes contrários a Deus, que até reconheceu a Jesus, mas não se deixou transformar pelo Espírito de Deus.

Martim Lutero ensinava que a pessoa que um sinal claro de que uma pessoa se deixou transformar pelo encontro com Jesus, é quando essa pessoa passa a viver mais para os outros que para si mesma. Ela ora mais pelos outros que por si mesma. Porque quem vive a vontade de Deus procura a comunhão, o bem-estar de todas as pessoas, cuida do meio-ambiente. E quanto mais ela se deixa guiar pela vontade de Deus, mais abençoada ela será com os frutos do Espírito Santo que são: amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade e domínio próprio (Gl 5.22-23). Essas são coisas que Deus nos concede quando praticamos a sua vontade em nossas vidas, em nossa igreja e em nosso país.

Mas, devemos estar atentos. Quando invocamos a Deus Pai, Filho e Espírito Santo devemos saber que os espíritos impuros costumam se esconder também dentro de nós. E não são poucos não. São muitos, são uma multidão. Por todo lado existem muitas pessoas, partidos políticos, governos que querem fazer a nossa cabeça, que querem nos transformar em seus seguidores. Esses espíritos impuros reconhecem a Jesus como Filho de Deus, marcham pelas ruas dizendo que são a favor da vida, mas na verdade promovem os frutos como o ódio, a discriminação, a violência, a intolerância, o ódio contra pessoas de outra condição sexual, social, política, econômica, religiosa. Pessoas que fazem isso, podem até ter visto a Jesus, mas ainda não se deixaram transformar por ele. Por isso, devemos sempre ter o cuidado e nos perguntar: Quem é o senhor de nossas atitudes e nossos pensamentos? Quando as pessoas olham para nós, a quem elas enxergam? Uma pessoa que é guiada por Deus Pai, Filho e Espírito Santo? Ou uma pessoa que é guiada pelos espírtos impuros que promovem a violência, a morte, a discriminação. No Evangelho de hoje nós ouvimos que até os espiritos impuros reconhecem a Jesus, mas não se deixam transformar por Jesus. Por isso, nossas atitudes vão dizer se a Palavra de Deus nos transformou ou não.

Essa semana que passou tivemos o feriado de Corpus Christi e também vimos a Marcha por Jesus. Foram dois eventos religiosos que mobilizaram milhões de pessoas. As pessoas que participaram desses eventos certamente estavam procurando se aproximar mais de Deus. Pessoas que ornamentaram caminhos ou pessoas que vestiram a camiseta por Jesus. A grande maioria são pessoas sinceras. O lamentável é quando esses eventos-  onde as pessoas procuram se aproximar mais de Deus - de repente são contaminados por atitudes nada cristãs. 

Pessoas transformadas por Jesus não conseguem mais conviver com atitudes violentas, agressivas, discriminatórias. Pessoas transformadas por Jesus passam a entender que a paz social somente é possível com justiça social. Por isso, como luteranos e luteranas – devemos dizer: Eu não posso promover o ódio entre as pessoas, porque eu estaria negando a Jesus e pecando contra o Espírito Santo com essa atitude. A minha fé diz que toda pessoa batizada é herdeira da graça de Deus. E se eu me coloco debaixo da vontade desse Deus da Graça e do Amor, seria uma contradição eu apoiar a liberação exagerada de agrotóxicos, promover o ódio, as armas, a violência e a discriminação, ou então construir muros de separação contra pessoas diferentes, porque - pela graça de Deus- todas as pessoas são meus irmãos e minhas irmãs.

Quando nós nos reunimos em Culto para ouvir a Palavra de Deus, queremos que essa Palavra de Deus nos oriente, nos ajude a conduzir a nossa vida. Hoje nós ouvimos que Jesus vai longe para se encontrar com pessoas que perderam o controle de si mesmas. Pessoas que foram dominadas por espíritos impuros e -por isso - não conseguem mais conviver com ninguém. Jesus não rejeita pessoas assim. Ele oferece ajuda. Uma ajuda transformadora. Jesus não deixa as coisas como estão. Ele quer promover uma mudança de atitudes, de pensamentos. Jesus sabe que isso é muito dificil para nós. Por isso, ele prometeu enviar o Espírito Santo, que é capaz de promover essa transformação. 

Fazer a vontade de Deus é a única condição que Jesus nos pede para que sejamos agraciados/abençoados por Deus. A pessoa que se coloca sob a vontade de Deus verá que o Espírito Santo criará novos espaços em sua vida. O Espírito Santo tirará essa pessoa dos espaços estreitos da vida e a levará para espaços abertos cheios de vitalidade, de novas possibilidades, porque colocar-se sob a orientação de Deus Pai, Filho e Espírito Santo é o que realmente dá sentido à vida humana.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, nosso Pai, e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Comunicação / Nível: Comunicação - Programas de Rádio
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 26 / Versículo Final: 39
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 52297
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