O monge vivia num lugar isolado, no alto da montanha. Por sua sabedoria, muitos o procuravam em busca de orientação. Ele escutava com muita atenção cada um dos seus amigos visitantes, partindo sempre da mesma pergunta sutil: Afinal quem é você? As respostas eram as mais inusitadas ou divertidas possíveis. Certo moço disse: Eu sou advogado! Outro já defendeu: Sou um gaúcho! Há quem leve na esportiva: Corintiano! Outros apelavam à fé: Sou luterano. Ou à classe social: Sou empresário, com fazenda no Mato Grosso. Os ideológicos: Com orgulho, sou de direita! O olhar fixo e intrigante do monge instigava sempre uma nova resposta que não satisfazia nem a quem dizia, nem a quem ouvia. Por fim, vinha a derradeira pergunta: Diante de Deus, quem você é? Em seguida, concluía o sábio: Se você souber a resposta eterna também saberá viver bem os tempos atuais. Por isso, tire um tempinho e responda agora para si mesmo: Quem eu sou para o Senhor?
Composição de Roberto Carlos (1972), “A Montanha” foi gravada também com Os Incríveis (1977).
