Quando orardes, não sereis como os hipócritas, que gostam de orar... para serem vistos dos seres humanos (Mateus 6.5).
A oração é conversa, é diálogo com Deus. E em sendo diálogo, não há lugar para gritos, altas manifestações de aparência, gestos de autoritários. Conversa muito alta incomoda e atrapalha a boa comunicação. Assim, como o orar deve ser comedido e com calma, o contexto amplo desta admoestação ensina igualmente como praticar a justiça (Mateus 6.1); como dar esmolas (Mateus 6.2) como orar (Mateus 6.5) e aqui entra o Pai Nosso; e como jejuar (Mateus 6.16).
A oração como um momento de diálogo com Deus tem a capacidade de nos remeter a espaços mais íntimos e delicados, conflitivos, obscuros até, de nossas vidas. Quando oramos, numa postura que permite o olhar sobre estas situações delicadas, podemos nos abrir pra Deus. Assim, a oração pode ser um processo terapêutico. É colocar-se diante de Deus, com o coração aberto, pedindo ajuda, agradecendo, intercedendo. E isto não acontece com orgulho, com cabeças altivas e autossuficientes, mas sim com humildade e respeito. Humildade e respeito não significam submissão. A oração humilde e sincera abre espaço para a misericórdia e a compaixão. Um espaço de comunhão é estabelecido.
As mulheres da Libéria usaram a oração como um instrumento de mudanças sociais. Na época de guerra civil naquele país africa- no elas se juntavam em oração, sentadas em praças, em ruas, em frente aos quartéis do exército e pediam o fim da guerra e violência. Oravam pela paz. E a oração, com ação, destas mulheres colaborou para estabelecer os acordos de paz naquele país (2003). Leymah Gbowee, que recebeu o prêmio Nobel da paz em 2011 foi uma destas mulheres que, junto com o grupo de mulheres da Igreja Luterana da Libéria, reuniam-se nestes círculos de oração pela paz.
Assim como a postura é imporante, a linguagem também o é. As experiencias das mulheres em relação à linguagem teológica nos admoestam que orar unicamente a um Deus Pai, Todo-poderoso pode ser limitante ou até doloroso. Por isso, em comunhão, com mãos dadas, cruzadas ou abertas, aprendemos a sussurar em oração...
Pa. Dra. Elaine Neuenfeldt -FLM - Genebra / Suíça
Oração
Deus Amoroso, que nos acolhe e abraça como uma mãe ou um pai! Nós nos achegamos a ti e te pedimos, escuta o que conseguimos dizer, expressar em palavras, o que carregamos em nosso coração. Mas, acolhe também aquilo que não conseguimos expressar em palavras, mas em linguagem corporal, nossas dores, nossos medos, nossas angústias. Agradecemos-te por esta conversa, por este espaço e momento de diálogo. Escuta-nos e esteja conosco, hoje e sempre. Amém.
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