Quando o sofrimento se faz presente - Culto 21/03/2021 Paróquia Bom Samaritano Ipanema, Rio de Janeiro/RJ

Culto on-line Hebreus 5.5-10

20/03/2021


Estamos quase encerrando o período da Quaresma. O próximo domingo com o Domingo de Ramos, iniciamos a Semana Santa. Em todo este período, os textos bíblicos previstos nos ajudaram a refletir sobre a paixão de Cristo e o significado desse acontecimento para a nossa vida. Hoje, falaremos sobre o sofrimento que Cristo teve que suportar e a sua relevância para as nossas vidas.

Pregação baseada em Hebreus 5.5-10
Quanto dói a morte de um filho? Quanto dói a morte do esposo, da esposa? Quanto dói a perda da mãe, do pai? Quanto dói perder um ser querido? Será possível quantificar a dor? Será possível responder essas perguntas sem ter passado por esse momento de dor? Será que eu como pastor posso falar sobre este assunto? Será que alguém pode ter empatia que chega para dizer que sabe o que a outra pessoa sente e sofre?
Desculpem tantas perguntas no início da prédica. Mas, alguns temas têm mais perguntas que respostas e o texto da carta aos Hebreus é um de esses casos. Fala do sofrimento de Jesus e como devemos entender, sentir e viver esse sofrimento. Não é fácil colocar-se nos sapatos de outra pessoa e menos ainda quando essa pessoa é o Cristo encarnado.
Jesus sofreu, percorreu um caminho amargo e difícil. Os evangelhos contam a sua trajetória de vida. O seu nascimento foi complicado, teve que fugir e ser refugiado aos poucos dias de vida. Depois de adulto, esteve entre pessoas que somente o procuravam para tirar proveito ou para encontrar algum erro e com isso poder acusá-lo e matá-lo. Mesmo assim, ler os relatos dos evangelhos não significa compreender a dor, o medo e o desespero de Jesus. Só iremos de fato saber do seu significado se passarmos por experiências de vida semelhantes as que Jesus passou. Quando estivermos passando por “momentos de fundo de poço” será mais fácil sentir o que Jesus e os seus seguidores sentiram.
O sofrimento de Jesus não está apenas nas feridas de espinhos, nos açoites ou na pesada cruz que carregou. O sofrimento vem também das palavras da multidão (crucifica-o!), do silêncio e até da fuga dos seus discípulos, o olhar desviado de Pedro após o terceiro canto do galo. As feridas na pele doem, podem até fazer cicatriz. Mas, o que realmente doe são as feridas na alma. E, finalmente, da chacota: “Se de fato és filho de Deus, desce da cruz”. Jesus não desceu da cruz, foi até o fim. Pelo que lemos na carta aos Hebreus o seu sofrimento não foi em vão, pois, se transforma em serviço sacerdotal definitivo, eis o carimbo do seu ministério.
Como nós lidamos com o sofrimento que está presente em nossos dias? Quanto sofrimento gratuito por mãos inescrupulosas! Quanto sofrimento por causa de nossos próprios erros!
Jesus foi obediente. Por que Jesus não mostrou o seu poder e desceu da cruz? Teria sido muito mais fácil para ele. Seria muito mais fácil para nós, cristãos, anunciar um Senhor poderoso ao invés de ter que anunciar o escândalo do crucificado. Por que teve que ser assim? A resposta que encontramos na carta aos Hebreus é obediência. Obediência não como um seguimento cego de leis ou ordens. Obediência como processo de tornar-nos sacerdotes. De estar diretamente relacionados com Deus e por isso ter a possibilidade de questioná-lo, de suplicar, de pedir que seja de outro jeito. Obediência que questiona para poder descobrir mais. Descobrir a verdadeira face de Deus, aquela que está oculta para os seres humanos e que muitos de nós não conseguimos compreender plenamente. E no exercício da obediência descobrimos que Deus não é força ou violência, mas que é amor e solidariedade. Em obediência andamos, sem que muitas vezes entendamos.
E nesse caminhar como parte do povo de Deus é que reconhecemos Jesus e o seu papel no agir divino. Há muitas imagens de Jesus que capturaram nossa imaginação - Jesus como bebê, pastor, carpinteiro ou mestre. No entanto, aqui em Hebreus 5, Jesus é descrito como um sacerdote, um sumo sacerdote na ordem de Melquisedeque. Deus o nomeia em um sacerdócio que não é temporário. Como povo de Deus estamos a caminho e temos saudades de um lugar onde possamos nos reunir, ter paz, onde nossas dúvidas e perguntas encontram respostas. Para o povo de Israel, o sonho era a Terra Prometida e o Templo de Jerusalém, onde o sumo sacerdote era o mediador entre Deus e o seu povo. Para nós, o alvo e o sonho é o Reino de Deus, do qual Cristo se tornou o mediador e o sumo sacerdote. Jesus é o caminho certo que nos leva ao lugar onde encontramos Deus. Somos desafiados a permanecer fiéis e firmes em nossa fé, pois temos um sumo sacerdote que sofreu por nós, o próprio filho de Deus.
Com certeza a pandemia não será o nosso último problema, mais problemas virão, mais “momentos de fundo do poço”, porém não podemos esquecer que o nosso Senhor sofreu por nós, que não estamos sozinhos, que a partir do Batismo, nós somos sacerdotes e que podemos comunicar-nos com Deus e não por último não esqueçamos do nosso alvo: o Reino de Deus. Amém.
 


Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Bom Samaritano (Ipanema-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Hebreus / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 5 / Versículo Final: 10
Natureza do Texto: Liturgia
Perfil do Texto: Celebração
ID: 61575
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