Quando Deus faz a festa

Artigo

11/12/2004


Festa, comida, bebida, preparativos... Compras... Vendas... Presentes... Enfeites... Mensagens... Cartões... Luzes... Roupas... Ufa!.

A somatória de afazeres no final de ano cansa.

Que loucura de dezembro é esta, que cega nossos olhos e também cerra nossas línguas e corações? Não seria este o momento de parar? Se deixar impactar pelo novo?

Estamos ainda vibrando pela vinda e presença de Deus ou confusos com tantas coisas e festas que embalam estes tempos?

Há muito venho me fazendo essas perguntas.

O ritmo dos feriados podem estar ofuscando o propósito do Natal. Sem ser moralista ou legalista, acho que este tempo inspira avaliação sobre o sentido da vida.

Permita-me dar algumas sugestões. Arriscando-me parecer um pregador - o que realmente sou. Creio na alegria de Deus. Compartilho sobre um fato na vida de Jesus no qual estou refletindo.

Jesus vai a uma festa de casamento. Porque no início de seu ministério Jesus vai a um casamento?

Lá tem bebidas, gargalhadas, danças, barulho... Não dá para pregar.

Eis uma boa pergunta para refletir neste dezembro de festas.

Jesus em sua primeira jornada levou seus discípulos a uma festa. Não tinha Ele trabalho a fazer? Não tinha Ele princípios a ensinar? Não era o seu tempo limitado? Como uma festa de casamento podia encaixar-se em seu propósito na terra?

Em Jo 2.2 é dito: E foram também convidando Jesus e seus discípulos para as bodas.

Jesus foi convidado. Ele faz parte da lista de convidados. Ele não fora convidado por ser um celebrante ou por causa de seus milagres. Ele foi convidado porque gostavam dEle. E amigos gostam de estar juntos.

É cativante saber que Jesus, tendo sobre seus ombros o desafio de redimir a criação, Ele tem tempo para caminhar quase 145 km (Jericó entre Caná) para estar com amigos (as). Por isso, as pessoas gostavam dEle. Esse é o jeito querido de Deus ser. E deveria ser nosso também como cristãos.

De onde provém a idéia de que um cristão de ser solene? Quem iniciou os rumores sobre a necessidade de o cristão andar de cara fechada? Como criamos a premissa de que os abençoados são os de cara amarrada?

Quero dar minha opinião sobre o motivo que levou Jesus a ir ao casamento.

Leia a explicação até o final para que possa entendê-la. Não tire conclusões apressadas!

Ele foi a festa para se divertir!

Uma pausa seria bem-vinda.

Seu propósito não era transformar água em vinho (isso foi um favor aos amigos).

Nem era para demonstrar poder. Também não era para pregar.

Jesus foi à festa para se alegrar. Por gostar das pessoas e estar com elas.

Não estou falando sobre deboches, bebedeiras, adultério, tampouco apoiando concessões grosseiras ou obscenidades. Estou refletindo sobre a liberdade ser feliz e alegre.

Apreciar o encontro, abraçar, estar juntos, festejar e celebrar a vida. Talvez esses pensamentos o tenham pego de surpresa. Aconteceu comigo também.

O que aconteceu com nossa alegria do Natal?

São nossas gravatas que nos sufocam? São nossos diplomas que nos engrandecem?

São os bancos de igreja que nos formalizam?

Conseguiríamos aprender a ser criança novamente?

Tragam as bolinhas de gude! (e se os sapatos ficarem arranhados?) Tragam o carrinho de rolimã (e se sujarmos a roupa?) Tragam o ioiô (e se ele nos acertar os dentes?)

Seja criança novamente, sorria, molhe sua bolacha no copo de leite, tire uma soneca, peça desculpas, caso tenha magoado alguém, cace uma borboleta. Volte a ser criança, solte-se! Você não tem algumas pessoas para abraçar, pedras para pular ou faces para beijar?

Honestamente, a reclamação tem melhorado seus dias? A murmuração tem pago suas contas? A preocupação com o amanhã o tem ajudado?

Jesus tirou tempo para se alegrar... não deveríamos fazer o mesmo?

Egon Alberto Wutzke
mestre em teologia e pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
na Paróquia Unida em Cristo
em Joinville - SC

Jornal ANotícia - 11/12/2004

 

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