A pergunta feita parece ter uma resposta fácil, isto é, quando uma pessoa cai ela vai querer se levantar. Como a criança que está aprendendo a caminhar e, em meio algumas quedas, procura se levantar e andar de novo. Na vida adulta e como resultado das escolhas, decisões e do que nem planejamos ou esperamos, passamos por experiências de quedas. E queremos nos levantar?
Isso também se aplica na vida cristã. Na tua vida com o Senhor Jesus. Em nosso hinário cantamos: “Creia sempre, sem cessar, siga em fé sem vacilar” (159 HPD). Mas algumas quedas sofridas na vida podem nos deixar abatidos na fé. Daí que temos no texto do livro de Jeremias a segunda pergunta: “Quando alguém se desvia do caminho, não torna a voltar?”. A pessoa que, por motivos mais diversos, afastou-se do caminho do Senhor, não vai ela querer voltar? Quando a oração parece como palavras ao vento, o culto e a comunhão com os irmãos não atrai mais, a vontade de servir ao próximo parece se esgotar e o próprio Senhor parece estar distante. Algo semelhante à descrição feita de Jerusalém que “era como o melhor vinho, porém agora é como o vinho misturado com água” (Isaías 1.22). Então ecoam as perguntas no livro do profeta Jeremias: Como se levantar? Como voltar?
Acredito que é preciso primeiro recebermos de Deus mesmo a força da humildade. Ele abre os nossos olhos e sentidos para duas coisas. Primeiro, não é o pastor, a igreja, o pai, a mãe ou uma amiga que faz essa pergunta: “Quando alguém se desvia do caminho, não torna a voltar?”. Essa é a pergunta que o Senhor faz. Não pense jamais que o Senhor é indiferente para contigo. Que tua vida e teus caminhos não lhe importam. Você que foi batizado no nome do Senhor, ele sempre vai continuar te amando. E se, porventura, a vida te levou por caminhos diferentes daqueles que você mesmo aprendeu em tua Igreja ou com os teus pais, saiba que o Senhor se importa contigo. Ele pede pela tua volta. Mas você quer isso mesmo? Quer de verdade? De todo o teu coração?
Para tanto, há ainda uma segunda coisa para a qual Deus quer abrir os nossos ouvidos. É uma pergunta para cada qual fazer a si mesmo: “que fiz eu?” (veja Jeremias 8.6). Quando andamos por caminhos que são bons, podemos dizer que pessoas ou circunstâncias são culpadas. Mas, se eu quero me levantar, acertar a vida e o caminho, é preciso que eu olhe para mim mesmo: e responda esta pergunta: “que fiz eu?”. Perceber e dar conta de onde as minhas atitudes e palavras afastaram os outros de mim e, finalmente, eu mesmo fiquei longe de Deus porque o coração esfriou. Faz um grande bem nos colocarmos no lugar do discípulo Pedro que negou a Jesus e depois teve um encontro com ele. Jesus ajudou Pedro a olhar para dentro de si mesmo e fez isso com uma pergunta: “tu me amas?” (João 21.15ss). Essa pergunta foi feita três vezes. E Pedro confirmou que amava a Jesus.
Também em nossa vida há momentos que precisamos renovar. Ou, como diz o texto, precisamos nos levantar! Precisamos voltar! Isso vem do Senhor e é para o nosso bem. Neste ano em que temos a grande alegria de celebrar os 500 anos da reforma, seja oportunidade de testemunho e de firmeza na fé de cada um e de todos nós juntos. Como cantamos: “Vale a pena prosseguir. Glorioso é seu porvir; creia em Cristo até o fim; ele chama: creia em mim!” (159 HPD). Amém.
