HPD nº 98 Qual barco singra pelo mar
Desde o século III usam-se símbolos como a arca de Noé, barco, e âncora para ilustrar a comunidade cristã. A partir do século IV acrescenta-se a cruz como mastro da nave, que representa Cristo no centro da sua Igreja..
O hino HPD nº 98 Qual barco singra pelo mar [no original alemão Ein Schiff, das sich Gemeinde nennt] ilustra muito bem o barco da igreja do Senhor que singra através do mar da história. Este tema é relembrado no primeiro verso de cada uma das quatro estrofes.
Além disso, a 1ª estrofe mostra claramente o alvo ao qual a viagem do barco se dirige: Eternidade o alvo é. Ou seja: Nossa vida é uma viagem em direção à vida eterna, onde estaremos para sempre com o Senhor (como o apóstolo Paulo diz em I. Tess. 4,17). Perguntamo-nos: a nossa Igreja ainda está na direção certa? – O autor do hino levanta uma outra pergunta angustiante: será que vamos alcançar este alvo sem naufragar antes? Pois o mar da vida não é sempre tranqüilo, mas há temporais que causam medo, angustia e dor e que exigem luta e empenho de todos os viajantes.
A história bíblica de Mateus 8,23-27 conta que Jesus acalma uma tempestade no mar, e aos discípulos diz: Porque sois tímidos, homens de pequena fé? Aprendemos que nós cristãos, tanto como indivíduos, quanto como igreja reunida, podemos confiar no nosso Senhor em todas as tempestades e tumultos de nossa vida.
O autor do hino expressa esta confiança nas palavras de oração do estribilho: Guia-nos, Senhor! Ampara-nos, Senhor, pois sem ti nos assaltam temor, solidão. Ó guia-nos, Senhor! Aqui fica claro – quem é o Capitão do navio é o Senhor Jesus. Ele guia. Ele ampara. Sem sua presença perdemo-nos no vasto mar de religiões que nos rodeiam. Com Cristo no barco somos igreja do Senhor.
A 2ª estrofe apresenta uma outra ilustração: - barco em calmo porto. Seria muito agradável poder viver em tranquilidade e paz de um porto seguro, sem ondas assustadoras, lembrando os momentos gloriosos da história da Igreja.
Porém, o Capitão do barco da Igreja nos chama a trabalhar, agir, lutar. - Jesus disse: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura (Marcos 16,15). Rogai ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara (Mateus 9,38). Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio (João 20,21). Mãos à obra. Nós temos tarefas a cumprir.
No final da segunda estrofe somos lembrados duma verdade que o ditado popular resume nas palavras: Quem não arrisca, não petisca. Quem medo tem de hoje agir, de Deus pouco verá. Só quem na luta persistir, vitória alcançara. Por isso clamamos: Guia-nos, Senhor!...
A 3ª estrofe tem em mira a tripulação do barco, ou seja: trata dos colaboradores da Igreja. Todos deveriam estar unidos em fé e amor. Todos deveriam confiar no bom navegador, obedecer ao Capitão e cada um em seu lugar cumprir o seu dever. Mas a tripulação é composta de pessoas humanas, as quais tem falhas e lados fracos. Infelizmente há egoístas, cabeçudos, invejosos e insatisfeitos entre eles. As diferenças causam brigas desnecessárias e levam à desunião e separação. (Veja o que o apóstolo Paulo pensa a esse respeito: I. Coríntios 12,25). Deste modo o barco tem dificuldade de permanecer no rumo certo. Por isso clamamos novamente: Guia-nos, Senhor!...
A 4ª estrofe mostra mais uma vez o alvo que indica a direção e o rumo a seguir. Lá na frente o Deus Eterno está esperando. Mas parece que nosso barco não vai pra frente. Lentidão (no original fala de Einsamkeit = solidão) e medo atrapalham nossa viagem. Porém, convém sempre lembrar que em rumo igual amigos há que auxílio vêm prestar. Com eles podemos vencer as próprias limitações e fraquezas e ganhar nova coragem para seguir em direção ao alvo prometido. Enquanto não chegamos lá cantamos Guia-nos, Senhor!....
Texto e melodia deste hino são da autoria de Martin Gotthard Schneider, em 1960.