Projeto pioneiro: fotografar as igrejas da IECLB

01/12/2001

Projeto pioneiro: fotografar as igrejas da IECLB

Ingoberto Swarowsky

Há anos vinha alimentando um sonho de conhecer e fotografar todas as igrejas da IECLB e, para tal, minha esposa Romilda e eu vínhamos nos preparando financeira e espiritualmente. Financeiramente, para adquirir um trailer de bom tamanho, que nos servisse como residência com um certo conforto para não cansar, já que a viagem duraria no mínimo cinco anos para se completar, e uma caminhoneta nova e de porte para puxar o trailer. Aí veio a sugestão: por que não um motor-home? Bem, isto é um assunto para uma próxima oportunidade. E espiritualmente, por sabermos dos perigos e das dificuldades que encontraríamos pela frente.

Bem! Tudo pronto. Em dezembro de 1999, comunicamos à diretoria e demais componentes do Coral Martin Luther, de Porto Alegre, a nossa ausência do mesmo a partir daquela data pelo motivo que eles já sabiam. Em março de 2000, começou a concretizar-se o nosso tão sonhado projeto.

Começamos por Sertão Santana (RS) e arredores, por se tratar de uma comunidade conhecida e termos amigos na mesma. Valeu a experiência. No segundo dia, já estragou a geladeira, pois não sabíamos que o trailer deveria ficar no nível porque a geladeira é a gás. Voltamos a Porto Alegre depois de descobrir que não existe assistência técnica no interior para a manutenção de trailers e seus componentes. Enquanto a geladeira estava sendo consertada, ficamos avaliando nosso propósito e chegamos à conclusão de que não seria possível fotografar todos os templos da IECLB, pelo menos não nos cinco anos estipulados. Após alguns dias, a geladeira ficou pronta. Seguimos viagem, desta vez para Montenegro (RS) e Salvador do Sul (RS), onde pegamos três dias de chuva e atolamos. Fomos socorridos pela prefeitura a pedido do sr. Hélio Reiner. Em Farroupilha (RS), estivemos mais um mês devido a um acidente com nossa caminhoneta, mas graças ao apoio da pastora Vânia Moreira Klen e de Edy Georg e filhos, este mês se transformou num tempo agradável. Participamos até do grupo de canto da comunidade local.

Em São Joaquim (SC), tivemos que interromper a viagem e voltar a Porto Alegre, pois o frio chegou a 18 graus negativos durante a noite e congelou a água nos canos, reservatório e aquecedor; ficamos três dias sem água. Quando a água começou a descongelar, jorrava por todos os lados, pois tinha arrebentado todo o encanamento e o aquecedor de água. Para agravar a situação, estouraram dois pneus do trailer e, como são medidas especiais, não os encontrei. Fomos obrigados a adquirir cinco pneus de automóveis que mais se ajustavam; mais tarde, esses também estouraram por não suportar o peso do trailer. Resolvemos que nessa primeira etapa viajaríamos só pelo Rio Grande do Sul.

No tocante à receptividade, esta se tornou mais fácil com uma carta de apresentação do Pastor Presidente da IECLB, Huberto Kirchheim. Muitas vezes, tivemos dificuldade para localizar nossas igrejas, pois a maioria não possui identificação. Ao solicitar informações, as pessoas identificam como igreja evangélica ou igreja dos alemães, sendo que, muitas vezes, não era a nossa (IECLB). Outra dificuldade é conseguir informações envolvendo datas, pois na maioria não há registros. Esta falta de registros, muitas vezes, deve-se à sua destruição durante a Segunda Guerra Mundial, porque estavam escritos na língua alemã ou porque não havia mesmo preocupação em ter um registro.

Houve um caso que acompanhei pessoalmente: numa assembleia de uma comunidade do interior gaúcho, o secretário registrava o assunto diretamente no livro de atas, porém não conseguia acompanhar o debate — enquanto a assembleia encaminhava-se para o seu final, o secretário ainda estava tentando lembrar-se dos primeiros assuntos que tinham sido tratados.

Já passamos um dia inteiro atrás de informações como e quando surgiu uma comunidade e foi construída a sua igreja. Fomos indicados a fulano que foi presidente por muitos anos, que nos recomendou a beltrano, que nos mandou a sicrano, e assim chegamos a um casal de aproximadamente 65 anos, e este nos falou: Olha, eu sei que meu finado pai foi a primeira criança a ser batizada nessa igreja. E isto faz quantos anos?, perguntei. Bem... já faz mais ou menos cinco anos que ele faleceu e, se não me falha a memória, ele faleceu com 78 anos de idade. Perguntei em que cemitério ele fora sepultado, pois geralmente o túmulo tem a data de nascimento e falecimento do morto. Desta forma conseguimos muitas informações e resgatamos muitas histórias.

Um dos pontos agradáveis desse empreendimento é o fato de recebermos muitas visitas em nosso trailer e muitos convites para almoços ou jantas, regados a muitas histórias das comunidades. Estas histórias interessavam pelo seu conteúdo, pois nos falavam de seu passado, presente e futuro, suas dificuldades, suas alegrias, incluindo alguns contos e muita amizade.

Nessa primeira etapa, que foi até o dia 18 de dezembro de 2000, passamos por aproximadamente 300 comunidades, incluindo pontos de pregação no Rio Grande do Sul. Rodamos mais de 26 mil quilômetros pelas regiões da serra gaúcha, centro, centro-sul, noroeste, parte do planalto e norte gaúcho.

O autor é fotógrafo e membro da IECLB, reside em Porto Alegre, RS

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Autor(a): Ingoberto Swarowsky
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2002 / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2001 / Volume: 30
Natureza do Texto: Artigo
ID: 24424
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