Precisamos estar preparados para sermos interrompidos por Deus

03/11/2014

(Dietrich Bonheffer) (Senhas Diárias 20/01/2013)

A morte faz parte da vida. É um processo natural: nascemos, crescemos, envelhecemos, ... e um dia a morreremos. Alguns dizem que a morte começa no dia de nosso nascimento. Cada dia um dia a menos. Outros contam com a esperança. Cada dia é um dia a mais. Motivo de gratidão!

O salmista compara os nossos dias com uma planta que nasce, cresce e murcha. Também diz que a nossa vida chega a 70-80 anos e depois morremos, ... E assim vamos encontrando nos salmos, textos bíblicos, poéticos, reflexões que nos levam a refletir sobre a morte.

Pensar na morte nos causa dor, ainda que ela esteja longe. Sempre a imaginamos longe. Queremos viver plenamente. Longamente. E a vida hoje é longa dada às condições que temos para viver. As estatísticas mostram que vivemos mais! Já não mais apenas 70-80 anos, mas 100 anos ou mais. Da nossa qualidade de vida hoje, depende em muito, os anos que vamos alcançar.

Se antes a morte nos abalava porque era prematura, hoje ela é quase desejada, quando a vida se torna longa e necessita de cuidados especiais e prolongados.

A frase de Bonhoeffer nos desafia: Precisamos estar preparados para sermos interrompidos por Deus. Na vida nos preparamos e fazemos muitos planos: de saúde, seguro, previdência, funerário, pecúlio, ... Mas tudo isso não significa que estamos preparados para morrer. Muito antes, nos preparamos para viver, e viver bem dentro das limitações que a longevidade nos impõe.

É comum, quando a morte se aproxima, a busca por um ritual. A Unção dos Enfermos, uma oração, algo que marque essa passagem, que facilite a despedida. E sempre deixamos esse momento para bem próximo do fim.

Mas quando a morte chega de forma repentina, na juventude, na meia-idade, na fase em que ainda estamos planejando o futuro ou desfrutando dos resultados alcançados pelo trabalho e estudo, somos tomados de surpresa, ficamos perplexos, paralisados, por uma dor incomparável.

Precisamos estar preparados para sermos interrompidos por Deus. Este preparar-se vai muito além dos planos previdenciários e cuidados que temos com a vida. Implica em vivermos com sabedoria, em cultivar uma espiritualidade, não necessariamente religiosa, mas algo que ajude a viver em paz. No caso de uma fé religiosa, algo que ajude a fazer a passagem sem medo, sem culpa, com confiança. Para que quando a pessoa sentir que é chegada a hora, possa ir tranquila, com fé, sabendo que na casa do Pai há um lugar, uma morada, e Ele nos espera com abraço de Pai ou de Mãe.

A fé cristã nos assegura que não morreremos eternamente. Para os que nela creem há a esperança da ressurreição, conforme a promessa de Jesus: “Eu sou a ressurreição e vida, quem crê em mim, ainda que morra viverá.”
 


Autor(a): Pa. Neusa Tetzner
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 30569
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