
A prática batismal da maioria das igrejas históricas é o batismo de crianças. Apenas esporádica ou excepcionalmente também são batizados adolescentes ou adultos. Tanto o batismo de adultos como de crianças significa para a comunidade que batiza um enorme desafio e tarefa.
Ao lermos os mais antigos relatos sobre a prática batismal das primeiras comunidades cristãs, relatos como de Atos 2.38-39 e 8.35-38, descobrimos que a prática batismal da igreja cristã não pode ser compreendida e resumida por uma palestra pré-batismal e ato do batismo. A prática batismal deve ser compreendida como um conjunto de ações e estágios de iniciação cristã. Fazem parte da prática batismal: proclamação do Evangelho, uma primeira resposta à proclamação, ensino, profissão de fé, banho batismal, dom do Espírito Santo e incorporação à comunidade. A seqüência dessas ações pode variar, dependendo se é batismo de criança ou de adulto. Notamos que através desse conjunto de ações e estágios a pessoa a ser batizada (adulto) ou batizada (criança) é conduzida a ser cristã, pois o batismo lhe vem de fora e é oferecido por Deus através da Igreja.
A pessoa que assim é conduzida através de uma prática batismal abrangente, ingressa na comunidade que é um grupo humano de características próprias e marcado por compromissos éticos e de fé bem claros e definidos.
No batismo Deus se auto-entrega a nós e aqui de uma forma bem individual. Deus vem ao nosso encontro, se adapta à nossa capacidade de percepção, não apenas pela razão e audição, mas especialmente também pela visão e tato. Deus é o sujeito do batismo. Ele se doa a nós, mergulha-nos na morte e ressurreição de Jesus Cristo e nos liberta para uma nova vida de fé e compromisso na comunidade, o corpo de Cristo.
No batismo Deus age e nos oferece em sua graça e amor o perdão dos pecados, a união com Cristo, o dom do Espírito Santo, nos incorpora à igreja, o corpo de Cristo, e nos dá nova vida.
Quanto a nós, pela fé recebemos o que Deus nos dá no batismo e, pela fé buscamos viver uma vida nova que diariamente brota do batismo.
Pessoas pertencem a uma comunidade cristã, não porque seus nomes constam no livro de membros e contribuem financeiramente, mas sim, porque foram batizados. A Igreja nasce do batismo. Por tanto, não pode haver ação mais importante na vida de uma igreja, de uma comunidade do que uma prática batismal abrangente e responsável.
A IECLB sempre de novo se debruçou sobre essa questão. Assim, nos anos 70 foi aprovado o Catecumenato Permanente, em 1981, em temas atuais da IECLB nº 6 “A comunidade e suas crianças batizadas”, em 1992 o Distrito Eclesiástico Blumenau iniciou o projeto Missão Criança, em 1997 o então presidente P. Huberto Kirchheim enviou carta pastoral com o título “Valorizando o batismo” e no ano passado foi editado o Livro do batismo. Só por esse histórico notamos como a IECLB e suas comunidades têm dificuldades em exercer uma prática batismal abrangente..Quanto não ganhariam as comunidades e as igrejas se o exercício de todo o seu ministério fosse colocado numa perspectiva de uma prática batismal abrangente e responsável junto às crianças batizadas, bem como de seus pais, padrinhos e madrinhas. Por isso, vamos perguntar o que nossas comunidades estão fazendo e o que poderiam fazer para terem uma prática pastoral responsável.
P. em. Rudi Kich