Não era o melhor dia da Anita. A diretora precisou ligar da escola, pois ela havia se encrencado com suas colegas. Então, a mãe foi busca-la. No carro, a menina ficou sentada quieta num canto. Ao chegar em casa, bateu a porta, puxou o rabo do gato e se enfiou direto no quarto, sempre de cara amarrada. A mãe foi atrás. Após deitar ao lado dela na cama, questionou: O que é que há? Anita não enrolou. Eu não gosto da escola. Não quero mais ir. As meninas são todas chatas. A mãe escutava com toda a atenção. Sem retrucar, apenas disse: Vou te dar um presente e uma tarefa. Anita ficou curiosa, sentando-se na cama. A mãe abriu a bolsa, mexeu daqui, mexeu de lá e tirou uma linda caneta dourada. É sua! Outra mexida e um bloquinho colorido de ‘post-it’ estava na mão. Muito obrigado! Disse a menina, com sorriso no rosto. Mas, em seguida, perguntou: Qual é a tarefa? Pense na escola, além das meninas. O que há de bom? Cada coisa que você lembrar, escreve no bilhete e cola num canto da casa. A mãe nem bem terminou e Anita já escreveu: Pular corda no recreio! A mãe se levantou e foi saindo devagar. Enquanto a menina pensava, ainda deu tempo para escutar: Gosto demais da professora Mari. Assim, uma folhinha após a outra era destacada e colada num canto da casa.
De 2004, “Como Uma Criança” com Lázaro.