Por que iniciamos os cultos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo?

Introduçao ao tempo da Trindade

21/06/2019

Prezada Comunidade, estimados(as) rádio ouvintes:


Por que iniciamos o Culto sempre em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Por que não começamos o culto de qualquer outro jeito? Também quando nós batizamos alguém o fazemos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E também no momento da bênção. Por que essas palavras – Deus Pai, Filho e Espírito Santo - são tão importantes para dizer que estamos reunidos em nome de Deus?

Quando nós dizemos Deus Pai, Filho e Espírito Santo - nós invocamos a Trindade de Deus - nós dizemos em que Deus nós cremos e como esse Deus age no mundo. O Credo Apostólico  é uma explicação detalhada dessas três manifestações de Deus. Deus Pai, é o Criador do céu e da terra (por isso, devemos cuidar do meio ambiente, assim como Deus cuidaria); Jesus Cristo é o Deus Filho - concebido pelo Espirito Santo, nascido da Virgem Maria, que nos anunciou  o amor, o perdão, a misericórdia, a compaixão como formas poderosas para transformar qualquer coisa nesse mundo. Além disso, Jesus Cristo conheceu de perto a maldade humana, sofreu o pior dos sofrimentos humanos, foi torturado e executado na cruz, mas nem a maldade humana, nem o sofrimento, nem a morte conseguiram vencê-lo. Ele ressuscitou do mundo dos mortos, subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, de onde virá um dia para julgar os vivos e os mortos. O critério para esse julgamento será se praticamos ou não o  amor. Amor a Deus e amor ao próximo como a si mesmo. E o Credo Apostólico fala também do Espírito Santo, como a única força no Universo capaz  de crisar um povo aqui na terra que sirva a Deus. Para isso, o Espirito Santo deve vencer constantemente a vontade egoísta das pessoas.  Pois a vontade do ser humano está em permanente conflito com a vontade de Deus. O ser humano é um ser contraditório. Nós sabemos o que é correto, o que é certo, o que é bom. Mas geralmente fazemos justamente o contrário. O apóstolo Paulo diz: Sem o Espírito Santo, o ser humano faz o mal que não quer e não faz o bem que quer. Sem o Espírito Santo – nös não conseguimos realizar a vontade de Deus.

Por isso, quando dizemos que nos reunimos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, queremos dizer que nos colocamos debaixo de um poder superior. A partir desse momento colocamos os nossos sentidos à disposição de Deus para que sua Palavra nos ensine, nos oriente, para que sejamos capazes de entender e fazer a sua vontade aqui na terra como ele é feita no céu. Invocar a Deus Pai, Filho e Espírito Santo é como dizer: Senhor, agora quero conhecer a tua vontade e quero praticar a tua vontade, não a minha. Te rogo que me mostres o caminho que devo seguir em minha vida.

Martim Lutero talvez nos diria que hoje em dia as igrejas estão muito preocupadas em satisfazer a vontade das pessoas e não tanto a vontade de Deus. Sempre ouvimos que as pessoas estão em busca de algo a mais para suas vidas. Mas, trata-se de uma busca egoísta. As pessoas pedem, oram, exigem algo de Deus para satisfazer a elas mesmas. Martim Lutero diria que quando colocamos a pessoas no centro de nossas pregações, quando ouvimos dizer que Deus pode e deve te dar isso ou aquilo, essas prédicas somente servem para alimentar a ilusão egoísta e a busca de coisas ou de bençãos que nada tem a ver com o nosso Deus. Quem deve estar no centro de nossos cultos não é o ser humano. Quem deve estar no centro é Deus. Por isso, quando dizemos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, como luteranos e luteranas nós não podemos exigir que Deus faça isso ou aquilo por nós. Como luteranos e luteranas nós vamos ao culto para nos colocar debaixo da Palavra de Deus, pedindo perdão pelos nossos erros e rogando a Deus que tenha misericórdia de nós e nos faça ver onde erramos e nos ajude a enxergar o caminho certo da vida.

Para Martim Lutero a marca da verdadeira igreja está em ensinar, pregar e testemunhar a Palavra de Deus. Para Lutero, a preocupação com a fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo deve estar no miolo do ensino, da pregação e do testemunho da Palavra de Deus. Lutero dizia que cada pastor(a), ministros(a) precisa saber que toda pregação, todo ensino e todo testemunho tem por juiz, regente e critério o próprio Jesus Cristo. Que o culto não nemmesmo o lugar para pedir bênçãos a Deus. Aliás, quando se refere as bênçãos de Deus, Lutero nos diz que Deus sempre irá nos abençoar, quando nós fizermos a sua vontade. A benção é resultado da obediência a vontade de Deus. A benção de Deus não pode ser exigida. Ela é consequência da obediência à vontade de Deus.

Por isso, quando dizemos – em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo – nós dizemos que num mundo onde as pessoas procuram seres divinos para satisfazer seus desejos pessoais, nós – como igreja cristã e luterana – nos reunimos para ouvir a vontade de Deus. Um Deus que pela sua Palavra carregada de amor, cria, sustenta e renova todas as coisas. Um Deus que nos mostra através da Natureza, que a diversidade é uma característica da ação de Deus. Um Deus que se fez carne, e que ao fazermos sua vontade, ele se parte e reparte por nós. Um Deus que em meio as divisões que distanciam as pessoas, proclama que o poder do Pai, Filho e Espírito Santo pode nos reaproximar uns dos outros.
Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 52283
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Muitos bens não nos consolam tanto quanto um coração alegre.
Martim Lutero
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