Por que a cidade se associa ao mal com tanta naturalidade?

A paz na cidade é possível!

27/06/2014

Olhando para a realidade da cidade, o profeta foi contundente:


“Ora, este foi o pecado de sua irmã [cidade] Sodoma: ela e suas filhas eram arrogantes, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; não ajudavam os pobres e os necessitados. Eram altivas e cometeram práticas repugnantes diante de mim. Por isso eu me desfiz delas, conforme você viu. Samaria não cometeu metade dos pecados que você cometeu. Você tem cometido mais práticas repugnantes do que elas, e tem feito suas irmãs parecerem mais justas, dadas todas as suas práticas repugnantes.” (Ezequiel 16.49-51 – NVI)


Para entender a cidade é necessário observar duas ênfases: por um lado a alegria e o zelo que Deus tem para com ela e, por outro, conhecer o mal que desvia a cidade do objetivo de Deus. O mal desvia a cidade dos objetivos de Deus porque esta está manchada pelo pecado. E o pecado assume na cidade uma dimensão corporativa. Ou seja, a cidade experimenta de forma potencializada a realidade da queda no pecado.


A cidade, por si só, não é má. Ela não surge para ser má. A maldade acontece num processo, num crescendo. Primeiro, fica envaidecida pela sua própria beleza. Depois, vai sucumbindo à idolatria – quem sabe narcisista – quebrando o pacto com sua própria origem. Em terceiro, finalmente, vê disseminada em suas ruas e ruelas, cultos a falsos deuses e cultos à sua própria beleza. Os fatos assim se sucedem de forma lenta e progressiva porque uma cidade que abandona Deus acaba não mais vendo objetivos na pessoa do outro e sim somente em si mesma. Esse processo lento e degradante acaba cegando seus habitantes de sua responsabilidade social e da sua obediência para com Deus. Por isso o mal parece ser tão natural na cvidade.


Em algumas dessas ruas e ruelas, ora com mais pompa, ora bem humildes, estão as igrejas. Muitas delas já não mais prestam o serviço para o qual foram chamadas. Isso é deprimente e acrescenta maldade ao mal já instalado. Pergunto: Falta à cidade e a seus habitantes a referência da cooperação cristã? O uso indevido de “dons espirituais” que se tornaram show de palco e televisão pode fazer mal à cidade?


Ainda nos tempos paulinos dons espirituais foram usados de forma tal que a igreja se degenerasse. Os dons eram usados não por pretexto de amor, e sim, de egoísmo. Precisou admoestar a igreja para que deixasse definitivamente de lado a supervalorização das experiências individuais e passasse a valorizar a graça salvadora de Jesus Cristo. Assim o vemos em 1 Coríntios 12.25. Dons têm a função de dar completa funcionalidade ao corpo de Cristo – Romanos 12.3-5. Os dons espirituais, portanto, sempre são concedidos no âmbito da Igreja cooperadora – corpo de Cristo – que está locada em um lugar específico – a cidade – e neste âmbito deve servir. Aqui devemos ouvir a doce melodia “cantada” por Jesus em Mateus 20.26-28.


O mal de uma cidade é composto por engrandecimento pessoal, auto-indulgência, injustiça social e idolatria” (R.Linthicum). Embora isso tudo, por si só, já seja evidência mais que suficiente para ilustrar o descaminho da cidade, não é tudo. O maior motivador de todo este descaminho é a ignorância. Simplesmente ignorância! Eis porque a Igreja pode contribuir tão favoravelmente com propostas de mudança e novas vivências. Não acentuando a dimensão pessoal do pecado, apenas. Mas, neste caso, mostrando a abrangência de todo mal que corporativamente e coletivamente interrompe o caminho da justiça e da paz, o caminho da salvação.


Se a maldade parece natural na cidade, mais natural ainda pode ser a sua paz e a cooperação mútua a partir do novo que Jesus Cristo oferece. A maldade pode ser transformada em potencial de cooperação. A Igreja Cristã não pode ignorar este fato e não deve deixar com que seus fieis ignorem seu potencial de bênção para a cidade.

 


Autor(a): P. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Testamento: Antigo / Livro: Ezequiel / Capitulo: 16 / Versículo Inicial: 49 / Versículo Final: 51
Natureza do Texto: Educação
Perfil do Texto: Estudo
ID: 28766
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