Todo ser humano, com o passar do tempo, adquire hábitos. Por vezes, você pode inclusive reconhecer alguém pelos seus hábitos. Aqui na comunidade, via de regra, as pessoas sentam sempre no mesmo lugar. Ao iniciar a celebração, numa rápida visualização, sei quem veio, quem não veio e quais são os visitantes. Confesso que isso me ajuda. Às vezes, quando percebo que algumas pessoas mudaram de lugar, tento entender a razão. Já ri ao ver pessoas indignadas por outros ocuparem os seus lugares prediletos. Há quem justifique seu assento por questão de visualização, audição e, agora, climatização. Ou seja, na celebração, querendo ou não, os nossos “sentidos” estão envolvidos. Há quem está aberto também às novas experiências. Propositalmente, elas mudam de lugar. Acho isso bem legal, pois a quebra da rotina pode proporcionar um novo entendimento, seja da mensagem, seja da prática litúrgica. Percebi igualmente que, com a chegada da pandemia, algumas pessoas se aproximaram mais da igreja, outras, do contrário, se afastaram. Alguns isolados tentaram se justificar com o “medo da doença”, o que seria o mesmo motivo daqueles que se achegaram mais, projetando um fortalecimento espiritual. É bem curioso o coração humano. Outras pessoas são francas ao dizerem que se sentem incomodadas pelo uso da máscara. Fazer o quê? É uma regra governamental e, ao mesmo tempo, a igreja incentiva o cuidado pelo outro, que é justo e evangélico. Reflito muito sobre o sacrifício de Cristo e não consigo compreender a falta de capacidade de limitar um pouco a sua própria liberdade em prol do cuidado pelo outro. Oro por tempos melhores. Oro para que as pessoas percebam o valor da comunhão, aproveitando os espaços oferecidos, mesmo com limitações. Em tempos difíceis, ainda mais precisamos estar ligados com Deus e com os irmãos.
De Coralino Ibaldo, um clássico da música sacra “Se a Cruz Falasse” com Trio Maranata, gravação de 1970...
