Era um terreno baldio, ao qual ninguém dava valor. Aliás, servia muito bem como depósito de lixo. Primeiro, vieram entulhos de uma obra do fim da rua. Depois, os galhos e cisco do pátio dos próprios vizinhos. Na ausência da coleta de lixo, também passaram a depositar ali as sobras de suas cozinhas. Mas, por si só, a natureza surpreende. Ela impõe as suas regras. A terra era boa. Eis que, no meio do entulho, nasceu uma goiabeira, que vingou rapidamente. Estendendo seus galhos verdes ao céu azul. Os frutos amarelinhos eram saboreados, tanto pelos meninos da vizinhança, quanto por inúmeros pássaros coloridos. A surpresa aumentou quando, junto ao tronco da goiabeira, começou a crescer um pequeno pé de maracujá, que dia a dia avançou, tomando conta. Soltou ao ar inúmeras flores que atraíram abelhas, borboletas e beija-flores. Logo em seguida, apareceram os frutos, que serviam para o suco da vizinhança.
De 1981, “Canto da Liberdade” com Valdomiro Silva.