Pedras vivas - No limite da razão e o ministério da fé

Meditação

08/05/2008

Desde a origem do universo a pedra tem sido objeto de uma função toda especial, em seu uso literal ou figurativo. É difícil imaginar o que hoje designamos de progresso e desenvolvimento da humanidade sem a utilização da pedra em suas multiformas. O ciclo da evolução humana esta marcado pela pedra. Basta lembrarmos, do machado de pedra, lanças de pedra, o que caracterizou um período, o qual por vezes ironizamos dizendo; “no tempo da pedra lascada”! No entanto, o seu uso continua atual. Pedras ajudam a compor o alicerce de muitas edificações, sendo um dos elementos fundamentais.

Na Bíblia a pedra, além de objeto de uso é portadora de uma simbologia figurativa repleta de sentidos. Quando Jacó fugia de seu irmão Esaú, uma pedra serviu de travesseiro. Mas logo pela manhã a mesma pedra foi colocada em pé e dedicada ao Senhor (Gn 28.18). Na pedra, Deus escreveu os mandamentos (Dt 5). Jesus Cristo ao ser tentado pelo diabo, foi desafiado a transformar pedras em pão (Lc 4.3).Também em seu olhar sobre a cidade santa de Jerusalém disse: “ Não ficará pedra sobre pedra” (Mc 13.2). Quando confrontado pelos fariseus a respeito do testemunho publico de seus discípulos, Jesus comenta: “se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19.40).

Em muitas passagens bíblicas o uso figurativo da pedra, aguça nossa consciência entre o limite da razão e o mistério da fé, a ponto do apóstolo Pedro (1 Pe 2.5), nos desafiar a sermos pedras vivas. Estar vivo é o oposto de estar morto. Então no caso das pedras, só podem ser vivas no sentido da função, porque aos olhos e razão humana, pedras não tem vida. Elas no máximo, em seu sentido bom, são portadoras de uma finalidade que favorece a vida. Como por exemplo: construções que nos protegem do frio, do calor, da chuva, e propiciam um ambiente agradável. Também pedras são usadas em seu sentido negativo, para construir muros que dividem povos: como o murro de Berlim, o murro no México, o murro na Palestina. Pedras já foram instrumentos de uso para executar a pena de morte (Nm 15.35; Dt 21.21).

Apesar de sua dupla função, na comunidade somos chamados a sermos pedras vivas, ou seja: pessoas que estejam ai para somar, ajudar com seus dons a colocar sinais do reino de Deus em um mundo que muitas vezes divide, construindo literalmente seus murros, ou então murros “invisíveis”, na forma de exclusão e preconceito, em suas multifaces.

Lamentavelmente, temos em nosso meio, segundo a compreensão humana e racional, pessoas que são como pedras, aparentemente mortas e sem vida, como se fossem uma pedra em seu sentido literal. Pessoas com as quais, pouco ou nada pode se contar. Lembrando que a nós não cabe julgar, mas no máximo constatar, e isto, geralmente é feito a partir de pressupostos humanos. Portanto não estão isentos de falhas em seu juízo.

Mesmo assim, elas não deixam de ter sua função. Aos olhos de Deus ninguém esta ai por acaso, ou tratado com neutralidade. Para Deus não existe pedra independente de seu tamanho ou forma, que possa impedir o projeto do Reino. Prova disso é que a grande pedra colocada para trancar o túmulo de Jesus foi removida (Mc 16.3-4), provando que nada é fixo para sempre e mudanças e transformações são possíveis.

Para o Cristão considerado “pedra viva” cabe o bom testemunho, e com a ação do Espírito Santo viver na esperança de mais pessoas serem atingidas e contagiadas pela proposta do reino e experimentarem a alegria de serem pedras que edificam.

E você já parou para pensar: Que tipo de pedra você é na comunidade e na sociedade?

Pastor vice-sinodal: Élson Lauri Rysdyd


Âmbito: IECLB / Sinodo: Amazônia
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Pedro I / Capitulo: 2 / Versículo Inicial: 5
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 1322
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