Querida comunidade.
A estação do verão em que nos encontramos e a proximidade do carnaval deixa muitos corpos à vista, em evidência. Isso é uma boa oportunidade para refletirmos sobre o nosso corpo. Este também o tema do texto sobre o qual queremos meditar hoje.
Nosso texto começa com uma conhecida afirmação de Paulo: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” (v.12) No capítulo 10.23 ele afirma mais uma vez: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas edificam.”
O apóstolo Paulo trata de um antigo e importante tema: a questão da liberdade. Mas aqui ele reflete sobre a liberdade cristã relacionada ao modo como lidamos com o nosso corpo e agimos com o corpo dos outros.
É um tema atual, pois como cristãos precisamos nos perguntar sinceramente: Como lidamos com o nosso corpo? Para que serve o corpo?
Ao longo da história o corpo humano foi usado e abusado de muitas formas. Houve correntes filosóficas e pensamentos religiosos que defendiam o abuso do corpo, como um meio de libertar a alma.
E em nossos dias o corpo é usado como objeto de propaganda. A publicidade relaciona a quase tudo que vende o corpo de uma mulher bonita.
Desde cigarros e bebidas aos carros de luxo. Até a indústria têxtil explora o corpo da mulher para vender seus produtos. Voltando do Rio do Sul vi um outdoor mostrando uma moça muito bonita numa posição insinuante (de quatro), para mostrar determinado jeans.
O corpo é vendido como uma mercadoria, é explorado como fonte de prazer, usado com objetivos publicitários, mostrado com apelos estéticos.
Será que lidamos de forma correta com o nosso corpo? Para que serve o nosso corpo?
Em nosso texto o apóstolo Paulo fala para que o corpo não serve e para que ele serve. O corpo não serve para a impureza, a imoralidade, a leviandade sexual, a prostituição.
Paulo se vê obrigado a refletir sobre isso, pois em Corinto surgiram pessoas que defendiam poder fazer tudo o que quisessem com o corpo. Confundiram liberdade com libertinagem. Agiam de forma leviana e irresponsável com o seu corpo. Houve até casos de incesto e promiscuidade.
Alguns se justificavam usando como argumento o ensino do apóstolo. “Tudo me é lícito”, diziam.
Neste contexto Paulo fala sobre o valor do corpo humano e nos lembra que fomos criados por Deus, fomos salvos por Cristo e recebemos o Espírito Santo. Por estas razões nosso corpo não pode ser usado de forma leviana e irresponsável.
É verdade que em Cristo somos livres de tudo e de todos. Portanto podemos dizer “Tudo me é lícito.” Mas se cometemos pecados ainda somos escravos do pecado. Portanto também é verdade que nem tudo convém e nem tudo edifica. Por isso não podemos nos deixar dominar por nada – especialmente pelos desejos carnais do nosso corpo.
Paulo lembra o preço que foi pago pela nossa liberdade, qual seja a morte de Cristo na cruz.
Vejamos de novo os argumentos do apóstolo:
- Verso 14 – Deus ressuscitará o nosso corpo. Isso mostra a importância do corpo humano.
- Verso 15 – Nossos corpos são membros de Cristo. Aqui Paulo tem em mente nosso batismo; a partir dele somos membros do corpo de Cristo.
- Verso 19 – A partir do batismo somos morada do Espírito Santo.
- Verso 20 – Paulo menciona o preço que foi pago pelo nosso resgate. Por isso, vem o desafio: Glorifiquem a Deus através do vosso corpo. Sirvam a Deus através do vosso corpo.
Liberdade não é fazer tudo que dá vontade; liberdade é saber distinguir entre o que é bom e ruim, certo e errado, o que promove ou prejudica a vida. E então escolher o melhor para todos e não se deixar escravizar por nada. Este princípio o apóstolo Paulo aplica à forma como lidamos com o nosso corpo e o corpo dos outros.
Para que serve nosso corpo? Paulo ensina que nosso corpo nos foi dado para servir e glorificar a Deus, pois é morada do Espírito Santo e desde o nosso Batismo nós pertencemos ao Senhor.
Que o verão e o carnaval que vem por aí nos ajudem a refletir e a resgatar o valor dos nossos corpos. Amém.
