Pandemia e Pentecostes
Quando chegou o Coronavírus todos os seguidores de Jesus deixaram de se reunir no mesmo lugar. De repente, veio da mídia uma notícia de quarentena que parecia ser um vento muito forte e encheu todos os corações de medo e ansiedade. Então todos viram notícias e fake news que se espalharam como fogo e muitas pessoas foram tocadas por elas. Todos ficaram cheios de pavor e começaram a comprar máscaras, álcool gel e mantimentos e estocaram de acordo com o poder aquisitivo de cada um.... Não, já chega! Este não é o texto bíblico original.
Tentei fazer acima uma paráfrase do texto bíblico de Atos 2.1-4, que narra o evento do Pentecostes – a vinda do Espírito Santo. Não pude deixar de perceber o paralelo que o texto bíblico traz para os nossos dias. Por esta razão fiz esta paráfrase com as palavras bíblicas, evidenciando a contradição entre os dois momentos. Mas, para a nossa reflexão, consideremos o texto bíblico de fato, de Atos 2.1-4 que assim nos diz:
Quando chegou o dia de Pentecostes, todos os seguidores de Jesus estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho que parecia o de um vento soprando muito forte e esse barulho encheu toda a casa onde estavam sentados. Então todos viram umas coisas parecidas com chamas, que se espalharam como línguas de fogo; e cada pessoa foi tocada por uma dessas línguas. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, de acordo com o poder que o Espírito dava a cada pessoa. (Atos 2.1-4)
Agora sim, o texto está correto!
Querido irmão, querida irmã. Talvez você esteja se pensando, assim como eu: chegou a Páscoa, e nós, ao invés de nos reunirmos, tivemos que ficar em casa. Chegou o dia de Ascenção do Senhor e também não nos reunimos. Chegou o Pentecostes e ainda permanecemos sem encontros comunitários. Será que estamos sendo medrosos, covardes, ou fracos na fé? Será que a nossa fé não corre o risco de minguar e morrer? Absolutamente não!
Mesmo que de forma muito diferente do habitual, estamos vivendo o Pentecostes. Tenho plena certeza que em meio a este tempo tão ímpar e incerto, Deus tem agido e tem derramado o seu Espírito Santo.
Não podemos sair de nossas casas e reunir multidões anunciando a Palavra de Deus, como o fizeram os discípulos. Mas, precisamos de muita coragem e ousadia para justamente permanecer em casa, e ali nos alimentar e fortalecer a fé. Eu diria que este tempo em que estamos vivendo, serve sim para provar a nossa fé. Somos levados a avaliar a firmeza e a profundidade de nossa confiança em Deus.
Estou convicto de que o Espírito Santo nos desafia à criatividade e nos capacita e envia para a missão de Deus. É tempo de tirar a vivência da espiritualidade do piloto automático, do mesmo de sempre, e descobrir novas formas de viver e expressar a fé. E se podemos fazê-lo, é pelo poder do Espírito Santo.
•Se estivermos firmados no autêntico evangelho de Jesus Cristo, este tempo de quarentena, de restrições, de modo algum esfriará a nossa fé. Muito pelo contrário. Deus nos chama a vivermos a fé de maneira concreta, real, responsável no dia a dia. Não uma fé reservada aos templos e a um dia da semana. Mas uma fé que nos impulsiona para a vivência familiar e para o cuidado com a vida.
Os tempos são difíceis? São!
A pandemia é coisa séria? Sim, e muito. Muitas pessoas estão morrendo.
Teremos consequências econômicas? Inevitavelmente!
Por tudo isso é que precisamos ser prudentes, responsáveis, solidários, altruístas. Estas também são manifestações genuínas da fé cristã que anuncia a vida em sua plenitude. Mesmo com as restrições no convívio social, é tempo de sermos missionários e levarmos a palavra de ânimo, de esperança, de salvação em Jesus Cristo a todas as pessoas, de todas as formas, em todos os meios.
Que o Espírito Santo sopre sobre nós e nos encha de coragem, de criatividade e de ousadia para testemunharmos a razão de nossa esperança. Amém.
