Até agora não tenho um celular. Não preciso. Se precisar, comprarei um. Que marca comprar? Que operadora? Tenho perguntado por aí e não encontrei uma só pessoa que estivesse plenamente satisfeita com sua operadora. Oferecem planos maravilhosos, que realmente são bons, mas misturado aí vem um gancho, uma “pegadinha” que acaba custando mais do que imaginado no início.
Conosco, como seres humanos, também acontece isso: temos em nossas boas intenções e desejos sadios, mas, misturados a eles, temos outros sentimentos, não tão nobres. Na verdade, eu também tenho cláusulas escondidas, “pegadinhas”, desejos ocultos dentro do meu coração. E vocês também!
O texto de Apocalipse 21, versículos 10 (“Então o Espírito de Deus me dominou, e o anjo me levou para uma montanha grande e muito alta”) e seguintes, nos convidam e desafiam à reflexão.
O texto fala exatamente dessa realidade que descrevi a respeito do celular e de nós mesmos, só que ao contrário: em sua linguagem cheia de dificuldades, pegadinhas, figuras e comparações, o texto fala do novo que irrompe para dentro do velho: do limpo e justo que penetra o obscuro e injusto.
No antigo Israel, havia o templo e as sinagogas, e as casas de oração. O templo de Jerusalém estava sobre uma montanha e centralizava o poder, marcava a presença de Deus; quem queria uma proximidade com Deus tinha que ir para lá, fazer uma peregrinação penosa e cheia de sacrifícios para alcançar esta graça. No novo Israel, o grande templo, o grande poder está dentro da pessoa. Cada pessoa carrega dentro de si a responsabilidade de ser templo onde se realiza a missão, a responsabilidade pela divulgação do evangelho.
Bem sabemos que o bem e o mal estão misturados nos pensamentos e nas ações. Mas, João propõe purificar o mal com o bem. Fique claro que isso não significa que não existirá mais o mal, mas que ele não estará mais atrapalhando e dificultando a realização do bem. A fé atua dentro da pessoa, purificando o mal, lavando as manchas do egoísmo e da vaidade. E se alguém não sabe onde buscar um modelo, se alguém não sabe onde se basear para se inspirar neste templo/coração que faz a diferença no mundo, busque na Palavra de Deus que é fonte de clareza e de discernimento.
P. Carlos Musskopf – Pastor da IECLB na Paróquia do ABCD – Santo André, SP.
Não somos nós que podemos preservar a Igreja, também não o foram os nossos ancestrais e a nossa posteridade também não o será, mas foi, é e será aquele que diz: Eu estou convosco até o fim do mundo (Mateus 28.20).