“Assim vemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a Lei manda”.
(Romanos 3.28)
Martim Lutero carregava no coração uma grande aflição: “Como conseguir a misericórdia de Deus?”. Essa inquietação existencial de Lutero era fruto do medo ou angústia que tinha do castigo de um Deus justo e terrível. Lutero foi educado a partir da ideia do Deus que vigia as pessoas para punir seus pecados. Por isso, tentava ansiosamente agradar a Deus por meio de penitências. Porém, isso não aplacava o sentimento de culpa que constantemente o afligia. Sua aflição terminou quando descobriu em Romano 1.17 que “O justo viverá por fé”, isto é, que Cristo Jesus na cruz venceu o pecado por nós.
A fé é conseqüência de um coração que acolhe o presente maravilhoso que Deus nos dá em Jesus Cristo, isto é, a sua misericordiosa salvação. Portanto, felizes são os que, como Lutero, acolhem o presente. Pois estes, não vivem da angústia de ter que constantemente “provar algo”, mas sim da alegria de simplesmente realizar algo. Lutero antes da descoberta não conseguiu olhar muito além da sua própria angústia. Achava que a misericórdia de Deus também só poderia ser alcançada “provando algo”. Porém, após a descoberta, não fez mais as coisas para “provar algo”, mas por gratidão.
A reforma, no dia 31 de outubro, nos lembra o que transformou e devolveu a alegria de vida a Martim Lutero: “... a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a Lei manda”. A descoberta de Lutero é a da gratuidade do dom de Deus da salvação em Cristo, recebida pela fé. Na Tese 36 declarou: “Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão plena da pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência” (LUTERO, 1987, p. 143). E na de número 62 Lutero afirma: “O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus” (LUTERO, 1987, p. 143, p. 173).
Ó Deus, quantas coisas tentamos “provar” uns aos outros no dia a dia para sermos aceitos. Até diante de ti pessoas tentam provar a sua fé. Ó Deus, em vez de “provar algo”, ensina-nos a fazer algo de coração como tu fazes a nós. Assim, não viveremos da angústia e do medo se o outro gostou ou não do nosso gesto, mas sim da certeza de que foi feito com um coração tocado pelo teu amor misericordioso revelado em Jesus Cristo. Amém.
Pr. Ernani