Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele. (Romanos 6.9)
Páscoa é Ressurreição. Sabemos que a morte não tem mais a última palavra. Porém, qual é o sentido da ressurreição de Cristo para as nossas vidas? O apóstolo Paulo, no texto onde nosso versículo está inserido, fala que a ressurreição nos chama para uma nova vida. Paulo, em muitos momentos de sua vida, sentiu-se pequeno diante dos desafios que sua nova opção de vida trouxe. Nessa caminhada, ele reconhece humildemente que não foram, em primeiro lugar, suas capacidades que deram vida as comunidades, mas a graça de Deus expressa em Cristo. Paulo reconhece que somos pecadores dependentes da graça; somos aqueles que morrem com Cristo, somos enterrados com ele e ressuscitamos com ele.
Conforme o apóstolo Paulo o mundo em que vivemos é um lugar de ambiguidades, isto é, um espaço onde habita o pecado e simultaneamente é o mundo que Deus ama. É o mundo que Deus quer ver salvo. É um mundo de contradições, que pela graça de Deus se torna um mundo de possibilidades amorosas.
Por isso, na sua carta aos Romanos, ele chama a comunidade a viver a nova vida em Cristo! Ele chama a comunidade a viver a partir da perspectiva da ressurreição. E viver a partir da perspectiva da ressurreição é parar com as atitudes julgadoras e estabelecer um convívio mais humilde e grato com o mundo e as pessoas que nos rodeiam. É não resignar frente a um mundo pecador.
Uma estória diz o seguinte: Num belo dia de verão, ao meio-dia, todos os animais da floresta silenciaram para descansar do calor. Em meio a esse silêncio, um beija-flor desperta e pergunta à rosa: o que é a vida? A rosa, meio assustada com a pergunta, abriu um de seus botões, ajeitou suas folhas para ganhar tempo e respondeu: a vida é um desabrochar diário, um abrir-se para que outros possam beber de seu néctar. Uma borboleta que voava alegremente por perto também se sentiu tocada pelo questionamento do beija-flor e disse: a vida é um brilho intenso, alegre, breve e frágil como uma réstia de sol que passa entre as árvores da floresta. Contudo, uma formiga que estava descendo pelo caule da rosa com uma folha 10 vezes maior do que ela nas costas discordou: não, senhoras, a vida é somente o trabalho que um possa realizar. A esta colocação somaram-se muitas outras, quase sempre em oposição a anterior. A discórdia só se acalmou quando veio uma garoa fina e fria, quase no fim da tarde, e disse: se cada um só é capaz de compreender sua verdade de vida como correta, a vida não poderá ser mais do que lágrimas e solidão. Mas a história não termina por aí. Um peregrino que caminhava solitário pela floresta deu razão a todos e acrescentou: a vida é uma busca eterna por felicidade, pontilhada de tristezas e desilusões. Veio a noite, e todos dormiram, menos o pequeno beija-flor. Ele passou a noite meditando sobre sua pergunta. Quando finalmente amanheceu, encontrou sua resposta: a vida é como a sucessão de noites e dias. É feita de momentos de silêncio, solidão, sofrimentos e escuridão. Mas é como o raiar do dia, luz, esperanças e promessas desconhecidas de felicidade e amor. Cada um precisa fazer sua parte. E saiu à procura de outras rosas...
Cristo foi ressuscitado para que o pecado dê lugar as manhãs de Páscoa. Cristo foi ressuscitado para que em meio às ambiguidades e contradições da vida não triunfe o ódio e a intolerância, mas o amor, o respeito e o diálogo fraterno. Cristo foi ressuscitado para que possamos nos dar as mãos e não resignar diante das injustiças e mortes a nossa volta.
Pr. Ernani