Fiquem vigiando, pois vocês não sabem em que hora vai chegar o seu Senhor.
(Mateus 24.42)
A vigília é que mais está na moda nos dias de hoje. Vigiamos para não sermos surpreendidos por um assaltante seja na rua ou no semáforo. Em muitas ruas enxergamos guaritas com vigilantes. Inúmeras casas, lojas, ruas, estabelecimentos têm câmeras de vigilância para evitar que o ladrão surpreenda. No trânsito somos vigiados por inúmeras câmeras para que não hajam excessos de velocidade que põem a vida em risco.
Será que todo aparato de vigilância que está hoje em nossa sociedade não reflete a falta de vigilância em Deus? Por que Jesus convida a vigiar?
Para as primeiras comunidades cristãs, que viviam também seus medos, inseguranças e perseguições, o evangelista lembra as palavras de Jesus: Fiquem vigiando! Porém, este vigiar não é para impor medo. É um vigiar que anuncia a esperança de um novo tempo, isto é, a vinda do Filho do Homem. Epifania, o tempo litúrgico que estamos vivendo no momento, fala da aparição pública de Jesus. Fala do Jesus que age em favor da vida. Fala do Jesus que vem nos ajudar a vigiar no seu amor. Fala do Jesus que nos convida a por em prática suas ações. Como diz Lutero no Hino Castelo Forte: “As armas, o Senhor nos dá: Espírito, Verdade.” Deus nos dá por intermédio de Jesus Cristo o seu Espírito e a sua Verdade para que possamos vigiar no amor que consegue vencer as más atitudes humanas.
O convite de Jesus para vigiar é um alerta: há coisas para ver, para compreender, para perceber. Tem posições a tomar, tem atitudes e ações para por em prática. É preciso estar preparado e alerta para que a violência, a insegurança, a corrupção, a intolerância, a discriminação e o preconceito não tenham a última palavra, mas sim o amor de Deus.
A esperança cristã na verdade não se limita a esta vida, nem aos sistemas de segurança que a sociedade propõe.
Também não pode ser remetida somente a eternidade. A esperança cristã está firmada na promessa de Deus, que foi anunciada pelos profetas e se cumpriu em Jesus Cristo. Cristo é a palavra viva. É o Verbo que se tornou carne e habitou entre nós. É Cristo que faz a comunidade descobrir maneiras diferentes de trabalhar e de se organizar, onde a segurança, a solidariedade e a inclusão estão acima das vantagens pessoais.
Neste sentido, partilho algo bonito que aconteceu aqui no bairro e em tantos outros da grande São Paulo. Aqui foram colocadas faixas em diversas ruas, com o apoio da polícia militar, com o seguinte slogan: “Esta rua é vigiada pela vizinhança solidária”. Todos estão conectados pelo Whatsapp e informam uns aos outros diante de atitudes suspeitas. Vários assaltos já foram evitados graças a vizinhança solidária. É uma atitude que não traz só mais segurança, mas que também está levando o bairro a discutir melhorias e a interagir na busca de uma sociedade mais humana e justa.
Por isso, é preciso lembrar que transformações e melhorias são possíveis em nossos lares, comunidades e cidades quando nossa vigília está firmada naquele que vem vindo, que veio e que virá. Cristo Jesus é que nos abençoa com uma nova proposta de vida, um novo jeito de se organizar, baseado na confiança, na partilha, na solidariedade, no amor e na justiça. Amém.
Pr. Ernani
