Paixão pela Igreja: diálogo com o P. Martin Junge

O Secretário-geral cessante da FLM reflete sobre o chamado à unidade das igrejas membros e do mundo cristão em geral

25/10/2021

Pastor Martin Junge durante visita de solidariedade a Zimbábue em março de 2020. Foto: FLM/A. Danielsson
Pastor Martin Junge, Papa Francisco, o Ex-Presidente da FLM Bispo Munib Younan e o Cardeal Kurt Koch
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(LWI) - Como igrejas luteranas, “aprendamos com os apóstolos, que não se esquivaram de longas viagens para nos reunirmos, orar, discernir e encontrar caminhos para testemunhar as boas novas do evangelho de Jesus Cristo em um mundo sedento de palavras e ações de paz, justiça e reconciliação.”

Após onze anos como Secretário Geral da Federação Luterana Mundial (FLM), o Pastor Dr. Martin Junge reflete sobre o chamado à unidade que ele vê como “uma marca forte” da comunhão de 148 igrejas membros da FLM. Ele sublinha a necessidade de uma reflexão mais aprofundada sobre a relação entre a autonomia de cada igreja local e a responsabilidade mútua que mantém unida essa comunidade global.

Enquanto se prepara para deixar o cargo, o PastorJunge relembra os destaques de seu tempo no cargo, celebra alguns marcos ecumênicos e explora o caminho que a comunhão percorreu nas últimas décadas para promover a igualdade para as mulheres na Igreja e na sociedade. Em tempos de fragmentação e falha de comunicação, quando as pessoas lutam para encontrar um espaço comum, ele enfatiza: Nossa vocação é caminhar juntos combatendo as forças de divisão enquanto carregamos os fardos uns dos outros.


Olhando para trás, para o início de sua gestão, como começou a definir as prioridades da FLM?

Quando falei na Assembleia da FLM em Stuttgart, em 2010, enfatizei a necessidade de discernirmos juntos, repetindo o jargão: “Encontraremos juntos o caminho a seguir”. Logo depois que comecei meu mandato, a FLM se envolveu em um processo participativo muito acurado revisando os resultados da Assembleia e ouvindo as igrejas membros para imaginarem juntas as prioridades de nosso trabalho conjunto e o nosso testemunho.

Como resultado, chegamos à primeira estratégia da FLM chamada ‘Com Paixão pela Igreja e pelo Mundo’. Essa estratégia ajudou a articular nossa base compartilhada, nossa identidade teológica como comunhão, nossos valores e prioridades, e a maneira como realizamos nosso trabalho conjunto e o nosso testemunho no mundo.

O que entende por essas palavras, Paixão pela Igreja?

Uma das dimensões que sempre apreciei na FLM é o seu profundo compromisso com a igreja alicerçado no Evangelho, testemunhando e alcançando as pessoas com sua mensagem vivificante. Enfocamos apaixonadamente a missão da igreja e ao mesmo nos preocupamos com a unidade da igreja.

Você começou fortalecendo a cooperação dentro das regiões, não foi?

Sim, quando a FLM expressou sua auto-compreensão como uma comunhão global de igrejas na Assembleia de 1990 em Curitiba, não havia nenhuma prescrição sobre como as relações entre as igrejas seriam expressas. No entanto, os delegados concordaram em começar promovendo a unidade em nível regional e acho que este foi um bom ponto de partida. Existe uma proximidade geográfica, e muitas vezes também linguística e cultural, e isso tem se mostrado maneira forte de aprofundar a compreensão teológica de ser uma comunhão global de igrejas.

Vejo hoje, nos tempos da pandemia do COVID-19, como as lideranças regionais se uniram para encorajar uns aos outros, orar uns pelos outros, aprender uns com os outros. O apoio prático por meio do Fundo de Resposta Rápida COVID-19 tem sido uma expressão global desse senso de mutualidade e solidariedade entre as igrejas membros. No geral, a jornada de Federação à Comunhão tem sido uma história maravilhosa de consolidação de relações de confiança, desenvolvimento de práticas compartilhadas e apoio mútuo na missão.

30 anos depois daquela Assembleia no Brasil, a FLM está trabalhando para aprofundar esse senso de identidade luterana compartilhada, vivida em contextos culturais muito diferentes, não é?

Percorremos um longo caminho, graças a Deus! Estruturas e plataformas regionais foram estabelecidas. Por meio de conexões regulares, intercâmbios e cultos de adoração, as igrejas membros da FLM não são mais estranhas umas às outras. Por meio de visitas e cooperação prática, as igrejas expressam sua responsabilidade compartilhada pela missão de Deus além de fronteiras ou linhas étnicas. Por meio de espaços de discernimento e discussão orantes, podem-se assumir desafios nos relacionamentos ou na missão, resolver problemas e mediar tensões.

Pessoalmente fui enriquecido pela exposição que tive às igrejas membros que testemunharam o Evangelho em circunstâncias tão diferentes e às vezes difíceis. Foi um presente ver o Deus Trino em ação, convocando as comunidades, nutrindo-as com a Palavra e os Sacramentos para equipá-las à presença alegre anunciando com palavras e ações que Deus é bom a ponto de oferecer Jesus Cristo para que todos possam viver.

Como esse senso de identidade compartilhada ajuda a lidar com as diferenças ou tensões que surgem?

Em primeiro lugar, a igreja sempre conviveu com diferenças: basta ler os Atos dos Apóstolos e ver como eles discordam, por exemplo, sobre questões sobre que tipo de comida poderiam comer, ou que rituais deveriam cumprir para serem chamados de cristãos. Aprendamos com os apóstolos que não se esquivaram das longas viagens para reunir-se, rezar, discernir e encontrar formas de testemunhar como comunidades que aceitam as diferenças e carregam os fardos uns dos outros, como diz Paulo na Carta aos Gálatas. Essas são lições importantes, especialmente em tempos de fragmentação e falha nas comunicações. Quando as pessoas lutam para encontrar um espaço comum, nossa tarefa hoje é caminhar juntos, lidar com as diferenças e nos agarrarmos uns aos outros.

Essa forma de caminhar juntos tem sido aplicada com sucesso nas últimas décadas à questão da ordenação de mulheres, não é?

Acho que há fortes razões teológicas para incluir mulheres no ministério ordenado da igreja. Nossa tradição teológica luterana torna isso possível de maneiras particulares. A ordenação de mulheres é um presente que podemos oferecer e devemos oferecê-lo com confiança. Hoje, cerca de 85 por cento das igrejas-membro da FLM incluem homens e mulheres no ministério ordenado, e esse número continua a crescer. Fiquei muito feliz em ouvir as notícias recentes de que a igreja na Polônia votou para ordenar mulheres pastoras.

Desde a Assembleia de 1984, em Budapeste, as igrejas membros da FLM expressaram um compromisso com a ordenação de mulheres, convidando e encorajando umas às outras a trabalhar para alcançar esse objetivo. As decisões de fazê-lo, entretanto, permanecem com as igrejas-membro. Enquanto as igrejas membros trabalham para isso, continuamos a reconhecer uns aos outros como sendo totalmente igreja, e não permitimos que esta pergunta seja um motivo para excluirmos uns aos outros. Essa é a posição que sustentamos até hoje, que tem seus fortes alicerces na maneira como as confissões luteranas definem a unidade entre as igrejas.

À medida que seguimos nessa jornada, damos um testemunho mais completo do evangelho e incorporamos de maneira mais profunda o que Deus veio trazer para o oikos, o mundo como um todo, e para toda a humanidade: a unidade. Essa é a razão pela qual temos que perseguir esse objetivo, um motivo que é profundamente bíblico e fortemente enraizado em nossa compreensão teológica da igreja e do ministério ordenado, conforme definido pelas confissões luteranas.

Você acredita que a FLM deveria liderar as questões de justiça de gênero, não é?

Sim, eu sou um forte defensor da justiça de gênero como um conceito. Também porque aqui novamente acredito que ela tem raízes profundas na Bíblia e no pensamento teológico. Isso se alinha com toda a maneira pela qual Jesus veio ao mundo, falando e incluindo as mulheres, que não eram aceitáveis em seus dias. Ele o fez tendo em vista a chegada da mensagem do reino de Deus a este mundo, que é a mensagem que nos foi confiada para continuar a proclamar ao mundo hoje. Se realmente continuamos esperando o reino de Deus irromper neste mundo continuaremos abordando a questão da justiça de gênero.

Como se pode implementar essa visão nas igrejas locais?

Em 2013, o Conselho da FLM adotou a Política de Justiça de Gênero. Fez isso com o claro entendimento de que sua decisão não tem autoridade legislativa sobre suas igrejas-membro: de acordo com a constituição, a FLM é uma comunhão de igrejas, com cada igreja mantendo sua autonomia e autoridade para tomar decisões. No entanto, essas igrejas também são interdependentes, por causa do chamado de Deus para a comunhão. Portanto, há uma reciprocidade: o que acontece localmente molda seu testemunho global, e o que acontece globalmente afeta o seu ministério local. Autonomia e responsabilidade mútua definem uma relação que precisa de mais reflexão e articulação na vida da FLM.

Mas estou muito satisfeito com a forma como se desenvolveu a recepção local da Política de Justiça de Gênero. É o documento da FLM com o maior número de traduções para os idiomas locais. Sabemos como tem sido adotado nas conferências pastorais e nas reuniões sinodais, afetando também a promulgação das políticas da Igreja. O documento pode ser contextualizado, com as igrejas-membro adicionando suas próprias perspectivas conforme afetadas pelas realidades nas quais testemunham.

No geral, no entanto, estamos cientes de que também há um retrocesso em todos os ganhos que foram feitos nas últimas décadas em relação aos direitos das mulheres e justiça de gênero. As igrejas não estão isentas dessa tendência geral e observamos como as abordagens revisionistas estão surgindo aqui e ali. Dirigimo-nos a esses posicionamentos com o que temos em mãos: o testemunho bíblico e a reflexão teológica que apontam para a justiça de gênero, não simplesmente como um “é bom tê-la”, mas como ¨é necessário tê-la¨.

Como Secretário Geral da FLM, você também é o principal oficial ecumênico: o que lhe dá mais esperança no trabalho pela unidade no mundo cristão mais amplo?

Ser luterano é ser ecumênico e sou extremamente grato pela oportunidade que tive de viver isso em uma posição privilegiada como Secretário Geral. São tantas as boas histórias que eu poderia contar destes últimos 10 anos! Meu mandato começou com a reconciliação entre luteranos e menonitas, que foi muita comovente e poderosa. Lembro-me que fui convidado a falar na Assembleia Geral da Conferência Mundial Menonita e de como essa notícia da reconciliação foi recebida com muita alegria e emoção.

Estou convencido de que o processo com os menonitas também influenciou fortemente o processo ‘Do Conflito à Comunhão’ com a Igreja Católica, caminhando para a comemoração conjunta da Reforma, em 2016, como um evento marcante em nosso relacionamento.

As relações com os anglicanos passaram do diálogo para a cooperação prática e a missão no terreno construindo sobre o que já existia, porque, em última análise, a unidade não é um propósito em si, mas é sobre a igreja se tornar íntegra para o bem da missão de Deus no mundo. Portanto, quando lutamos com questões de unidade estamos enfatizando a importância de estarmos juntos, anunciando e proclamando a mensagem do Evangelho em palavras e ações.

Nesta década, conseguimos completar uma fase de diálogo também com a Igreja Ortodoxa, e estou muito encorajado em ver, nos tempos de COVID, Ortodoxos e Luteranos continuando seu engajamento online em preparação para a próxima reunião plenária.

Em 2017, a FLM assinou o Testemunho de Wittenberg com a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas, afirmando nossa vocação à renovação e cooperação contínuas. E, muito importante, conforme nos movíamos para o aniversário da Reforma em 2017, pudemos ter um bom diálogo com as igrejas pentecostais em todo o mundo.

Em 2018, publicamos os Compromissos da FLM sobre o Caminho Ecumênico para a Comunhão Eclesial, um documento que reafirma fortemente nosso compromisso na jornada em direção à unidade cristã e inclui algumas sugestões muito práticas para a aplicação desses princípios.

Todas essas são dimensões a serem celebradas, assim como a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, que vem se tornando, nos últimos anos, uma plataforma na qual cinco Comunhões Cristãs Mundiais - luteranos, católicos, metodistas, reformados e anglicanos - estão juntos.

Você mencionou a Comemoração Conjunta da Reforma como um marco de sua gestão?

Sim, foi extremamente significativo em muitos aspectos. Quando começamos, nos concentramos em três direções principais, a saber, que o aniversário precisava ser abordado com o entendimento de que a Reforma é hoje um cidadão global, que está em andamento, porque Deus não saiu da história, mas continua a chamar pessoas e comunidades para se tornarem testemunhas, e que o aniversário precisava ser comemorado com um profundo senso de responsabilidade ecumênica.

O aspecto de responsabilidade ecumênica foi vital para garantir que o aniversário não nos levasse de volta ao passado, mas nos convidou a olhar para o futuro. Estou extremamente grato à Igreja Católica, através do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que apoiou o nosso desejo de ir além da nossa história de divisão e violência e de viver na história atual para a qual Deus nos chama. De forma semelhante, outras Comunhões Cristãs Mundiais também se juntaram a nós e nos apoiaram: não podemos ser ecumênicos sozinhos!

A comemoração em Lund (2016), o serviço religioso com o Papa Francisco e o Presidente Younan foi significativo, mas também o foi o evento em Malmö que se seguiu à nossa oração conjunta em Lund: porque entendemos que a nossa aproximação só pode revelar o seu significado mais profundo para a humanidade quando o nosso movimento em direção à reconciliação se tornar um presente de justiça e integridade para as pessoas que estão oprimidas e sofrendo. É por isso que assinamos uma Declaração de Intenções de Cooperação entre o Serviço Mundial e a Caritas Internacional para trabalharmos juntos, onde pudermos, e assim oferecer um testemunho comum de fé e um compromisso com a justiça, a paz e a vida em abundância para todos.

As comemorações do aniversário da Reforma culminaram na Assembleia na Namíbia, não foi?

Sim, e havia tantos atores envolvidos na organização disso. Como Escritório da Comunhão, oferecemos nossa reflexão a partir da posição única de ver a perspectiva global das igrejas. O tema “Libertados pela graça de Deus” leva as primeiras palavras da declaração de visão da FLM: “Libertados pela graça de Deus, somos uma comunhão em Cristo, vivendo e trabalhando juntos por um mundo justo, pacífico e reconciliado”. O tema nos conecta com duas palavras fundamentais da teologia luterana: graça e liberdade. Eu continuo insistindo: uma igreja que proclama as boas novas da justificação, é uma igreja que promove a liberdade como expressão da fé: a justificação e a liberdade são irmãs inseparáveis.

Identificamos três subtemas sob o slogan Não está à venda, que foi o estopim da Reforma no século XVI. Era a questão de saber se a graça, como um dom de Cristo, pode ser transformada em dinheiro. E a resposta luterana permanece inequívoca: não está à venda.

Mas, em vez de revisitar questões de 500 anos atrás, nós os aplicamos ao mundo de hoje e sugerimos três subtemas: a salvação não está à venda, não podemos mercantilizar o desespero e a ansiedade das pessoas pela plenitude de vida, pela paz em suas mentes e corações, e nem o dom gratuito, mas caro de Cristo, que veio para que todos “possam encontrar a vida e encontrá-la em abundância”.

O segundo subtema era: os seres humanos não estão à venda, onde abordamos questões sobre tráfico de pessoas e escravidão, que prevalecem em tantas partes do mundo. Além disso, a subordinação do valor e da dignidade dos seres humanos a um sistema econômico que exclui as pessoas e nações ou regiões inteiras, ao invés de servir as pessoas. Queríamos sublinhar a importância dos direitos humanos como linguagem comum para salvaguardar a dignidade e o valor intrínseco de cada pessoa, hoje tão ameaçados.

E o terceiro subtema era: a criação não está à venda, olhando o que fizemos da nossa relação com o mundo criado. Dependemos dele, fazemos parte do sistema ecológico, mas rompemos, nos isolamos dele com consequências devastadoras: a perda da biodiversidade e a emergência climática. Aqui, novamente, a questão é se pensamos que a criação nada mais é do que um recurso a ser explorado em troca de dinheiro. O que nossa fé diz sobre os seres humanos como parte do mundo criado? Quais são os limites, responsabilidades e tarefas que vêm com isso?

Você enfatiza cada vez mais a importância de testemunhar no espaço público sobre essas questões cruciais, não é?

Sim, e deixe-me referir aqui às raízes teológicas do que estamos tentando fazer no espaço público. A encarnação de Deus em Cristo foi um passo fenomenal neste mundo para transformá-lo no que Deus deseja que este mundo seja. Uma igreja que se retira, se retrai, às vezes odeia esse mundo, que Deus tanto amou, é uma igreja que, creio eu, está no caminho errado. Nosso ministério é sobre um mundo que Deus ama e quer ver transformado para que a vida possa florescer, para que a paz - shalom - seja plantada firmemente em nossos relacionamentos. Essa é a missão da qual a igreja participa, para a qual é chamada, e isso equer que a igreja esteja aberta. Porque o espaço público é um espaço aberto. Basta ler o que Jesus costumava fazer: ele raramente estava nos lugares religiosos, mas na maioria das vezes ele estava nas aldeias, procurando situações que precisavam urgentemente de uma palavra e uma presença inspirada pelo reino de Deus. Acredito que este é o espaço que a igreja também precisa estar.

Olhando para trás agora, quais são as maiores alegrias e desafios que você enfrentou?

Sobre os desafios, haveria muitos para citar. Mas gostaria de dizer isso enquanto me preparo para deixar o cargo: este será um momento de aceitar o que ainda está por fazer, os canteiros de obras inacabadas e de confiar que outros estão entrando com novas ideias, novas energias e uma nova visão para continuar o trabalho. No final, isso não é nosso, mas trata-se da obra de Deus, e o que Deus fez e continua a fazer com e entre as igrejas luteranas neste tempo.

As alegrias também são incontáveis. Você não pode imaginar como me sinto privilegiado por ter tido esta oportunidade única de servir à FLM como seu Secretário Geral. A esta altura, estou mais convencido do que nunca de que, se a FLM não existisse hoje, ela precisaria ser fundada. Imediatamente! Por causa do que Deus está fazendo neste mundo.

Por ser uma pessoa de esperança, quero mencionar uma alegria especial, que também é uma ação de graças: os jovens da FLM têm sido uma bênção. Eles trouxeram muita vida, esperança e energia para nós. Eles nos ajudaram a entender que a justiça climática é uma questão de justiça entre as gerações: que o jardim que herdamos, não seja transformado num deserto. Que a terra que desfrutamos hoje não será a terra que nossos filhos poderão desfrutar.

Você tem uma mensagem para passar a nova Secretária Geral?

Reitero a mensagem que tenho transmitido repetidamente ao Conselho da FLM, muito em linha com o que acabei de dizer: há uma vitalidade, sustentabilidade e resiliência incríveis na FLM, porque o chamado de Deus para as relações de comunhão permanece forte e vigoroso, e o Espírito Santo nos ajuda a manter nossos corações e mentes abertos a esse chamado. Portanto, nossa tarefa não é criar nada, mas construir sobre o que já existe, pela graça de Deus, para fazê-lo florescer e crescer com base no que podemos trazer como um testemunho cristão para o mundo. Um mundo com dor, um mundo em conflito, um mundo com medo. Apesar disso, um mundo que ainda está nas mãos de Deus.

LWI / P. Hitchen

O P. Dr. Martin Junge deixa o cargo de Secretário Geral da FLM em 31 de outubro de 2021. Ex-presidente da Igreja Evangélica Luterana no Chile, ele foi o primeiro latino-americano a ocupar o cargo de Secretário Geral da Comunhão Global de Igrejas Luteranas. Ele foi eleito pelo Conselho da FLM em 2009, assumiu o cargo em 1º de novembro de 2010 e foi nomeado pelo Conselho para um segundo mandato em 2017, permanecendo 11 anos na função.

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