Os Leões e a Arca

27/04/2007


1 Pedro 5.5-11

Tento imaginar o porquê de Pedro ter se voltado aos jovens de maneira especial no final de sua primeira carta. E mais: parece estar bastante preocupado com eles. Pedro os previne, utilizando a figura de um leão que anda ao redor rugindo, buscando alguém para devorar.

Quando existe um leão rondando, ou vários deles, não é momento para descontração! Certamente Pedro via alguns leões em sua época. Quais seriam os da nossa?

Creio que os leões do nosso tempo são muito perspicazes e com habilidades surpreendentes para não serem notados. Um deles, muito sagaz, age dentro dos espaços do templo, do culto, da emoção e atinge aquilo que nos é mais precioso e perigoso: nossa auto-estima. Este leão utiliza como matéria-prima as nossas frustrações, receios, anseios, recalques, vaidades e sede de poder e, a partir disso, nos fascina com os encantos que deveriam ser naturais, como o aplauso e o elogio.

Muitos jovens estão se deixando levar pelas “garras” dos shows que acontecem dentro das igrejas, porque nosso inimigo sabe que não há nada mais atraente do que um pequeno reconhecimento para quem já foi pisoteado pela vida – e igreja é mesmo lugar de cura emocional – mas isto tem que acontecer de maneira certa. O engano faz com que muitos jovens caiam na tentação de colocar-se no lugar d’Aquele que merece toda a atenção, todo o aplauso, toda honra e toda glória. Isso é tão notório que, basta alguém questionar de alguma forma as “apresentações” nas igrejas, para as garras desse leão aparecerem!

Existe também o leão que leva a pessoa a contrariar tudo o que está feito. Normalmente é a juventude que vive o drama de achar que tudo está errado! Isto não é diferente nas comunidades de fé! Para quem está aprendendo, é comum o questionamento, mas o que freqüentemente se vê é um questionamento vazio, sem propósito, sem ponderação, sem aprofundamento, a tudo o que está instalado! O leão do “não”, pelo simples prazer de contrariar, é um assassino de muita gente descuidada!

Um leão que cresceu bastante, e com uma saúde admirável, à custa de muito alimento, é um bem mais silencioso. Ele ronda, procurando, e com freqüência conseguindo, tirar não somente dos jovens, mas de um bom número de cristãos, a essência maior do cristianismo, ou seja, a Graça de Deus.

De muitas formas vemos a Graça, presente formidável que Cristo nos oferece, ser substituída pela Arca, que contém a Lei, o sacrifício. Repetidamente vemos pessoas voltando a contextos do Antigo Testamento, cantando a guerra, a escravidão, o preço a ser pago, a fazer novas alianças, etc. Dando ao culto cristão uma mensagem equivocada, como se Cristo ainda não tivesse vindo, morrido, nos tirado daquele jugo e nos livrado da escravidão. Ao invés de lermos o Antigo Testamento a partir do Novo, invertemos a ordem das coisas, lendo o Novo, a partir do Velho, correndo atrás da Arca, da Lei! (Nilson da Silva Junior)

Precisamos cantar, falar e viver a Graça que Cristo nos deu! Temos que pensar no próximo, como alvo da Graça que temos em Jesus! Se não, se Cristo não morreu, como diz o apóstolo, é vã a nossa fé!

Lauri R. Becker
Pastor Sinodal
Sínodo Mato Grosso



Autor(a): P. Lauri R. Becker
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8095
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