Aprendemos como bons luteranos que Deus nos ama incondicionalmente independente dos nossos erros ou acertos. Os teólogos chamam isto de “justificação por graça e fé”. Na essência significa que Deus e seu amor não se compra com nenhum dinheiro do mundo mas chega de graça até nos através de Jesus Cristo.
A partir desta base ganhamos muita liberdade na vida sobretudo no que diz respeito de o que fazer com os nossos bens.
O Apóstolo Paulo está com o desafio precisar arrecadar uma oferta para a comunidade empobrecida de Jerusalém. Acredito que, ao apresentar a ideia em Coríntios deve ter recebido reações nada positivas.
Mas Paulo é corajoso deixa isto muito claro: “Cada um dê conforme decidir em seu coração...” Mas co-mo está o nosso coração?
É verdade que Deus nos declara justos porque nos ama, mas isto só podemos sentir se aceitarmos dar o fruto desta justiça. Quem nega dar fica bloqueado na questão da fé. Pode semear com mesquinhez mas não pode depois reclamar de viver uma vida mesquinha, cinzenta, uma vida que fica aquém do que poderia ser e do que a princípio almejamos como uma vida de alguém que vive sua fé.
Há um mistério que se processa em nossos atos na prática do amor: “Deus ama quem dá com alegria.” Nossa obra de justiça não nos salva mas ela faz com que possamos sentir algo do amor de Deus. Deus só se faz sentir quando saímos da toca e começamos a praticar o que a fé nos sugere: A dar frutos da justiça.
Quais seriam estas obras da justiça? Sem dúvida tudo o que nos chamamos “a prática do amor ao próximo.” Mas neste contexto especial isto se expressa em primeiro lugar pondo a mão no bolso. Paulo sugere aos seus corintianos que eles ficariam mais distantes do amor de Deus fechando seus bolsos.
Creio que também vale para nos. É de olhar com ceticismo aquela fala tão comum: “Já faço muito em outros contextos por isso não preciso dar aqui.” A rigor, cristão que não ama a sua comunidade, sua igreja e separa algo para ela, tem um problema no coração da sua fé e podemos suspeitar que isto reflete em sua vida. Quem expressa seu amor a sua igreja e aceita, entre outros, a por a mão no bolso sentirá isto com abrangência em toda sua vida. “Deus ama quem dá com alegria.”
E este amor se expressa em primeiro lugar na participação em atividade, sobretudo no culto e na contribuição regular, todo resto é secundário. Não depende da necessidade de pagar contas na comunidade mas é da natureza de sermos cristãos.
Mas de onde vem toda esta dificuldade de se doar, de tirar algo do seu? Paulo nos dá uma dica: ...Deus pode enriquecer vocês com toda espécie de graças, para que tenham sempre o necessário em tudo e ainda fique sobrando alguma coisa para poderem colaborar em qualquer boa obra,....(v.8) A sensação de riqueza vem da graça de Deus.
Pessoas não se sentem capazes de partilhar porque sentem-se separadas da abundância da graça de Deus. Vivem a sensação que a vida lhes ficou devendo algo. Este sentimento independe da riqueza concreta. E aí fica difícil por algo em comum. O remédio para isto é a graça de Deus, a prédica do amor incondicional de Deus. Deus nos amou primeiro. Ele pode fazer abundar em nossa vidas. Uma outra palavra mais prática aqui diz: “A contribuição nunca fará falta.”
Isto porque expressa-se através dela que a vida sempre é presente e não propriedade. …E vocês ficarão enriquecidos de todos os modos para praticar toda espécie de generosidade, que provocará a ação de graças a Deus...(v.11) Quando a vida é encarada a partir desta ótica isto gera gratidão e por consequência generosidade. Em nossa pequena história da Capela de Cristo temos o testemunho vivo disto. Que este lugar existe é prova da graça de Deus que já abundou aqui. Deus mexeu aqui com o coração de pessoas que puderam experimentar a verdade da palavra: “Deus ama quem dá com alegria.” Obrigado! Amém.
P. Guilherme Nordmann