Oração e trabalho: chave para a práxis diaconal

Jubileu dos 500 anos da Reforma

06/09/2017

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Irma
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“Ao orarmos, Senhor, vem encher-nos com teu amor, para o mundo agitado esquecer, cada dia a tua vida viver” (HPD 423).


     O equilíbrio entre oração e trabalho era vivido em mosteiros na época da reforma. Lutero adotou essa prática e a recomendava às comunidades da igreja reformada, dizendo “ora et labora”, que significa orar e trabalhar.

     A prática tem origem nos ensinamentos bíblicos, pois Jesus transitava entre a planície, para estar com as pessoas, e a montanha, para orar e estar com Deus (Mt 14.23). Analisando as nossas vidas, certamente nos damos conta de que não conseguimos ficar o tempo todo em serviço, sem as devidas paradas que a nossa natureza exige. Por outro lado, também não conseguimos ficar o tempo todo em meditação e oração, excluindo de nossas vidas o movimento de servir e trabalhar.

     Equilibrar oração e trabalho é essencial para o que chamamos de “práxis diaconal”. A “práxis diaconal” pressupõe uma rotina espiritual diária, em que a comunhão com Deus por meio de meditação e oração é essencial. É ela que modela nossas vidas de acordo com a sabedoria e os ensinamentos de Jesus, aprimorando a atitude do servir transformador. Esse servir pode acontecer na família, na comunidade e na sociedade, mediante diferentes serviços ou ações profissionais.

     Toda ocupação e profissão pode ser transformadora, desde que combine oração e trabalho e esteja a serviço do bem da humanidade. Dessa forma, a “práxis diaconal” vivida nas comunidades e nas suas instituições diaconais é transformadora. Ela pode acontecer na área da saúde, da educação, da assistência social, da cultura, do meio ambiente e de movimentos a favor da vida e da cidadania. O Centro Social Heliodor Hesse (CSHH), da Paróquia do ABCD, atua principalmente na área da assistência social. Esta área nos últimos anos conquistou uma nova lógica, na medida em que sua legislação a colocou no campo do direito enquanto política pública. Exige, portanto, envolvimento ético, político e técnico, em que as instituições das igrejas e da sociedade civil em geral exercem o seu protagonismo e sua “práxis diaconal”.

     A certeza da presença de Deus na atitude de orar e servir, de forma solidária e coletiva em todas as áreas, ajuda a manter o entusiasmo e a vencer as dificuldades. Lutero deu exemplo. Com entusiasmo, força e coragem, lutou contra as adversidades da sua época, proporcionando à população acesso aos ensinamentos bíblicos. Estimulou a educação e a criação de escolas e certamente hoje estimularia a criação de centros diaconais em nosso contexto. Ao nos aproximarmos de sua obra, surge a pergunta: como Lutero teve entusiasmo, força e coragem para tamanhas realizações? É consolador e animador saber que a comunhão com Deus que o fortalecia e o encorajava também está acessível a nós. A força, que surge da combinação entre oração e trabalho, nos dá respostas e pistas para prosseguirmos na jornada e é a chave para a “práxis diaconal”. 


Autor(a): Irma Schrammel
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: ABCD (Santo André-SP)
Natureza do Texto: Artigo
ID: 43445
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