Onde está Deus? Como pode Deus permitir?

Duvidar de Deus não significa negação de Deus.

03/12/2021

Prezada Comunidade reunida
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Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo esteja entre nós. Amém.
No ano 539 a.C. o rei persa Ciro conquistou enormes porções de território que iam do Mar Mediterrâneo até a Asia Central. Ele se tornou o senhor do maior império já visto até então. Ciro derrotou o império babilônico e permitiu que todos os exilados voltassem aos seus países. Havia uma grande expectativa nos exilados de Israel. Depois de 50 anos na Babilônia, finalmente eles poderiam voltar. O profeta Isaías – no capítulo 45 -exalta o imperador persa como o ungido de Deus e o libertador de Israel. Essa onda de entusiasmo por um novo tempo fazem os profetas Ageu, Neemias e Zacarias dizerem que a prioridade – assim que o povo voltasse para Israel – deveria ser a reconstrução do Templo. E assim aconteceu. Em apenas 5 anos eles reconstruíram o templo de Jerusalém. Mas a benção que viria pela reconstrução da “Casa de Deus” entre seu povo, conforme anunciavam os profetas não aconteceu! Malaquias faz parte dessa geração que já tem o Templo reconstruído, que diz ter confiado em Deus, mas as coisas não melhoraram como eles esperavam.

Algumas pessoas dizem que Deus só favorece as pessoas que fazem o mal, contrariando Dt 25.16 onde diz sobre Deus que “ele detesta todos aqueles que fazem essas coisas desonestas”. O profeta Malaquias escuta muitas pessoas dizerem: Onde está o Deus do juízo? Não valeu a pena servir a Deus. Não adiantou nada a gente fazer o que o Senhor todo Poderoso manda ou vestir roupas de luto para mostrar que estamos arrependidos. É fácil notar que os orgulhosos estão felizes e a gente vê que tudo dá certo para os maus. Quando eles põem o Senhor à prova, eles não são castigados. (Ml 3.14-15).
Não é a primeira vez que esse tipo de frustração e de reclamação aparece na Bíblia. No livro de Jó, lemos no capítulo 21, que os maus cantam e se divertem, e ele se pergunta: Por que será que os maus continuam vivos? Por que eles chegam à velhice? Eles têm filhos e netos e vivem para vê-los bem crescidos ao seu redor. Nada ameaça a segurança dos seus lares e Deus não os castiga. O seu gado produz sem problemas, dando crias sem nunca abortar. Os seus filhos correm como carneirinhos e pulam de alegria, eles cantam e se divertem ao som de pandeiros, liras e flautas. Os maus têm sempre do bom e do melhor e morrem em paz, sem sofrimento. No entanto, a Deus eles dizem: Deixa-nos em paz, não queremos saber das tuas leis. Quem é o Deus Todo-Poderoso para que o adoremos? Que adianta fazer as orações a ele? Os maus dizem que progridem por seus próprios esforços, mas eu não aceito o seu modo de pensar. (Jó 21.7-16)

O profeta Habacuque também escreveu assim:
Ó Deus, até quando clamarei pedindo ajuda e tu não me atenderás? Até quando gritarei: VIOLENCIA e tu não nos salvarás? Por que me fazes ver tanta maldade? Por que toleras a injustiça? Estou cercado de destruição e violência, há brigas e lutas por toda parte. Por isso ninguém obedece a lei e a justiça nunca vence. Os maus levam vantagem sobre os bons e a justiça é torcida. (Hc 1.2-4).

O profeta Malaquias também escuta essas mesmas reclamações contra Deus. As pessoas dizem: Nós confiamos em Deus, mas Deus não nos trata como merecemos. Por isso, o profeta diz: Enfadais o Senhor com vossas palavras e ainda dizeis em que o enfadamos? Ou na Bíblia na linguagem de hoje diz: Vocês falam demais e o Senhor está cansado de toda essa conversa (3.1). Pois as pessoas que pensam serem corretas e melhores do que as outras, na verdade também não são tão boas assim. Há muitos que dizem servir a Deus, mas também não fazem isso com atitudes honestas e transparentes. Muitos sacrificam animais defeituosos (1.8,13) e a sonegam os dízimos e dádivas ao templo, consultam os feiticeiros, (os gurus,) são os adúlteros (seguem outros deuses), juram falso, exploram os trabalhadores e negam os direitos dos órfãos e dos estrangeiros que vivem com vocês. Portanto, a maldade também está presente naqueles que se consideram bons.

Por isso, o profeta Malaquias diz que a questão não é entre bons e maus. Todos – bons e maus – estão tomados pela maldade, pela trapaça. Mas o Senhor não está indiferente. Por isso, ele virá – de repente. O aparente êxito dos maus não vai lhes salvar do juízo de Deus. Mas também o relaxamento dos bons não vai passar despercebido por Deus. Diante de Deus – tudo se revela. O fogo vai purificar os maus, mas o sabão também vai lavar os “bons”. O Senhor Todo-Poderoso conhece a todos e ele diz:
Eu virei julgá-los. E darei sem demora o meu testemunho contra todos os que não me respeitam.

Estimados irmãos e irmãs, é impressionante ver como a palavra de Deus ainda fala conosco, mesmo depois de 2.500 anos depois.
Quando trazemos esse texto para os dias de hoje, também encontramos pessoas que dizem: O que é que a gente ganha sendo bom? Deus não se importa com o que as pessoas fazem. Por isso, podemos também fazer o mal. Ora, Deus já prometeu que viria para julgar os povos e até agora nada! Onde está o juízo?
Mas será que para Deus tudo dá igual? O profeta Habacuque diz: Os olhos de Deus são puros demais para olhar e tolerar o mal; Deus não suporta ver as pessoas cometendo maldades (Hc 1.13). Por isso, Deus enviará o seu mensageiro para dizer que o aparente bem-estar dos maus, será comparado a calmaria do vento antes de uma grande tempestade. Desta forma, o profeta Malaquias anuncia a vinda de um mensageiro de Deus – que se realiza em João Batista - que veio para pregar a necessidade de arrependimento e penitência: Arrependam-se dos seus pecados, porque o Reino do céu está perto (Mt 3.2). Deus não é indiferente ao mal. O aparente silêncio de Deus diante do êxito da maldade, não significa indiferença de Deus. Quando menos se espera, o juízo de Deus estará aí e os que achavam que estavam seguros e que eram poderosos, vão perder tudo o que tem.

As injustiças desse mundo e situações de sofrimento pessoais fazem muitas pessoas duvidar de Deus. E quem não tem dúvida? Ouvimos pessoas cruéis falarem em nome de Deus. Alguém perde a vida num acidente ou por causa de uma bala perdida, ou então uma pessoa jé acometida de uma doença grave e mortal: seus familiares dizem: Onde está Deus? Como pode Deus permitir?

Duvidar de Deus nem sempre significa negação de Deus. O v. 5 mostra que, na verdade, não é a dúvida que enfada Javé, mas o mau procedimento. Duvidar de Deus e questioná-lo é permitido. Ações injustas, no entanto, é que não são toleradas. E atitudes injustas podem ser vistas também entre pessoas que dizem adorar e respeitar a vontade de Deus.

Se nos perguntássemos: Por que esse texto foi escolhido para a pregação nesse segundo domingo de Advento? A resposta poderia ser porque a profecia de Malaquias ainda não está totalmente cumprida. Veio o mensageiro preparando o caminho (João Batista). Veio o Messias (Jesus Cristo). Mas ainda não veio o juízo.

Se o juízo de Deus ainda não veio, é porque Deus ainda está nos dando a oportunidade de revisar nossas vidas. Por isso, é importante ouvir o chamado ao arrependimento. Deus não se alegra com a morte da pessoa pecadora, mas ele se alegra quando o pecador se arrepende e abandona a maldade.
Portanto, a mensagem de hoje é que o juízo de Deus virá – isso é certo – e virá de repente. Esse juízo tem sido anunciado muitas vezes na Bíblia. No dia do juízo vai se revelar quais foram as pessoas abençoadas por Deus e aquelas que conseguiram um bem estar por conta de suas atitudes maldosas. Por isso, para uns o dia do juízo de Deus será um dia de alegria, enquanto para que para outras pessoas será um dia de choro e ranger de dentes.

Nesse Advento, mais uma vez Deus anuncia que vai abrir os céus e que virá fazer sua morada no meio das pessoas. A morada de Deus já não será no templo de Jerusalém, mas o templo de Deus será o nosso coração, a nossa família, a nossa igreja e até mesmo na sociedade. Jesus vem até nós, mas é necessário que nós saiamos ao seu encontro e o recebamos. Portanto, nossa tarefa é nos empenhar para que em todos esses espaços haja lugar para a vontade de Deus e a morada de Jesus entre nós.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo permaneçam entre nós. Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Antigo / Livro: Malaquias / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 4
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 65475
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